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JASMINE FREIRE

Sacudi minha filha em meus braços, a acalmando o máximo que eu pude, o desconforto em meu útero — causado por conta da contração que estava fazendo para voltar ao formato de antes — e o choro dela, era a combinação perfeita para que minha cabeça doesse mais ainda.

— Calma, calma... — pedi.

Ângelo passou pela porta do quarto e estendendo os braços, consegui passar nossa pequena sem muita dificuldade. A menininha, aos poucos, foi cessando o choro e se encolhendo no peito do pai.

— O papai está aqui, o papai está aqui...

Ângelo e eu estávamos num estado um tanto caótico. Os dois primeiros meses não foram fáceis e estava exigindo bem mais do que eu esperava.

— Pelo visto, Eleonor ama mais o colo do pai do que da mãe — gargalhei baixo.

— E Sebastian, o da mãe e não tanto do pai.

Nos olhamos e foi impossível não rirmos um do outro. Me aproximei dele, e arrumei os fios bagunçados do seu cabelo.

— Ser pais não está sendo nada fácil.

— Mas está sendo uma das melhores experiências que eu pude ter em toda a minha vida... — disse, sorridente.

— É verdade... — suspirei.

Ter meus filhos exigiu muito de mim e por pouco eu não pude chegar aonde eu estava. Se não fosse a fé do meu marido e o operar de Deus eu não poderia sentir às dores de cabeça, andar descabelada a qualquer momento... eu não poderia viver todos os verdadeiros momentos proporcionados pela maternidade.

Pomos nossa menina para dormir em seu berço e em passos largos conseguimos sair, fechei a porta e andei lado a lado do meu marido em direção ao nosso quarto. Nos deitamos sobre a cama envolvidos na coberta, ligamos no desenho que passava por aquela hora da madrugada rindo até um pouco da nossa escolha.

— Meu amor...

— Sim?

— O que você acha de termos um casa apenas nossa?

O olhei, surpresa.

— Está falando sério?

— O mais sério possível.

— Eu amaria um lugar só nosso...

Ele assentiu, e beijou minha cabeça.

— Por quê?

— Foi apenas pergunta...

— Você está me escondendo alguma coisa.

— Imagina... — puxou minha cabeça para seu peito — Vamos voltar à assistir o desenho. — se ele estivesse me escondendo alguma coisa... Ai, ai...

Entrei em total alerta assim que o alarme da casa foi acionado. Ângelo se levantou bruscamente e não foi preciso dizer nada para que saíssemos com pressa do nosso quarto, com foco em ir para o dos nossos bebês.

Ângelo conseguiu ser rápido e passou em minha frente, abriu o umbral com pressa. Sem que eu pudesse segurar a mim mesa, um grito de espanto saiu da minha garganta.

As janelas do quarto estava aberta, tanto que a luz da lua reluziu no tapete. O corpo de um homem estava caído no chão, e pela posição eu não pude reconhecer de primeira. Minha atenção foi imediatamente para os berços e logo essa se apaziguou quando eu vi que tudo estava bem com meus bebês.

Ângelo tinha um olhar longo para o desconhecido, sua mão direita já carregava um telefone.

Como um pouco esperado por mim, o medo e o passado resolveram dar uma visita. Mas graças a Deus, ele não pôde se concretizar...

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora