Na segunda feira de manhã, eu resolvi que iria falar com a Luna, eu vou perguntar se ela me daria um emprego na loja dela. Até pensei em perguntar pra minha mãe, mas eu quero algo separado dos meus pais, não quero ter esse contato de trabalho com eles.
Eu fui ao médico no sábado com a minha mãe, fiz um exame de sangue e realmente estou grávida. Ainda estou no processo de entendimento com isso, não sei como me sinto. Não consigo me imaginar cuidando desse bebê, amando ele, porque essa foi a primeira vez que eu realmente entendi que sofri uma violência, estou gerando um bebê de uma violência, eu não quero isso pra mim. Mas também não sei se suportaria a dor de um aborto, a sensação disso e o peso também. Ainda estou tentando entender meus sentimentos, e queria que alguém me apoiasse, sem tentar me fazer ter uma decisão. Sei que a tia Hailey sofreu com o pai do Lucas. A pouco tempo eu descobri que quase todas as mulheres da minha vida sofreram alguma violência, elas se manterem fortes e hoje tem famílias.
Mas eu não sou elas, não tenho a mesma força e não sinto vergonha de falar isso. Não sou tão forte quanto minha mãe, quanto minhas tias. E eu sinto que todas esperam que eu tenha a mesma reação que elas tiveram, de seguir em frente, sei que iram apoiar qualquer decisão que eu decidir, mas sei que elas também esperam que eu tenha a mesma que elas. E isso tem me causado ansiedade.
Eu saí de casa bem cedo, as sete e meia, quero ficar um pouco sozinha, cheguei na loja quando ela ainda estava abrindo, eu mandei mensagem pra Luna perguntando se ela estaria na loja nesse horário e ela me disse que sim.
Acabei me afastando do Gabriel, infelizmente. Estou com vergonha de ver ele, ele já sabe que estou grávida. No fim das contas a minha cabeça está a mil, estou esgotada emocionalmente e eu só queria que alguém disesse que vai me apoiar, em qualquer decisão que eu tome, mas não sinto isso.
Quando entrei na loja Luna estava me esperando sentada numa mesa no canto, passei meus olhos envolta e só tinha nos duas e mais uma funcionária no caixa. Me aproximei dela e sorri lhe dando um abraço antes de me sentar.
— Você falou que queria falar comigo—Ela disse me encarando em expectativa.
— Eu queria sim…eu queria saber se você poderia me dar um emprego aqui na sua loja—Ela me olhou surpreso e eu admirei-a por alguns segundos.
Luna era tão forte, tão decidida, poderosa. Eu sei que a vida dela também não foi fácil, ela perdeu o marido, e um bebê quando estava grávida, eu no lugar dela, acho que não teria me reerguido. Sem contar a esposa maravilhosa que ela é pro meu irmão hoje em dia, e a mãe também, mãe do dois lindinhos.
— Posso tentar ver algo pra você, mas o cargo de gerente e contadora é meu, não tem muitos lugares que você possa trabalhar aqui…
— Eu não me importo de ser uma das atendentes—Ela ponderou—Qualquer coisa tá bom pra mim, só quero um trabalho…
— Vou vou tentar, tenho que falar com o dono— Ela pegou a minha mão por cima da mesa e sorriu— Como você tá?
— Eu tô bem— Olhei pela janela de vidro—Um pouco confusa—Ela sorriu de lado pra mim.
— Vou insistir, posso te passar o contato da minha psicóloga?—Soltei a minha mãe dela, odeio que me achem doida— É tão bom, essa confusão que está acontecendo agora com você, é muito bom fazer terapia.
— Não preciso disso— Ela suspirou.
— Eu também achava que não precisava até começar, inclusive vou hoje a tarde— Franzi a testa lhe encarando.
— Você vai? Mas por que? Você não precisa…
— Óbvio que eu preciso, o Daniel já é o motivo principal— Ela me arrancou uma risada— Mas eu gosto de ir só pra desabafar, sabe…não é fácil morar com três homens em casa, eles conseguem me deixar doidinha da cabeça. Aí eu preciso expairecer…vou te mandar o número dela, vá se quiser.
— Tá bom— Falei ouvindo o sininho tocar, indicando que alguém havia entrado— Qualquer coisa você me fala, sobre o trabalho.
— Claro— Me levantei e Luna fez o mesmo.
Realmente espero que ela consiga esse trabalho para mim. Sai da loja na expectativa de conseguir um trabalho.
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LUISE- "Spin Off Série Filhos"
RomanceSomos rosas, que quando cuidadas se tornam lindas, mas quando não são, morrem. A vida nos faz tomar escolhas, Luise escolheu se casar por algo que ela achava ser amor, mas para um casamento ser firme ele precisa que ambos os lados queiram o mesmo...