4| Você vai para Madrid?

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     — Meninos, peço que confiem em mim, assim como confio em vocês

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     — Meninos, peço que confiem em mim, assim como confio em vocês. Estamos em uma final, e perder não é uma opção. Quero ver esforço máximo em campo, porque quero essa vitória tanto quanto vocês. Ninguém vai ser substituído, a menos que esteja machucado, sangrando ou não jogando bem. Então, vamos para cima e façam o melhor! — A voz que saiu de mim era firme, mas internamente, eu me sentia prestes a desmoronar. O peso da responsabilidade parecia uma corrente invisível apertando meu peito. Quando saí do círculo de jogadores, os aplausos que ouvi pareciam ecoar em um vazio. Por dentro, eu sabia: o verdadeiro desafio ainda estava por vir, e ele não era só sobre futebol.

       Enquanto eles seguiam para o campo, me afastei, sentindo o peso da decisão de ficar para trás. Tranquei-me no vestiário, tentando manter a compostura, mas meus olhos estavam grudados na tela da TV. Meu coração batia forte demais, tão forte que eu podia sentir as batidas nas pontas dos dedos. Assistir de longe era uma tortura. Eu não tinha controle, não podia fazer nada além de torcer, sentindo a tensão aumentar a cada segundo.

       Aos 20:43 do primeiro tempo, uma explosão de alívio me atravessou quando Breno Lopes finalmente abriu o placar. O gol foi um momento rápido, um chute certeiro seguido de um rebote bem aproveitado. Mas mesmo aquele momento de vitória era tingido de ansiedade. Eu sorri, mas o sorriso desapareceu rápido. Ainda havia tanto pela frente.

       Fim do primeiro tempo: Palmeiras 1x0 Cruzeiro.

       Quando os jogadores voltaram para o vestiário, a sala parecia pequena demais para conter minha ansiedade. Meus pensamentos eram caóticos, e o ar parecia rarefeito. O título estava tão perto, mas o medo de perder o controle me atormentava.

       — Estou feliz com o esforço de vocês, mas ainda temos muito jogo pela frente. Não podemos contar vitória antes da hora. Continuem atentos e deem tudo de si. — Eu tentava soar confiante, mas meu nervosismo transparecia, o leve tremor nas mãos me denunciava. Sentia-me vulnerável, como se o destino daquele título estivesse fora do meu alcance.

       O segundo tempo começou, e cada movimento no campo parecia se arrastar em câmera lenta. Então, aos 34:17, o Cruzeiro empatou. O camisa 10 acertou em cheio. Foi como se todo o ar tivesse sido sugado do ambiente. Meu coração afundou. Aquele gol me atingiu em cheio, como uma pedra no peito. Agora, era tudo ou nada.

       As tentativas de recuperar o placar se sucediam, mas nada parecia funcionar. Eu estava à beira do colapso, minhas unhas cravando nas palmas das mãos enquanto cada segundo se arrastava até o apito final. Cruzeiro 1x1 Palmeiras. O alívio veio de forma amarga. O título era nosso, mas pela pontuação no campeonato, e não pela vitória no campo.

       O elenco comemorava, gritos de euforia enchiam o vestiário. Eles pulavam, riam, levantavam a taça, e eu os observava com uma mistura de orgulho e... solidão. Fiz parte disso, sabia que era importante para eles, mas o vazio dentro de mim parecia crescer. Queria estar com eles, abraçá-los, gritar junto, mas a sensação de distância era insuperável. Eu estava presente, mas ao mesmo tempo tão longe.

Contradição ||Endrick F. (1° Livro da saga Buoni Demoni)Onde histórias criam vida. Descubra agora