Senti minhas mãos suarem de tanto nervoso e ansiedade, as coisas haviam mudado tanto nos últimos meses. Eu me divorciei, encontrei o meu amor, um amor que sempre existiu, mas evoluiu para algo maior, me conheci mais, me entendi e vou ter um filho ou filha. A gravidez não foi fácil pra mim, entender ela muito menos, eu pensei que não teria filhos tão cedo, e nem sabia se queria realmente, não sabia se seria uma boa mãe. A questão é que não foi planejado, nada. Mas aconteceu e assim como da primeira vez, eu não teria coragem de fazer nada contra um bebê.
Nos últimos dois meses, tenho conversado bastante com minha psicóloga, tenho tentando assimilar que há um bebê na minha barriga. Não é fácil, é esquisito.
Eu pensei que por ser um filho do Gabriel, eu amaria estar grávida, mas sequer toco minha barriga. Simplesmente não consigo, minha médica disse que estou em negação. Não entendo, eu deveria estar muito feliz, mas só sinto medo. Medo de não ser boa o suficiente, medo de perder o bebê, medo de não dar conta do que está por vir. São tantas inseguras me perseguindo, que não consigo focar na parte boa. Hoje vou descobrir o sexo, e não consigo me animar.
Sai dos meus pensamentos e olhei para a mulher sentada perto de mim, com uma bela barriga rendonda e grande. Não conseguia me imaginar assimilar que logo seria eu, ela soltou o ar pela boca e acariciou a barriga parando a mão na lateral e sorriu sozinha.
Será que eu chegaria nesse nível de amor?
— Está de quanto tempo?
— Quase trinta e nove semanas— Disse sorridente— Não vejo a hora dela nascer. E você?
— Cinco meses— Digo olhando sua barriga.
Voltei a olhar para o meus pés e suspirei. Gabriel vinha sendo um anjo, ele sempre era, calmo e atencioso, vinha me paparicando, e dando muita atenção. Tenho passado bastante tempo no apartamento dele, não quero ficar na casa dos meus pais, estando grávida. Por isso nos dois estamos procurando um lugar maior pra gente morar junto, um lugar mais confortável para o bebê também. Ergui os olhos e sorri quando vi de longe ele se aproximar e vir na minha direção, me dando um selinho e expalmando a mão sobre minha barriga.
—Trouxe brownie pra você— Sorri deitando a cabeça em seu ombro.
— Obrigado.
O meu desconforto maior não quero ter um bebê, e sim o momento. Eu não tenho um trabalho que me paga o melhor salário, o Gabriel está em processo de evolução na carreira dele, e para mim o bebê meio que ia atrapalhar os planos dele. E tudo que eu não quero é fazer isso.
O meu nome foi chamado e fiquei de pé puxando minha blusa pra baixo, estava de calça e tenis, uma roupa confortável. Caminhei pelo corredor e entrei na sala da médica, me sentei na cadeira e esperei Gabriel se sentar junto comigo, ele segurou a minha mão.
— Como você está?
— Tô bem— Digo— Um pouco cansada.
— Isso é normal— Ela disse simpática — Seus últimos exames de sangue deram normal ok? Você está muito bem, seus remédios estão em dia. Sente alguma dor?
— Não— Respondo.
— Enjôos?
— Também não— Digo, só tive enjôos no mês passado, agora não mais. Ainda bem, porque foi horrível.
— Pode deitar ali e levantar sua blusa por favor— Eu fiz exatamente como ela disse.
Me deitei e puxei minha blusa a deixando embolada na parte dos seios.
— Vou passar um gel aqui, um pouquinho gelado— Fechei os olhos e senti quando o gel entrou em contato com minha pele.
Voltei a abrir os olhos e encarei o monitor com riscos pretos e branco. Os borrões começaram a tomar forma e eu olhei pra Gabriel que estava atento a tela. Ele desceu os olhos pra mim e sorriu me analisando antes de me dar um beijo nos cabelos.
—Relaxa— Sussurou e assenti.
— Já da pra ver direitinho o sexo— A médica nos encarou— Já querem saber?— Apertei a mão de Gabriel e concordei— Tudo bem…deixa eu ver…é uma menina.
Sei que ela ainda falou mais coisas, mas eu simplesmente não ouvi. Era como se a real tivesse caído, teria uma menina.
Uma menininha.
Engoli seco voltando meus olhos para o monitor vendo com bastante dificuldade a minha filha. Ela precisava de uma mãe, e eu ia me esforçar pra isso.
(...)
— O que é?—Indaguei curiosa e Gabriel balançou a cabeça me negando a dizer qualquer coisa.
Voltei a olhar a estrada repleta de árvores, ao fundo era possível ver a água. Levando em conta que estávamos a uma hora no carro, eu estava mais que curiosa.
— Fala por favor— Pedi vendo ele sorrir enquanto dirigia— Eu vou te dar uma filha…
— E eu te farei uma surpresa, de verdade…espero que você goste. Meu coração tá batendo acelerado aqui.
Desisti de tentar adivinhar onde estávamos indo e olhei para a paisagem, não ia adiantar, ele não ia falar. Quando passamos pela ponte e eu me dei conta de que estávamos em Long Island, nunca tinha vindo, mas já vi fotos. Me encantei, era uma energia tão diferente, algo que trazia calmaria. Não era corrido como Nova York, era o oposto.
Eu olhei para Gabriel, era o que eu estava pensando. Meu namorado sempre disse dá vontade de se mudar de se mudar de Nova York.
— Gabriel…
— Não comprei nada ainda, mas quero que você veja a casa.
Meia hora mais tarde, nós chegamos na casa, que ficava num condomínio bem familiar, durante o caminho, eu vi algumas crianças brincando, famílias. Eu gostei!
A casa que Gabriel escolheu, era linda também. Tinha uma entrada linda, uma típica casa americana, e grande. A parte de dentro, era linda, simples, não tinha personalidade, mas seria resolvido com uma boa decoração, mas era espaçosa e iluminada. Continha quatro quartos, sala de estar, de jantar e um escritório, uma cozinha grande e ampla em conceito aberto, três banheiro. E por fim, a parte que eu mais gostei, o quintal dos fundos. Era enorme, cercado por muros altos que davam muita privacidade, árvores e flores bem cuidadas, e tinha até uma jacuzzi.
— O que você achou?—Gabriel perguntou olhando envolta.
Toquei minha barriga e respirei fundo. Era muito bonita, não tinha dúvidas, eu conseguia me imaginar morando ali, além disso. Ficava a uma hora e meia de Nova York, mas era distante o suficiente pra vivermos do jeito que a gente queria.
— É linda— Sorri olhando as paredes brancas, recém pintadas— Mas deve ser bem cara né?—Me virei pra ele.
— Não se preocupe com isso— Disse vindo até mim e trazendo a mão até minha barriga, a tocando com cuidado. Logo senti um chutinho.
— Mas é caro…
— Eu tenho dinheiro guardado, Luise— Falou e eu sorri— Aqui seria um otimo lugar pra gente começar nossa história.
Gabriel tinha razão, e eu recebi a indenização do Alex, não sabia com o que gastar.
— Eu já consigo imaginar nossa filha pulando do sofá— Arregalei os olhos olhando a sala ampla— Correndo pela casa…— Alisei a barriga pensativa.
— Eu adorei— Sorri pra ele lhe dando um selinho— Amei de verdade…adorei os vizinhos.
— Quero começar uma vida com você, aqui. Ter uma família.
Uni nossos lábios num beijo calmo. As vezes eu sentia que era um pouco fria, mas não era, só meu jeito. O Gabriel fazia tanto por mim, ele se esforçava e eu via tudo isso. E ele era perfeito, íamos ter uma bebê, uma família e até a casa ele escolheu com cuidado.
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LUISE- "Spin Off Série Filhos"
RomanceSomos rosas, que quando cuidadas se tornam lindas, mas quando não são, morrem. A vida nos faz tomar escolhas, Luise escolheu se casar por algo que ela achava ser amor, mas para um casamento ser firme ele precisa que ambos os lados queiram o mesmo...