Somos rosas, que quando cuidadas se tornam lindas, mas quando não são, morrem.
A vida nos faz tomar escolhas, Luise escolheu se casar por algo que ela achava ser amor, mas para um casamento ser firme ele precisa que ambos os lados queiram o mesmo...
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Me olhei no espelho e sorri, tentando afastar, mentalmente, o meu nervosismo. Eu queria muito que minha mão não fosse indelicada com a Luise. A Luise não sabe o tanto de coisas que a minha mãe já disse dela dela. Prefiro que ela não saiba também. Peguei meu celular e sentei na cama, como a casa da minha mãe é longe, vamos sair agora, pra chegar lá pela tarde e vamos dormir por lá.
Enviei uma mensagem para a Lu, avisando que já chegaria para lhe buscar e depois peguei minha mochila. Sai de casa às dez da manhã, cheguei na casa da Luise quase onze da manhã e ela já estava me esperando. Sai do carro para ajudar com a mochila e uma malinha pequena que ela estava levando. Coloquei as coisas dela no porta-malas e depois me aproximei lhe abraçando. Minha namorada abriu um sorriso com um brilho no olhar. Seus cabelos estavam um pouco volumosos por conta das ondas nas pontas, a maquiagem leve com gloss. Uni nossos lábios sentindo o gostinho de morango em sua boca e me afastei.
— Estou nervosa pra conhecer sua mãe— Disse.
— Relaxa— Falei pegando sua mão e ela suspirou dando um sorriso pequeno— Vamos?
— Aham— A levei até o carro e abri a porta.
Entrei do outro lado e liguei o carro. A estrada era bem tranquila, não era muita gente que saia de Nova York no meio da semana. Chegamos duas horas depois, a cidade me dava nostalgia, eu gostava muito daqui.
(...)
— O meu amor…aqui— Minha mãe me entregou uma xícara de café e depois se sentou no sofá de frente para mim.
Havíamos chego a pouco tempo, e minha mãe fez café e bolo pra gente. Seus olhos caíram na minha namorada, e Luise não percebeu, mas minha mãe a observou de cima a baixo.
— É você querida?—Indagou e Luise ergueu a sobrancelha—Com o que você trabalha?
— Trabalho numa loja— Luise respondeu sorrindo, minha mãe deu um sorriso pequeno e balançou a cabeça.
— Você sabe que o Gabriel é meu maior orgulho né?—Indagou— Sempre disse pra ele que estudo era a melhor coisa que ele poderia fazer na vida. Deu certo, Gabriel estudou na melhor faculdade do pais. E você, estou alguma coisa?
— Hum…não, mas agora estou pensando nessa possibilidade— Falou— Estou pensando em estudar direito…ou psicologia.
—Entendi— Eu olhei para a minha mãe entendendo exatamente o que ela estava fazendo.
Ela fechou a boca numa linha reta e bebeu o seu café.
Luise me lançou um sorriso pequeno e depois segurou a minha mão.
Graças a Deus minha mão não disse mais nenhuma bobeira, mas depois eu falaria com ela. Eu fiz questão de mudar o assunto e nos conversamos civilizadamente. Iríamos dormir ali.
(...)
Deixei as toalhas sobre a cama e me aproximei de Luise lhe dando um beijo no pescoço.
— Suas coisas estão aqui tá bom?—Falei— Toalha, o restante está no banheiro.
— Tá bom— Ela abraçou meu pescoço e cerrou os olhos— Eu acho que a sua mãe não gostou muito de mim, o que você acha?
— Ela gosta de você— Disse— Ela só é protetora.
— Entendi— Tocou meu rosto— Eu vou tomar um banho e depois vou pra sala ficar com você.
Concordei e lhe dei mais um beijo antes dei deixa-la tomar um banho. Tirei algumas coisas da minha mochila e depois sai do quarto, descendo as escadas, passei os olhos pela sala e entrei na cozinha. Me sentei na cadeira e minha mãe sorriu de forma extremamente confortadora. Quando meu pai morreu minha mãe ficou muito sozinha, e acabou se apegando demais em mim.
Ela sentou na cadeira do meu lado e sorriu.
— Estou tão feliz que você tá aqui— Disse estendendo a mão por cima da mesa e pegou minha mão— Gostaria que morasse aqui.
— Você sabe que eu não posso fazer isso agora.
— Eu sei— Sorriu e olhou em direção a escada— Eu não acho que aquela menina é pra você filho— Afastei nossas mãos dela— Não me leve a mal meu bem…eu só acho que ela não é pra você, você é um rapaz tão bom, nunca trouxe um monte de mulher pra dentro de casa enquanto morava comigo, e até quando morava fora, não era de sair por aí, namorando qualquer uma. E ela?
— Eu não me importo.
— Claro que não, não se importa agora, vocês estão juntos a pouco tempo. Mas quando vocês estiverem em algum lugar e ela encontrar alguém que já namorou?
— Como eu disse, não me importo mãe.
A mulher na minha frente suspirou e voltou a me olhar.
— Filho, não é possível— Disse impaciente— Essa garota já ficou com meio mundo antes de casar, aí se divorciou e agora está contigo…você não acha o cúmulo?
— Não— Levantei da cadeira— Mãe, tenho vinte e três anos, e não vou permitir que você fale assim dela.
— Tá brigando com a sua mãe, e defendendo aquela garota sem valor?
— Luise tem mais valor do que muita gente…inclusive aquelas pessoas que você considera certinhas da sua igreja. Não permito que você fale assim dela.
— O cúmulo…você tá brigando comigo, filho?— Revirei os olhos quando ela começou o seu drama.
— Estou— Falei— Não diga mais nada desrespeitoso em relação a ela.
Não deixei ela falar mais nada e sai da cozinha, subi as escadas e entrei no quarto. Só não iria embora, por já ser noite, mas amanhã cedo iríamos. Eu não ia abandonar a minha mãe, jamais faria isso, mas daria um gelo nela, para que aprendesse a não se meter na minha vida. Sentei na cama e sorri pra minha namorada que saiu do banheiro com os cabelos úmidos e uma toalha na cintura.
— Olha isso— Ela sentou no meu colo e me mostrou um email no celular.
O peguei e comecei a ler. Era uma intimação, para ela testemunhar contra o Alex. Continha a data e outras coisas.
— É bem tranquilo.
— Eu vou ter que ver ele— Franzi a testa e lhe encarei.
— Você sabe muita sobre ele?— Perguntei curioso— Tipo, algo que pode incrimina-lo?
Ela pensou por algum tempo e umedeceu os lábios.
— Eu já vi algumas pessoas que frequentavam a nossa casa sabe…já vi ele com mala de dinheiro— Disse e me olhou— Tipo ele tinha um amigo chamado Jorge, e tinha a esposa dele também, inclusive o Alex me traiu com ela.
Era nojento!
— Essas coisas— Ela piscou os olhos— Tipo, já vi os dois falarem coisas, do tipo de maquiar a contabilidade das empresas deles…
— Isso com certeza vai foder com ele— Falei e ela concordou— Você vai né?
— Sim!—Sorri— Quero que ele pague pelo que fez, se o juiz me perguntar do nosso casamento eu vou falar também.
