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Ângelo Vitello

Balancei minha cabeça voltando a mim mesmo. Meus pensamentos foram tão longe que quase acabei indo para outro mundo.

Pigarreei me sentando melhor sobre a cadeira, tentando me concentrar nos papéis. Olhei para o relógio e vi que faltava pouco para o horário do almoço.

- Pode entrar - falei assim que duas batidas nas portas foram dadas. Suspirei quando vi meu pai.

- Vai almoçar aqui?

Sua expressão estava bem mais cansada do que o normal, provavelmente o estado de espírito da empresa o deixou assim.

- Acho que em casa mesmo...

Me levantei, próximo a ele envolvi seus ombros com um dos meus braços, enquanto saímos juntos.

- Parece bem mais cansado do que o normal...

- Só um pouco.

- Pai...

- Estou falando a verdade, não estou cansado demais.

O fitei enquanto o elevador abriu suas portas, entramos juntos e não desviei meu olhar dele.

- Sabe, acho que deveria descansar...

Me olhou sem entender.

- Não descansar de sono, mas sim, de trabalho...

- Não seria uma má idéia, mas, ainda quero fazer alguma coisa pela empresa.

- Você já fez, pai. Construiu um império que, meu Deus... O senhor fez história.

- Eu sei - quase sussurrou.

- Pense mais sobre isso... Não precisa obrigar-se a trabalhar.

Me encostei em uma das partes do elevador com meus braços cruzados. Mesmo que eu desviasse em pensar nisso, eu não conseguia. A saudade me apertava tanto quanto meu pensamento. Mas também, havia completado-se um mês, naquele dia, de que eu não havia visto Jasmine pessoalmente. Minha agenda estava tão acelerada e cheia que mal tive tempo de respirar, e quando consegui, vi que tínhamos completado quatro semanas sem nos vêr.

Avisei a recepcionista sobre a nossa saída e assim saímos.

- Mas fique tranquila, Nora. Eu estarei com ela e olha, você e Valentina pode ir nos acompanhar.

Às vozes dos meus familiares soavam no ambiente assim que atravessamos a grande porta. O mordomo fechou e parecia uma estátua próximo a ela.

- O que está acontecendo aqui? - perguntei.

- É a sua mãe com excesso de preocupação com Isabella, Patrick e os meus netos - respondeu meu tio, sobre uma das poltronas com as pernas cruzadas e olhos sobre os jornais.

- Simplesmente, mamãe está preocupada em irmos viajar hoje - reafirmou minha irmã se aproximando de mim, seu cabelo estava preso em um coque desajeitado.

- Eu vou para Nova York pois gosto muito de lá. Posso fazer companhia a ela. Benício e Mariana super gostariam de conhecer a cidade - comentou, Patrick.

- É, mas se não fosse a maneira insuportável que mamãe está, eu super gostaria de ir.

- Você pode muito bem estudar aqui, Isabella! - rebateu a mulher de cabelos brancos. Me aproximei dela e peguei em suas mãos.

- Por que não quer que eles vão? - a perguntei com calma.

- É simples. Isabella sequer tem cabeça ou responsabilidade para estar em um lugar tão longe e, o seu primo não foge disse não, tá?

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora