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MARGARIDA FONTENELLE

Sentir que tudo iria ficar bem, era o que todos nós estávamos necessitando naquele momento. Toda a família Vitello precisava disso... O meu maior medo estava além daqueles que eu amava, estava principalmente nas crianças.

O perigo estava cada vez rondando como redemoinho ao nosso redor, perto de nos tragar. Ângelo quase perdeu sua vida, Oliver com problemas de sono, Patrick e seus filhos recuperando bem do acidente que, por milagre não os levou.

Cuidar, além de Benjamin, da pequena Mariana tornou-se uma parte da minha rotina. Mesmo que Valentina, ou Isabella, se disponibilizassem, eu sempre queria estar ali para ela. Não só para ela, mas também para Oliver, esse, aos poucos, começou a ter uma apego a mim. Muitas noites dormi ao seu lado e ele ficou tranquilo como um bebê, graças a Deus!

Me afastei da janela mirando meu olhar em seguida no menino sentado no chão, escrevendo no papel com pressa. Benjamin vinha estudando muito e falando bem pouco. Me aproximei dele e com cuidado, toquei em seu ombro.

— Ben?

Ele me olhou.

— Não acha que seria bom você descansar um pouco?

Benjamin me deu um olhar vacilante, suspirou e negou com a cabeça.

— Não posso.

— Ora, por que não? — me sentei ao seu lado.

— É que eu preciso terminar de anotar algumas partes do assunto e estudar assim que acabar. Quero adiantar tudo.

— Ah, sim... Mas você sabe que dá uma pausa não vai custar nada. Vai te fazer bem, meu amor.

Benjamin abandonou o lápis, focando seus olhos esverdeados na minha direção.

— Eu estou muito preocupado com às provas. Logo, às finais vão começar e eu preciso estar empenhado e sabendo a maioria das coisas.

— Eu sei que isso é importante. Mas não pode forçar demais. Forçar a si próprio, temos limites.

— Eu sei.

— Você ainda está no oitavo ano...

— Pois é, ainda estou, quero passar logo dessa.

— Mas estudar dessa forma, não vai adiantar tanto. Só vai doer sua cabeça — bufou — Se continuar assim, vou dizer a Jasmine que ficou um dia sem comer direito, e virou a madrugada estudando.

— Não Margarida! Não!

— Tudo bem, tudo bem... Mas digo isso porque me preocupo com você — toquei seu rosto — Você sabe disso, não sabe?

— Eu sei... — suspirou — Bom. Margarida...

— Sim?

— Já que você me ama tanto assim, bem que você poderia conversar com minha irmã sobre uma coisa.

— Que coisa, Benjamin? — questionei, com cautela.

— É que, bom. Vai ter uma semana de provas e eu preciso estar lá, principalmente na final. Isso quer dizer que eu não vou poder continuar aqui em Percy.

Uma pontada aguda em meu coração, me deixou alerta. Se Benjamin tinha de voltar a Carta-véu para poder terminar as provas, isso significaria que ele não poderia estar mais conosco, o que era algo que não podíamos permitir acontecer naquele tempo.

Ficar longe um dos outros, seria como expor ao perigo. Um perigo desconhecido e que tínhamos zero chances de premeditar quando aconteceria.

Mas mesmo assim, eu entendi o lado de Ben, era os estudos dele...

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora