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ÂNGELO VITELLO

Jasmine ainda dormia quando passei pelas portas do quarto, e com as minhas mãos firmes nas bolsas que trouxe comigo. Deixei tudo num canto, e preparei minha coberta encima do sofá. Me aproximei de Jasmine, e peguei em sua mão fria por conta do ar-condicionado.

De todos os melhores presentes que Jasmine poderia ter me dado, nossos filhos foram.

— Oi meu amor, cheguei... — anunciei.

Seus olhos fracos alcançaram meu rosto, e um sorriso puro formou em seus lábios.

— Que bom...

Puxei uma cadeira para ficar bem mais pertinho dela, e de sua barriga.

— Como vocês estão? — acariciei seu abdômen.

— Bem melhor agora, sentimos sua falta.

Por conta de um problema na empresa eu não pude estar com Jasmine durante aquele dia — justamente um dia antes dos nossos filhos vierem ao mundo. Mas eu estava decidido que aquilo não mudaria minha presença pelos restos dos dias...

— Prometo que me esforçarei bem mais, para estar aqui.

— Você já está fazendo o suficiente.

— Mas eu farei bem mais...

Beijei seus lábios, e olhei seu rosto por um tempo.

— Obrigado por tudo, você tem sido tanto para mim — agradeceu.

— Digo o mesmo, minha princesa...

Jasmine me deu um sorriso doce.

— É melhor você descansar, esse dia exigirá muito de você...

— É, isso é umas das coisas que mais tenho certeza.

— Então...

— Mas eu quero continuar conversando, nossos filhos amam escutar nossas vozes. Você tem que sentir o quão calminhos eles ficam com isso.

Rolei os olhos completamente apaixonado por essas criaturinhas tão pequenas, e tão desejadas por nós. Eram tão especiais que iriam nascer no mesmo dia em que a mãe deles nasceu. Esperei que Jasmine adormecesse primeiro, para que eu fizesse isso — mesmo assim, não larguei sua mão.

O grito fino de minha esposa chamando-me pelo nome, foi como um apito dado bem forte ao lado da minha cabeça. Jasmine estava banhada em suor, suas mãos apertavam tanto a coberta e seus pés acompanhavam seus movimentos mostrando o quão sua dor estava forte.

— Ai, meu Deus — trincou os dentes.

— Os enfermeiros já estão vindo, eu estou aqui! — nem eu soube o que dizer.

Quem eu mais esperava em chegar naquele momento não demorou em invadir o quarto. Naquela altura meu desespero e medo já estavam altos, o sangramento entre às pernas de Jasmine foi a maior motivação disso.

Acompanhei os enfermeiros e em nenhum momento soltei minha mão da de Jasmine, a dor dela atingia meu coração cada vez mais e mais...



Fomos rápidos e em poucos minutos conseguimos entrar no hospital, a maternidade ficava aos fundos e para subir tinha uma rampa e escada na lateral. Graças a Deus o doutor, que foi como um guia para mim e Jasmine na gestação, estava na recepção e voou rapidamente até nós.

Fui obrigado a ficar enquanto vi minha esposa ser levada para longe.

Minutos, que mais se pareceram horas, passaram e uma das enfermeiras chegou. Nesse meio tempo duas das que estiveram com Jasmine a apoiando na gestação conseguiram entrar.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora