Contradição ||Endrick F. (1° Livro da saga Buoni Demoni)

3| Vou ter que concordar...

       Acordei com o som suave da voz de Bryan ao meu lado, ainda meio confusa, piscando algumas vezes para me situar.

       — Bom dia! — Ele disse com um sorriso tranquilo, como se não houvesse pressa no mundo.

       — Bom dia... — murmurei, ajeitando o travesseiro enquanto ainda tentava me livrar do sono. Ver Bryan ali, tão confortável ao meu lado, trazia uma certa paz. — Dormiu bem?

       — Sim, e você? — Ele me olhou com aquele jeito calmo, sempre observando, sempre preocupado.

       — Dormi... — Suspirei, sem saber exatamente como responder. Havia tanta coisa na minha cabeça, tanto peso no coração, que dizer "bem" não parecia exatamente verdade. — Dormi, sim.

       Fizemos nossas higienes matinais em silêncio, um silêncio confortável, mas ainda assim carregado de coisas não ditas. Troquei de roupa, tentando ignorar a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer, e descemos juntos para tomar café. Estávamos no meio da escada quando senti meu celular vibrar. Olhei o visor e vi o nome do Vini Jr. piscando. Meu estômago deu uma revirada.

       — Oi — atendi, tentando esconder a surpresa na voz.

       — Oiii, finalmente acordou! E aí, como você tá? — A voz dele era sempre animada, sempre cheia de energia, mas hoje parecia que havia algo mais.

       — Bem, graças a Deus... Mas como você ficou sabendo que eu voltei? — Perguntei, desconfiada.

       — Perguntei ao Bryan, mas ele só me contou porque eu tenho uma proposta pra você.

       Olhei de lado para Bryan, que disfarçou olhando para o outro lado, claramente esperando a minha reação.

       — Proposta? Conte-me mais — disse, agora curiosa.

       — Bom... Ele me falou que você estava esperando o momento certo para anunciar sua volta, então pensei: por que você não anuncia numa festa que eu e o Rodrygo estamos organizando aqui em Madrid?

       Meu coração acelerou um pouco. A ideia não era ruim, pelo contrário, era exatamente o tipo de coisa que me ajudaria a dar um retorno triunfal.

       — Não seria uma má ideia... — disse, tentando conter um sorriso. — Eu vou!

       — Ótimo! O tema da festa é gala, e vou te pedir um favor: vá de preto.

       — Preto? — perguntei, já imaginando o vestido perfeito na minha cabeça.

       — Isso mesmo. Prepara que vai ser épico. Até lá, italiana!

       — Até, Vini! Tchau! — desliguei, sentindo uma pequena onda de animação me envolver.

       — Quem era? — Bryan perguntou, embora já soubesse a resposta.

       — Vini Jr. Ele tá me convidando para uma festa que ele e o Rodrygo estão organizando em Madrid.

       — Entendi — ele disse, tentando parecer inocente.

       — Você é um boca de sacola! Poxa, pedi segredo! — brinquei, dando um tapinha no braço dele.

       — Foi mal, foi mal... Mas, pensa pelo lado bom, foi uma boa proposta, né?

       Suspirei, olhando para ele. Bryan sempre tinha essa maneira de transformar tudo em algo positivo.

       — Vou ter que concordar... — Sorri, balançando a cabeça.

       Tomamos o café da manhã às pressas, porque já estávamos quase atrasados. Quando chegamos à cozinha, encontramos meu tio e o pessoal do time já lá.

       — Bom dia! — Ele disse, com aquela voz sempre animada.

— Bom dia! — respondemos juntos.

— Dormiram bem?

       — Sim, e tenho boas notícias — falei, já imaginando a reação dele.

       — Que ótimo! Conta pra gente! — Ele se inclinou na cadeira, curioso.

       — Fui convidada para uma festa que o Vini Jr. e o Rodrygo estão organizando. E... vou anunciar minha volta lá!

       — Maravilhoso! — Meu tio sorriu com orgulho. — Isso vai ser incrível!

       Tomei o resto do café com uma sensação boa, misturada com uma leve ansiedade. Estava tudo acontecendo rápido, e eu só esperava estar pronta para o que viesse.

       Depois do café, levei os meninos para o treino, pois hoje era dia de final. O clima estava pesado, todo mundo nervoso, e eu sabia o quanto isso significava para o time.

[...]

       — Vamos, meninos! Força! — gritei da lateral do campo, tentando animá-los.

       — Ninguém aguenta mais! — Rony reclamou, suas mãos nos joelhos, respirando pesado.

       — Vocês são um bando de macho frouxo, nem faz duas horas de treino! — disse, cruzando os braços e tentando segurar o riso.

       — Dá um descanso, por favor! — Outro jogador pediu, quase implorando.

Suspirei, olhando o estado deles.

— Tá bom, cinco minutos. Mas só cinco!

       Eles caíram no gramado como se tivessem sido libertados de uma prisão, e eu aproveitei para respirar fundo. O treino estava intenso, mas eu sabia que eles precisavam disso para estarem prontos. Cada final de campeonato era uma guerra, e não dava pra relaxar agora.

[...]

       Com o treino finalmente encerrado, todos voltaram para o hotel para se preparar para a grande partida no estádio. Peguei minhas coisas e fui com eles, já sentindo a adrenalina começar a subir. Hoje era dia de decisão, e nada podia dar errado.