6 - Não é meu

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Lalisa P.O.V.

Rosé estava tão pálida quanto um papel quando entrou na minha sala, ela pediu pra conversar comigo no fim do dia, o relógio marcava exatamente 22:40 pm e creio que a maioria dos alunos e professores já se foram, optei por esperar até que o movimento do bloco fosse menos intenso.

Assim que a loira me encontrou no corredor que dava acesso a minha sala, acenei recebendo uma cara fechada como resposta, imaginei que seria assim depois de tantas mensagens ignoradas. Andamos até a porta da sala e abri para que a loira pudesse entrar.

— Senta, fica à vontade.

— Vai me tratar com gentileza agora? Depois de semanas me evitando e ignorando é bom receber o mínimo.

— Olha Rosie, eu deixei claro para você que eu não me envolvo com ninguém. Além do mais, o que as pessoas vão falar se eu lhe tratar diferente dos demais alunos?

— Como você acha que deve me tratar depois disso?

Rosé me entregou um envelope com o nome de uma clínica conhecida, assim que abri o documento pude identificar um teste de gravidez.

Senti minha alma sair do corpo e voltar pelo menos 3 vezes. Meu estômago embrulhou e minhas pernas bambearam, me sentei na mesa atrás de mim, em frente a loira, com os olhos arregalados. Tentei suavizar minha expressão facial e tenho certeza que acabei com um ar debochado, não era o que eu queria mas foi o que consegui.

— Parabéns, mamãe. Mas o que eu tenho a ver com isso?

Ela soltou uma risada nasal e pude sentir o seu ódio crescendo quando as bochechas fofinhas da loira ganharam uma coloração rosada.

— Como o que você tem a ver com isso, Lisa? Se eu estou te entregando isso é porque desconfio de que você possa ser a progenitora desse feto.

O modo como ela falou com desprezo do bebê que tinha em seu ventre me fez cerrar os punhos e travar a mandíbula. Se tivesse alguém que deveria ter essa reação seria eu, não?

-Não fale com tanto desprezo. Mas sinto lhe informar que não tem como ser meu, você provavelmente deve ter perdido as contas de com quantos caras transou e veio direto ao mais lucrativo?

Rosé levantou da cadeira e ficou em minha frente, pude sentir o ar saindo com raiva pela sua boca, ela apontou o dedo na minha cara com raiva.

— Eu pensei por um milésimo de segundo naquela noite que você poderia ser diferente, que poderia ser gentil, ter a gentileza de uma mulher, já que é uma, mesmo que sem ovário.

Ela riu.

— Mas me enganei, é cafajeste como qualquer homem.

Senti meu rosto arder, quando a mão pequena mas forte da garota me atingiu, ela se virou para bater em retirada mas a impedi segurando seu pulso, puxei seu corpo com mais força do que desejava e ela acabou se chocando contra mim segurei sua cintura e vi a garota chorando, eu não poderia ser uma completa babaca, se ela estava ali e estava me mostrando aquilo eu deveria dar ao menos a chance dela se explicar, e tem várias formas de fazer teste de DNA para comprovar, a dúvida não me agrada. 

O que me pegou desprevenida foi lembrar do meu passado...

— Ei, me desculpe, eu não tive a melhor reação, eu só... Passei por momentos no passado em que isso aqui - apontei para a folha que ainda estava entre meus dedos - me proporcionou um gatilho.

Abracei ela contra mim, deixei que chorasse, outra hora a gente iria atrás do pai dessa criança, realmente não tem a possibilidade de ser meu.

— Tem banheiro nessa sala?

Mal apontei para a porta e Rosé saiu correndo em direção a ela, sintomas primários são uma merda.

Um tempo depois, ela voltou, agora parecia melhor, voltei à minha postura anterior, não serei grossa mas também não irei assumir nada que eu não tenha feito.

— Você tem alguma outra possibilidade, ou sei lá, tinha algum namorado recente.

— Sim, pode ser de outra pessoa.

Não sei exatamente o porquê, mas sinto como se isso não fosse 100% verdade, a forma como ela coçou o nariz ao falar e desviou o olhar não me deu a melhor sensação, algo aqui é mentira e eu vou descobrir.

— Eu havia terminado alguns dias antes de sair contigo, Eunwoo é o nome dele.

— E o que ele faz da vida? Ele vai ter condições de criar essa criança?

— Ele trabalha... Bom, não é bem uma profissão. Ele tem uma banda. Mas eu tenho certeza de que é seu.

— Park, vou ser sincera contigo e quero que não me leve a mal, okay?

Ela assentiu veemente.

— Rosie, eu não quero que confunda as coisas, eu não irei ter uma família feliz contigo, não irei namorar ou casar, pra criar esse bebê juntas, se for de fato meu, eu irei te dar suporte, é claro, mas tenta ver do meu ponto, sou sua professora, tenho uma carreira a zelar e eu nem sequer tenho sentimentos que poderiam levar a considerar a situação.

— Ai meu Deus Lalisa, como pode ser tão estúpida? Eu não quero isso, você não é tudo isso que você pensa. Eu provavelmente vou voltar com o Eunwoo, você não precisa se preocupar e provavelmente criaremos juntos.

— Nem pense que se esse filho for meu você vai criá-lo junto com um sem futuro.

— Tudo bem, resolvemos na justiça. E o que você pensa? Que vou lidar com essa loucura toda sozinha? Não quer a responsabilidade de um filho mas não me deixa ter alguém ao meu lado me ajudando? Pare de pensar com as bolas.

— Chaeyoung, cai na real, acha mesmo que se levar isso a justiça vai ficar com a guarda da criança? Eu não quero tirá-lo de você, mas veja bem, uma doutora com uma profissão e um currículo excelentes, contra uma estudante do primeiro período que mora com a tia e é sustentada pelos pais? Não me obrigue a fazer isso. 

Qual é o preço da luxúria? - Chaelisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora