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UMA SEMANA DEPOIS - Canadá, Toronto. Terça-feira, 09:37 da manhã.

Ashley Kerr

Pedi a minha mãe adotiva mais um tempo por aqui, e logo foi concedido. Saí do hospital já faz algumas horas. Agora estou de frente a casa do Isaac, criando coragem para apertar a campainha.

Respirei fundo, sentindo uma friagem em meu corpo. Apertei. Finalmente apertei a campainha. Esperei um pouco, até a mesma ser aberta... por uma criança.

Olhos castanhos escuros encaram meu rosto. Seus cabelos pretos e lisos estão em um corte médio, mas em um penteado de nerd, ou seja, para o lado e com gel. Sua roupa é um uniforme, suponho que está quase saindo para ir estudar. A pele é clara, e suas expressões se parecem com os dois. Ele sim, pode se dizer que puxou Isaac e Ayla.

— Ethan!

A voz de mamãe ecoou pelo lugar. Apertei minhas mãos, ficando mais ainda nervosa. Foram seis anos... Seis anos me culpando sem parar por não vê-los mais, mas agora estou aqui, encarando meu irmão mais novo.

— Oi. — ele falou, uma voz doce e gentil — Quem é você?

— Uma... — não achei melhor contar que sou a irmã dele assim, de repente — Uma amiga dos seus pais. Poderia chamá-los para mim?

— Ethan! Quem é nada porta, pequeno? — a voz de Isaac me fez respirar fundo

O garotinho saiu de frente a porta, mas fiquei onde estava.

— Mamãe, papai, tem uma moça na porta dizendo que é amiga de vocês.

— Quem é?

— Ela não disse o nome.

Dou um passo à frente, matando o meu orgulho. Entrei na casa, sem a permissão deles. Caminho até o espaço da cozinha, onde vejo o homem com uma barba bem feita, porém cheia de pelos brancos, e seus cabelos pretos do mesmo jeito. Papai já tinha mais de cinquenta anos, era normal já ter cabelos brancos.

Seu rosto não estava tão enrugado, o que deixou ele com sorte. Parece um homem novo ainda. O mesmo estava se levantando da cadeira, e seu corpo ainda está em uma boa forma. Seus olhos se ergueram para mim.

Aqueles olhos que eu não via há seis anos. Eles era frios, mas esses daqui... Esses eram cheios de... calor. Um olhar que se tornou cheio de brilho.

— Sei que não posso estar aqui. — pronunciei-me — Mas precisava vê-lo, Isaac. — olhei dentro dos seus olhos — Estou aqui para te ouvir e... — respirei bem fundo antes de dizer as últimas palavras — E te perdoar.

Isaac não se moveu. Estava paralisado na minha frente, parecendo assustado, como também surpreso. A mulher baixa atrás dele deixou o pano sobre o balcão, e correu até mim.

Ela me abraçou sem hesitar. Por um tempo eu não soube retribuir, mas consegui. O calor dela, seu toque... tudo tinha sumido. Agora posso tê-los novamente, poder lembrar disso por mais tempo.

— Minha menina... — sussurrou, afastando seu rosto. As bochechas se molham com as lágrimas. Mamãe tem linhas de expressões por conta da idade, mas isso não afeta sua beleza. Nunca afetou. Seus cabelos pretos estão curtos, mas a deixa tão... linda — Eu senti tanto... a sua falta.

— Como você tem estado... mãe?

— Bem. — Ayla tentou abrir um sorriso, mas falhou — Mesmo triste por terem tirado meu bebê de mim, eu tentei seguir em frente. Prometi a você que seria uma mãe melhor para o garoto. Eu sinto muito, querida... Sinto tanto por você ter tido uma vida tão... sofrida.

Rude AshleyOnde histórias criam vida. Descubra agora