Rude Ashley

8

Ashley Willian

Encarei sem saber o que dizer. Mamãe tem quarenta e três anos, e uma mulher engravidar nessa idade é muito arriscado. Meu corpo está paralisado, porque aquele olhar ansioso misturado com felicidade, faz eu continuar sem falar.

— Eu sei que uma mulher na minha idade já é arriscada ter um filho. Mas eu estou sendo bem acompanhada! Já faz cinco anos que estou querendo ter um bebê, e agora eu consegui! Não se preocupa, o médico disse que estou saudável e não tenho um risco. Serei bem acompanhada até o bebê nascer.

Desvio meus olhos dela, imaginando como que o papai vai ficar depois que saber disso. E por que Amelia não me disse antes? Ela sempre me conta tudo. Deve ter ficado louquinha para me dizer.

— Bem... — volto a olhá-la, dizendo — Eu estou feliz por você estar grávida, terei mais um irmão novo. — dou meu melhor sorriso a ela — Só não deixe de dar atenção ao bebê, mamãe.

— Mas eu sempre dei atenção para vocês!

— Quando a gente era bebê — pego o prato novamente — Mas depois que crescemos, você mal tinha tempo para a gente. É tão importante ter a presença dos pais no dia a dia.

Ela ficou em silêncio, enquanto eu me ergui e comecei a encher o prato de comida.

— Eu realmente estou feliz pela senhora estar grávida. Mas eu só quero que com o bebê, os cuidados sejam diferentes...

Escuto um fungado. Olho para o lado, aquele rosto todo sorridente agora está repleto de lágrimas.

— Por que você está chorando? — deixei o prato sobre a mesa

— Oh, princesa, me desculpa. — ela coloca a mão sobre o rosto — Não consegui ser a mãe que imaginava para vocês. Eu sinto tanto...

Mamãe tirou a mão do rosto, toda vermelha e chorando feito um bebê.

— Desculpa por dedicar minha vida mais ao trabalho do que a vocês! Me sinto tão culpada por muita coisa, mas todos não me afeta da mesma forma que isso me afeta. Prometo a você que serei uma mãe melhor — ela me olhou, com aqueles olhos molhados — Eu sinto muito, princesa.

Não sei o que dizer novamente. Eu não queria fazê-la chorar, apenas abrir seus olhos em relação a nossa criação. Eu amo muito minha mãe, mas queria que ela e o papai estivesse mais presente na minha vida.

Enquanto eu sofria nas escolas, só queria achar um abrigo em casa, mas eles nunca estavam, apenas Amelia que era minha companheira. Papai era o menos presente, porque toda vez que eu ia contar sobre o que aconteceu, ele nunca tinha tempo.

— Tudo bem, mãe... Eu só queria esclarecer as coisas, tirar um peso que carrego por não ter vocês comigo. Eu amo muito você e o papai. Mas quero que vocês dois sejam mais presentes na vida desse bebê, que não deixem ele quando precisar desabafar ou de afeto.

— Eu vou fazer isso, meu amor. Mas ainda me sinto culpada por-

— Está bem! Já é passado, ok? — dou meu melhor sorriso para ela — Eu amo vocês, e quando eu sair daquele colégio, ficarei no lugar de vocês na clínica veterinária.

— Sério? — ela se levanta, surpresa

— Sim. Prometo pra você. Eu cuido das coisas, está bem? Só preciso sair de lá.