Todos os sons envolta de mim estavam abafados, a minha mãe falava, meu pai estava surtando discutindo com ela e tudo por minha causa. Eu deveria morrer, assim não dava problema pra ninguém. Desviei minha atenção da xícara de café e parei na entrada da cozinha, os observando.
— Você que está gritando comigo— Mamãe falou sem parar de mexer na massa de bolo— Não gosto disso.
— Só estou com raiva do Alex.
— Então não desconta em mim, todo mundo tá sofrendo Miguel—Me encostei no batente da porta e deixei uma lágrima cair— Eu tô sofrendo, você tá sofrendo, o Dani e a Luise também. Não adianta nada você ficar só xingando meio mundo, a minha cabeça está doendo.
— Agora eu não posso falar também—Ele se sentou na cadeira e suspirou— Acabei de descobrir que a minha filha está grávida de uma merda, eu tenho o direito de estar puto. Onde a gente errou com ela? Porque a gente fez de tudo, ela teve uma criação boa…mas desde que começou a namorar, quando você achou que podia, eu tinha dito que ela era nova.
— Você vai jogar a culpa encima de mim, Miguel?
— Quando ela tinha dezoito, você me convenceu que ela podia namorar, se a gente tivesse segurado, hoje talvez ela estivesse estudando, trabalhando e não grávida de um merda daquele…
— Você tá falando merda— Minha mãe jogou a colher de pau dentro da pia e se virou pela primeira vez, ela ia responder, mas me encarou— Luise…
— Desculpa— Comecei a chorar e senti quando ela se aproximou e me abraçou— estou fazendo vocês brigarem, me desculpa mãe…
— Não precisa pedir desculpa filha—Ela me levou até a mesa e me fez sentar— Só estamos de cabeça quente.
Encarei meu pai, e eu conseguia ver a decepção no rosto dele, ou pena.
— Me desculpa, pai—Digo baixo e minha mãe me abraça.
— Eu que tenho que me desculpar filha— Ele também veio me abraçar, e eu soltei um suspiro.
Eu estava me sentindo culpada, por tirar a paz deles. Os dois estavam bem, mamãe queria até ter um bebê, e agora eu voltei pra casa trazendo peso pra vida deles.
— Filha, sabe o que eu planejei pra hoje?—Encarei a minha mãe— Vamos na casa da Nati e passar o dia com ela? Eu você, suas primas…o que você acha?
— Não quero sair—Falo.
— Vai ser bom pra você—Meu pai fala e eu passo a mão nos cabelos.
— Tá bom—Digo desanimada.
Eu iria, porque talvez minha mente desse uma esfriada e eu me sentisse melhor. Minha mão saiu da cozinha comigo e deixou meu pai sozinho. Peguei uma roupa dentro do closet e depois fui tomar um banho. No fundo, sei que todo mundo está sofrendo aqui em casa, a minha mãe, o meu pai, tudo culpa minha. Talvez se eu tivesse continuado no casamento com o Alex, se não fosse tão curiosa e não tivesse ido atrás dele no dia do jantar. Nos estaríamos bem…
Entrei no banheiro e tirei minha roupa ficando só de calcinha, me virei de lado e olhei pro espelho observando a barriga, estava reta, talvez eu não tenha nem um mês ainda. Se eu quiser posso tirar, ainda da tempo. Fechei os olhos e suspirei. Fui pro box e liguei o chuveiro tomando um banho demorado,
Quando sai fui pro quarto e me vesti, escolhi um vestido florido de alças finas, midi e tênis branco. Deixei meus cabelos soltos secarem de forma natural e sai do meu quarto já pronta pra esperar a minha mãe.
(...)
Me sentei na espreguiçadeira da piscina e bebi um pouco do suco de laranja, estava geladinho, delicioso. Minha mãe estava conversando com a tia Naty e eu me resguardei um pouco, queria ficar na minha.
—Oi—Virei a cabeça pro lado sorri pra Hailey, mãe do Lucas, ela chegou agora a tarde— Tudo bem?
— Aham—Digo deixando o copo sobre a mesinha pequena. Encarei minhas mãos— Como está o seu marido?
— Ele esta bem— Voltei a lhe encarar— Sua mãe me contou da gravidez—Mordi o lábio—Sabe…o pai biológico do Lucas era terrível, ele me batia, me xingava—Olhei surpresa— Eu fugi dele quando descobri que estava grávida, porque não queria que meu filho nascesse no meio do que era aquela relação. Muitas vezes, muitas mesmo Luise, eu pensei que não ia dar conta, pensei até que não ia amar o Lucas por causa do pai dele. Mas quando eu percebi que o Lucas não era o progenitor, que ele também era uma vítima, eu passei a amar ele. Amei cada pedacinho do meu bebê, porque ele era meu no fim das contas.
Lhe encarei por alguns segundos, eu sabia que o Lucas não era filho do tio Max, mas não sabia dessa história. É parecida com a minha, eu me senti confortável em falar mais com ela sobre a minha condição. Me sentei virada pra ela e peguei sua mão.
— Devo estar grávida de um mês mais ou menos—Ela concordou atenta— Eu não sei se eu quero essa criança, eu sou muito nova tia Hailey…o Alex…ele também me batia, mas é diferente comigo.
— Diferente como?—Indagou e eu olhei em volta me certificando que minha mãe estava longe.
— Ele queria ter um filho pra me prender e pra garantir a herança do meu pai—Ela franziu a testa—O Alex me obrigou…a ter relações com ele, eu não acho que vou ser capaz de amar isso aqui…é diferente, o Lucas não veio a partir de uma violência…
— Ele veio sim—Engoli seco—Eu te entendo, o Marcelo também abusou de mim, várias vezes durante muito tempo…quando eu fiquei grávida, entrei em desespero porque eu pensei que o bebê veio de uma violência…de um crime—Ela tocou a minha barriga e eu senti as lágrimas começarem a descer pelo meu rosto— Mas entende que o bebê não tem culpa…
—É difícil— Falei com a voz chorosa.
— Eu sei que é— Ela me abraçou e me senti confortada—Mas não faça nada por impulso, pense com calma, faça o que for melhor. Mas não deixe de pensa com clareza. Hoje eu não sei como seria a minha vida sem o Lucas, ele é meu tudo. Pensa com calma ok?— Balancei a cabeça concordando com ela.
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LUISE- "Spin Off Série Filhos"
Любовные романыSomos rosas, que quando cuidadas se tornam lindas, mas quando não são, morrem. A vida nos faz tomar escolhas, Luise escolheu se casar por algo que ela achava ser amor, mas para um casamento ser firme ele precisa que ambos os lados queiram o mesmo...