29| Dorme aqui, por favor.

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♪ →" [...]

Talvez seja uma benção disfarçada

(Eu me vejo em você)

Eu vejo meu reflexo em seus olhos

( Me diga que você vê também)

[...] " ♪

Reflections - The Neighbourhood

        ESTÁVAMOS SENTADOS no chão, nossas costas apoiadas no sofá, com os olhos voltados para a chuva que escorria pela parede de vidro

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        ESTÁVAMOS SENTADOS no chão, nossas costas apoiadas no sofá, com os olhos voltados para a chuva que escorria pela parede de vidro. O som suave das gotas batendo contra o vidro preenchia o ambiente, mas ao mesmo tempo, o silêncio entre nós era palpável, quase sufocante.

— Você disse que eu nunca havia falado sobre o que aconteceu antes de me tornar quem sou agora, e eu prometi que, no momento certo, contaria. — A voz dela era suave, quase abafada pelo ritmo constante da chuva. — Talvez esse momento nunca chegue como eu gostaria, mas acho que está na hora de esclarecer algumas coisas.

Meu peito se apertou ao ouvir isso. Eu sabia que ela estava prestes a abrir uma ferida profunda, e o peso de suas palavras já pairava no ar.

— Estou ouvindo — murmurei, tentando demonstrar apoio, mesmo que por dentro eu estivesse apreensivo.

Ela respirou fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem possível para continuar. E então, finalmente começou.

— Antes da primeira revolta, minha vida parecia normal, ao menos para mim. Eu tinha amigos, uma casa boa... tudo o que uma criança sonha ter. Quando nos conhecemos, você comentou: "pelo visto, temos os mesmos melhores amigos." — Ela esboçou um sorriso, mas era triste, vazio, carregado de lembranças amargas. — É verdade. Mas a diferença é que conheço Raphael e Giovani há muito mais tempo que você. Eu sou a caçula do grupo, eles literalmente me viram nascer.

Ela parou por um momento, fitando a chuva com olhos distantes, como se estivesse revivendo cada memória. O silêncio voltou, mas era pesado, tenso. Eu senti a dor em cada palavra que ainda não havia sido dita.

— Nossas famílias... — a voz dela falhou por um momento, como se a memória fosse um peso difícil de carregar. — Eram inseparáveis. Os D'Angelo Ferreira, os Cavalcante Veiga, os Amorim Santos e os Petrova Bianchi. A amizade entre nós era algo que durava gerações. E éramos os herdeiros dessa conexão: Raphael, Giovani, Oliver e eu.

Quando ela mencionou “Oliver e eu”, seu tom mudou drasticamente. As palavras pairaram no ar como uma lâmina suspensa, afiadas com uma dor que parecia velha, mas ainda viva. Uma dor profunda, que ela havia enterrado por tanto tempo que talvez nem soubesse como enfrentá-la. Eu podia sentir isso. Algo no modo como ela pronunciou o nome de Oliver... algo sombrio estava por vir. Algo que mudaria tudo.

Contradição ||Endrick F. (1° Livro da saga Buoni Demoni)Onde histórias criam vida. Descubra agora