A professora de anatomia e a estudante dedicada, uma faísca de desejo e tudo foi por água abaixo. Mas será que elas estão prontas para lidar com essa situação? Será que elas realmente podem dar certo juntas?
O sol brilhava tímido, iluminava a casa até onde podia, invadia e trazia um certo conforto. O som das buzinas e do trânsito caótico começava a ganhar força, mas ainda assim fiquei na sacada escorada no parapeito segurando minha xícara de café.
Meu celular apitou e retirei ele de dentro do moletom.
" Bom dia apaixonadinha, espero que tenha conseguido lidar com a Rosie de coração partido, eu sei o quanto ela pode ser intensa nesses momentos, se precisar de algo estou aqui.
xoxo JK"
Sorri para o aparelho relembrando da noite passada, fácil foi uma palavra desconhecida para a situação, quando decidimos dar uma trégua Rosie entrou no meu quarto e tomou um banho demorado, vestiu minhas roupas e deitei com ela até ela adormecer. Depois disso eu tomei um banho e saí do quarto e desde então não voltei para lá, passei a noite em claro sendo atormentada por mil pensamentos que me castigavam.
O relógio marcava 08:00 da manhã e eu pude ver uma cena que enfim deixou meu coração quentinho de novo. Meu pequeno apareceu na sala arrastando Minnie pela mão, ele amava ela com devoção, se ela estivesse junto dele, ele esquecia da existência de qualquer pessoa ao seu redor. Mas quando seus olhinhos me encontraram aqui fora ele correu para mim, do jeito dele, tropeçando e quase caindo no percurso, quando o ergui em meus braços ele sorriu ainda mais largo, deixando os olhinhos fecharem e me abraçou com força.
— Bom dia Lali, como você está?
Abracei minha irmã e sem dizer nada ela soube exatamente como eu estava.
— Bom dia Minmin, tem café na cozinha e os abacates para a vitamina do Jae estão na geladeira.
— Sem café, estou em um processo de mudança de hábitos, você deveria tentar. Vou fazer vitamina para nós três.
— Eu fico com o café, quem toma vitamina de abacate?
Rosie apareceu na sala com o rosto inchado, os olhos quase fechados e a cara de sono entregava a noite mal dormida. Minnie me olhou e sorriu com as sobrancelhas unidas demonstrando a confusão que pairava em sua mente, mas ao ver meu sorriso curto o seu sorriso se transformou em uma expressão de "sinto muito".
— Certo certo, vitamina para mim e para Jae, as duas acabadas que tiveram a pior noite da vida podem acabar com o estoque de café.
Jae chamou por Rosie, do seu jeitinho, e ela veio até nós, tentei entregá-lo para ela mas ele não quis deixar meu corpo, apenas queria as duas mães coladinhas com ele. Minnie riu porque apesar de saber que eu estava chateada com algo ela sabia que seu humor poderia me ajudar.
— Olha só, JaeJae servindo torta de climão para as mamães. Vem cá vem, o que você acha de tomarmos nosso café da manhã dando uma volta pelo parque do condomínio?
— Minnie, não precisa, tá tudo bem. - Rosé falou enquanto estranhamente passou sua mão pelo meu ombro deixando um carinho, meu corpo idiota reagiu e senti um arrepio traidor me atingir. - Trégua, Manoban?
Seus olhinhos pidões pareciam os do gato de botas, e no fundo eu não estava chateada com ela, de forma alguma eu poderia estar, as coisas aconteceram e não acho que tenha um culpado, pelo menos do meu ponto de vista era muito além de quem tem a culpa por tal desastre, talvez arrependimento de não ter feito diferente, mas eu por mim mesma, jamais colocaria minhas responsabilidades nas costas de alguém, não agora, não essa Lisa.
— Tá tudo bem, Minnie.
— Que ótimo. Então podem desmanchar essas caras de depressão e iremos todos juntos tomar café no parque, não é um questionamento!
Eu sorri e Rosé deu de ombros com um sorriso leve brincando em seus lábios. A parte boa do pós surto é sempre a calmaria que vem depois, com ela é assim, daqui alguns dias ela vai querer conversar sobre isso, vai se manter o mais longe do assunto Suzy e eu serei a pessoa que vai cuidar desse machucado, mesmo que não seja romanticamente, ela merece isso e eu posso fazer. Posso ser a melhor amiga dela.
...
— Aí, sua cara nem tá tão ruim assim, você tem sorte de ser linda, se fosse eu tendo uma noite mal dormida eu estaria bem pior.
Minnie tentava provar para Rosé que seu rosto estava lindo mesmo inchado, e de fato não estava tão marcado assim, apenas os olhos entregavam que ela não teve a melhor noite, mas os óculos escondiam.
— Tudo bem, tudo bem, não está mais aqui quem reclamou, vou colocar o Jae no balanço um pouco.
E ela saiu sorrindo com o pequeno nos braços que comemorava ao ver os brinquedos do parque ficando mais próximos. Minnie me fitou por alguns segundos, eu estava com a cabeça apoiada nos joelhos, sentada no tapete sob a grama fresquinha eu tentava respirar o ar puro desse pequeno pedaço verde no meio de tanto concreto.
— Vai me contar o que aconteceu? Ou vou precisar ver suas câmeras? Ou quem sabe posso pedir a Rosie.
— Suzy deixou ela, ela teve um surto, jogou tudo que pode na minha cara, tentou me socar e no fim acabou pedindo pra dormir comigo. Eu vi o pior dela, o mais profundo e o mais frágil. Isso não me assustou, eu protegi ela mas algo aqui dentro doeu, sabe?
— Sei... Ela falou algo que te fez lembrar...?
— Sim, sei que não foi por mal, mas isso sempre volta e quando volta eu sinto na mesma intensidade.
— Eu sinto muito Lali, sinto muito mesmo, queria poder tirar essa dor daí de dentro e achar alguém pra ocupar esse vazio.
— O vazio foi preenchido, mas não é como se o amor fosse o único fator aqui, sabe?
— Vou falar de novo, você que lute, mas, a terapia resolveria, você deveria voltar.
— Eu sei que seria ótimo, mas eu posso lidar com isso, no momento eu quero focar em ajudar ela com o afastamento da Suzy, por mais que pareça irônico ou qualquer baboseira desse tipo, eu quero cuidar dela sem pensar no amanhã, entende?
— Tipo, você vai esquecer que é apaixonada por ela, loucamente, que ama ela, vai conviver como melhor amiga dela mas sem intenção de fazer ela se apaixonar por você?
— Quando foi que você instalou chips para aumentar a inteligência? - Falei enquanto atacava minha irmã para checar qualquer cicatriz que pudesse demonstrar a lavagem cerebral ou trepanação, riamos e ela tentava sair do meu encalço enquanto me empurrava.
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