18| Você que manda, marrenta

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APÓS O almoço, o refeitório ainda estava cheio de vozes e risadas, mas tudo parecia abafado ao redor de mim

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APÓS O almoço, o refeitório ainda estava cheio de vozes e risadas, mas tudo parecia abafado ao redor de mim. Peguei meu prato e me dirigi a uma mesa no canto esquerdo, um refúgio silencioso. Ao me sentar, minha mente ainda rodava entre os treinos, o ambiente carregado e... Endrick. Sempre ele, de algum jeito, invadindo meus pensamentos.

— Posso me sentar aqui também? — A voz de Richard me tirou do transe. Ele estava ali, sorrindo gentilmente.

— Claro — respondi, tentando afastar o peso dos pensamentos.

— Feliz aniversário. — Ele sentou-se ao meu lado, começando a comer. Agradeci de forma distraída, sem saber ao certo como reagir. Richard, como sempre, era uma presença tranquila, mas a paz não duraria muito.

— Conversei com o Endrick esses dias, e ele não está nada bem. — Ele pausou, procurando palavras cuidadosas. — Sei que você já deve estar farta desse assunto, mas todos sabemos que não é só por causa de uma mensagem que você guarda esse rancor.

Suspirei, mexendo no arroz no meu prato. O que eu poderia dizer? Ele estava certo.

— Realmente, não é só por isso.

— Quando você vai falar com ele? — perguntou, e deu mais uma garfada, como se esperasse que a resposta fosse algo simples.

Olhei para ele, lutando para manter a calma. A resposta estava na ponta da língua.

— Se depender de mim, nunca.

Richard arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— Por quê? — Ele parecia genuinamente curioso. E eu sabia que ele não entendia, não poderia entender.

Respirei fundo, sentindo o peso de cada palavra.

— Ele acha que estou fugindo dos meus sentimentos por causa do que aconteceu... ou do meu "passado traumático" — fiz aspas com os dedos, o sarcasmo evidente. — Mas não é isso. Nunca foi.

Eu poderia rir da ironia. "Passado traumático." A maior parte desse passado eu mesma escolhi. Claro, algumas partes me assombram, mas outras...

Richard me olhou com o cenho franzido.

— Então o que é? — Ele tentou aliviar o clima com um sorriso, mas eu não sorri de volta.

— Meu maior medo era o Oliver. Agora ele está morto. — Minhas palavras saíram com uma frieza que me assustou, mas não parei. — Mas eu não controlo o que está por vir. E é isso que me assusta.

Richard hesitou, mordendo o lábio, antes de perguntar com cuidado.

— Vocês não podem enfrentar isso juntos?

Olhei para meu prato, e o vazio que sentia em meu estômago parecia se expandir. Não, definitivamente não.

— Minha vida não é só futebol. Se fosse, tudo seria mais fácil. Talvez um dia eu mude de ideia, mas agora, minha resposta é a mesma.

Contradição ||Endrick F. (1° Livro da saga Buoni Demoni)Onde histórias criam vida. Descubra agora