5| Deus te ouça.

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2 meses depois

       Já se passaram dois meses, assumi minha carreira como treinadora mas não publicamente, e para falar a verdade, está sendo bem difícil despistar a mídia

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       Já se passaram dois meses, assumi minha carreira como treinadora mas não publicamente, e para falar a verdade, está sendo bem difícil despistar a mídia. Pedi para todos que não falassem com absolutamente NINGUÉM sobre a minha volta.

Enquanto eu subia as escadas atrás de Raphael, observei as paredes brancas e os detalhes da decoração que eu tinha escolhido com tanto cuidado. Cada objeto ali, cada móvel, cada detalhe refletia a paz que eu tanto buscava, mesmo sabendo que, internamente, ainda havia um caos que não me deixava descansar.

       Em comparação às casas que há nesse condomínio, a minha é a menor.

       — Onde eu coloco isso? — Raphael perguntou, carregando a pesada caixa de livros.

       Ele estava visivelmente cansado, com algumas gotas de suor escorrendo pela testa, mas ainda assim, sempre disposto a ajudar.

       — Lá em cima no escritório — respondi, apontando com a cabeça.

       Enquanto ele subia com esforço, o peso físico da caixa parecia nada comparado ao peso emocional que eu carregava. A casa, por fora, era imponente, mas por dentro era um refúgio. Um espaço projetado exatamente para me proteger daquilo que eu ainda não estava pronta para enfrentar: o mundo lá fora.

       Segui Raphael até o terceiro andar e o observei abrir a caixa. Ele pegou um dos livros e analisou a capa, com curiosidade.

       — Isso é uma saga? Parece ser boa — comentou, passando os dedos pela lombada de um dos livros.

Sorri, um raro momento de leveza.

       — Sim. É a melhor saga de livros que já li. — Me aproximei dele, pegando o livro de suas mãos. — Cada página me trouxe uma fuga, uma distração quando eu mais precisava.

       Raphael me observou por alguns segundos, seu olhar tentando decifrar o que se passava dentro de mim. Sabia que ele estava preocupado, mas não queria falar sobre isso naquele momento. O silêncio que se seguiu foi confortável, como se não precisássemos dizer nada. Ele entendia meus silêncios, e isso era reconfortante.

       Fui até a varanda do escritório e me apoiei no vidro, olhando o horizonte. O céu estava pintado de tons laranja e rosa, e por um momento, senti uma paz que há muito tempo não sentia. Aquele silêncio, a tranquilidade, era tudo o que eu tinha desejado desde que minha vida tinha se tornado um turbilhão de eventos incontroláveis.

       — Logo isso vai acabar — disse Raphael, parando ao meu lado. Seu tom era sério, mas sem perder a leveza.

       Suspirei, sentindo uma mistura de alívio e temor. Sabia que ele estava certo, que esse tempo de calmaria era apenas temporário.

Contradição ||Endrick F. (1° Livro da saga Buoni Demoni)Onde histórias criam vida. Descubra agora