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JASMINE FREIRE

Me separei de Ângelo no exato momento em que o carro parou. Já escuro do lado de fora. O quanto antes, andei o mais rápido que pude para alcançar a casa, sem me importar se Ângelo iria me seguir ou não.

— Jasmine... — o mordomo murmurou assim que abriu a porta e me viu passar por ela.

Os outros na sala olharam preocupados em minha direção, balancei minha cabeça negativamente me forçando a ir diretamente para a escada. Subi cada degrau mas no topo, Valentina me parou.

— Jasmine, eu...

— Me deixa sozinha, por favor. — pedi. A deixei sem dizer mais nada, eu precisava urgentemente de mim mesma, do meu apoio.

Fiz questão de trancar a porta antes de deitar.
Com meu corpo lavado e de roupa trocada, me deitei na cama...

Os dias que se seguiram foram os mais parados e silenciosos da minha vida. Três noites seguidas da minha vida foram resumidas em pesadelos e choro.

Estar em silêncio, ficar, e receber foi o melhor tratamento para a ferida aberta em meu coração.

O meu irmãozinho era o único que eu queria que estivesse perto de mim. E com ele envolvido em meus braços sobre o colchão da cama, beijei sua cabeça lembrando do quão era bom viver em nossa antiga casa e nossos animais. O nosso esforço nas manhãs que dávamos início cedo...

Em meio a tanto silêncio, a voz de Benjamin me fez olhar em seus olhos.

— O que foi?

— Você não vai ficar aqui pra sempre não é? Eu quero te ver feliz. — disse.

Apertei sua mão por debaixo da coberta.

— Está doído, e confuso demais. Tudo está muito lento.

— Todos sentem sua falta, mine... — sussurrou — Você esqueceu que seu casamento vai ser em poucos dias? Ou, você se esqueceu disso?

O que disse foi um estalo para minha mente.
O meu casamento com Ângelo, nosso futuro...

— Você estava tão feliz, por quê vai querer desistir? — indagou.

Engoli em seco.

— Eu... eu não vou, eu só...

— Não sou bom com palavras mas. Você percebeu que aconteceu um monte de coisa desde antes pra atrapalhar vocês dois? — surpreendi-me com a esperteza do garoto de apenas treze anos. Mas ele sempre foi,

— Eu sei que vocês se amam, e vejo que Ângelo está tão quieto desde o dia em que você decidiu ficar assim. Ele mudou e parece estar na mesma dor que você...

— É verdade?

— Sim! — afirmou — Não desistam do futuro de vocês, minha irmã, por favor... —  Benjamin me olhou uma última vez antes de se virar para me dar um abraço. Sua cabeça contra meu peito me fez suspirar, e entender o rumo da nossa conversa.

Benjamin, não só ele, esperava uma reação minha.
Pela altura dos acontecimentos eu sabia que Ângelo havia se responsabilizado pelo o que tinha acontecido em minha vida, a perca dos animais e da minha moradia. Meu coração pesou assim que pensei nisso, que pensei o quão o amor da minha vida estava lutando e preocupado com minha situação e principalmente, em nós. Suspirei pensando comigo mesma, qual seria meu próximo passo...

Tomei um banho quente, vesti minha blusa branca, e calça creme, calcei minhas sandálias sem esquecer do meu suéter verde escuro. Pus meu anel de noivado, e soltei meus cabelos. Desci a escadaria caminhando em direção ao escritório, satisfeita por não ter ninguém na sala.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora