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FREDERICO FONTENELLE

Ver o brilho novamente, resplandecendo no rosto de cada um dos Vitello, era algo reconfortante. Mesmo que eu não tivesse uma relação tão rica com cada um deles, eu desejava um bem enorme a cada um. Eles não mereciam passar por dores ou algo assim, eram pessoas boas.

Vislumbrar minha irmã daquela maneira, tão sensível e distante do mundo no período em que Patrick estava desaparecido junto com seus filhos e prima, foi uma real tortura. Eu nunca imaginei passar por aquela situação, e nela, meu interior sofrer junto... Minha irmã sempre foi assim, sensível principalmente com o que acontecia de ruim com os que ama. Sempre.

Mas depois de tudo, ela estava voltando. Patrick era o real responsável por aquilo. Não só para ela, mas para a maioria de nós — principalmente, à sua prima. Valentina foi à quem mais vi permanecer como um mármore, uma rocha firme na situação de dor e puro desespero. Deduzi que ela mesma havia criado aquilo como forma de proteção, com uma concha em que ela podia esconder sua parte mais fragilizada, e expor a forte para fora. Uma mulher marcante, uma mulher forte. Não nego que esses era um dos motivos que meu coração batia diferente por ela, sua fala firme e tomadas de decisões havia mudado e ela havia amadurecido, não era mais como antes, seu temperamento era outro — mas a sua essência e carinho, ah! Esse eram únicos.

Com um longo suspiro, olhei para o lado — ainda estava fora da mansão, em frente a ela — Oliver sentado sobre a grama, brincando com algo. Curioso me aproximei e olhei para suas mãos. Tratava-se de um estilingue.

— Oliver...

— Ah! Oi Fred! — olhou-me uma das sua pálpebras, a outra permaneceu fechada por conta da luz solar.

— O que está fazendo?

— Estou tentando aprender com isso.

— Quem te deu?

— Foi um dos filhos dos policias, ainda estávamos na fazenda da Jasmine.

— Ah, sim — me agachei ao seu lado — Só tome cuidado, você pode acabar se machucando.

— Pode deixar.

Vendo sua dificuldade, acabei não aguentando e o ajudei. Fomos para os fundos da casa e nele consegui instruir da maneira correta.

— Isso... Agora, estica o braço sem perder o foco na outra mão — falei me afastando um pouco.

— Lá vai — anunciou, seu braço esquerdo, dobrado, foi um pouco para trás e num estalo a pequena pedra voou em direção a madeira da árvore ao longe. O menino saltou e numa animação me abraçou agradecido — EU CONSEGUI! ISSO! — comemorou.

Um cheiro doce me fez olhar para o lado e reconhecer a mulher que veio em nossa direção. Seus braços nus e pernas pareciam sensíveis demais ao sol, os shorts e blusa era um bom conforto para o calor.

— O que estão fazendo? — perguntou, tranquila.

— Mamãe! — Oliver disparou em sua direção — Eu consegui atirar com um estilingue! — as esferas esverdeadas de seus olhos cresceram — Graças ao Fred que me ajudou!

Sorri internamente assim que fui fuzilado por seus olhos, a mulher pigarreou e agitando seus dedos sobre os fios escuros do cabelo da criança, sorriu.

— Tome cuidado da próxima vez.

— Pode deixar.

—  Bom... — a mão branca da mulher afundou de uma certa maneira no ombro do filho — O sol ficará mais quente, sua pele mais rosada e pode queimar — disse ao menino — Vamos entrar.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora