38 - Eu não sou forte

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Autora on: Aniversário da nossa unnie fofinha, JenJen, e quem ganha são vocês. 

P.S. quero fazer uma fic chaennie logo logo pra postar aqui também.


— Lisa yah! Esse filme não foi uma boa escolha.

Lisa ria a cada cena onde o palhaço macabro assassinava outra pessoa da forma mais sangrenta possível, eu já não ligava mais pelo fato de estar quase sentada no colo dela agarrada no corpo sarado de Lisa, ela também pareceu não se importar quando me abraçou e deixou que eu escondesse o rosto em seu pescoço a cada susto.

— Olha agora, olha agora, ele vai pra lavanderia lavar a roupinha de palhaço dele.

— Ele vai matar a moça?

— Só vai saber se ver.

— Acho que prefiro o benefício da dúvida. - Fechei meus olhos mais uma vez quando vi o sorriso esquisito do palhaço e saltei pro colo de Lisa quando um estrondo grande se fez audível lá fora, pelo visto uma tempestado vem aí.

— Ei, calma, vamos ver outra coisa, você não vai conseguir dormir se continuarmos com esse filme.

Lisa me abraçou com força e desligou a televisão, a sala era iluminada apenas pelo abajur de canto, a babá eletrônica nos mostrava que nosso pequeno seguia em um sono tranquilo mesmo com o barulho alto, agradeci mentalmente por esse quarto ter um bom isolamento acústico.

E a água começou a rolar na parte externa, a chuva começou de forma nada sutil e os ventos balançam as árvores lá de fora que dançavam em meio ao caos, eu quis fechar as cortinas para não ver e não pensar nas cenas assustadoras do filme mas fiquei com vergonha de parecer tão medrosa, me desvencilhei de Lisa e sentei ao seu lado.

— Desculpa, eu deveria aceitar que sou fraca demais para esses filmes.

— Tá tudo bem, é natural você ter medo, eu que sou estranha por rir disso, mas, temos um problema, como eu vou pra casa com essa chuva toda?

— Ah, isso é simples, dorme aqui e amanhã você vai pra faculdade cedo, não tem problemas e eu odiaria dormir sozinha com nosso filho depois disso.

— Tem certeza? Eu não quero te incomodar Rosie...

— Vai me incomodar se insistir em ir embora, não vou dormir tranquila sabendo que você está com essa moto maluca pelas ruas em meio a essa chuva toda.

— Falando nisso, preciso ligar pra Minnie.

Ela disse se levantando para fazer a ligação, Lisa parecia inquieta, não sei se ela estava confortável com isso mas nesse momento eu não iria me importar, se ela for embora eu vou passar a noite em claro checando a casa e se tudo está seguro, provável que eu ligue pra Jennie e seríamos duas perdendo uma boa noite de sono, estatisticamente tenho um bom ponto.

Enquanto Lisa falava ao telefone no corredor andando de um lado pro outro eu aproveitei para levar as caixas e copos para cozinha, ajeitei um pouco da bagunça e chequei o horário, já passava de meia noite.

— Bom, ela está em casa, desistiram da balada quando viram o céu depois do cinema, fico mais tranquila. Vamos nos organizar pra dormir? Logo vai estar na hora do Jae acordar e vou deixar tudo organizado para dar a mamadeira dele, você pode dormir.

— Não precisa, eu estou acostumada com a rotina e provavelmente vou acordar se é que eu durma até lá.

— Então faremos isso juntas, quero te ajudar, queria poder fazer trocas contigo, um dia eu um dia você, te ajudar com a rotina noturna dele.

— Só se vier morar com a gente, não tem como você vir de lá do seu apartamento pra cá madrugada sim outra não.

Eu ri e ela riu comigo, me apoiei na bancada e Lisa se encostou na pia ficando de frente comigo, nos olhamos em silêncio por um bom tempo, meu peito barulhava, eu sentia meu coração bater forte enquanto eu tentava internamente calá-lo, Lisa mordia o lábio como se quisesse muito dizer algo e eu queria acabar com essa angústia no meu peito, eu queria jogar tudo pro ar e dar a ela a melhor noite da vida, queria transar até o sol raiar e por hoje, só por hoje esquecer de tudo a minha volta, esquecer da minha vida corrida com Jae, queria esquecer minhas responsabilidades e poder gozar com a pessoa que me fez ter o melhor dos meus orgasmos.

Mas eu não podia, eu tinha um filho e mil responsabilidades com ele, não que eu esteja reclamando, eu o amo com todo meu coração, eu daria a minha vida a ele sem nem pensar, mas a rotina e a vida de mãe não é fácil, não é como se fosse comum ver as outras mães falando da parte desafiante por trás da beleza da maternidade, eu só estava cansada, não do meu filho mas de ser mãe e queria poder viver por mim um pouquinho.

Eu sentia tanta falta de me arrumar, de me produzir pra uma balada onde eu escolheria alguém entre tantas pessoas que me cortejavam, queria ver pessoas me desejando como antes de ter um filho, os olhares parecem não serem mais direcionados pra mim em nenhum ambiente e eu sinto que tudo na minha vida se resume agora ao meu filho.

— O que você tanto pensa?

— Ah... Nada de importante, e você?

Lisa me surpreendeu quando avançou sobre mim, em um ato que pareceu induzido por uma coragem que nem ela sabia de onde veio, Lisa fechou os olhos e encostou a testa na minha, me prendeu entre seu corpo e a bancada e todos os cantinhos possíveis se grudaram, eu sentia ela presa em mim, ela sorria de olhos fechados.

Lisa deslizou o rosto tocando a sua bochecha na minha e ficando com a boca perto do meu ouvido, suas mãos foram direto pra debaixo do meu moletom e pude sentir seus dedos gélidos se grudando na minha pele quente, meu corpo todo entrou em estado de alerta e eu não consegui me mover, minhas mãos prenderam na bancada com força.

— Você não faz ideia do quão difícil está sendo pra mim essa noite, eu quis jogar todo meu autocontrole pelos ares pelo menos umas 23 vezes, quis mandar tudo pra merda e te agarrar, te fazer minha mulher.

Ela arrastava os dedos pela minha pele com gana, senti seu membro se desenhando firme contra minha virilha e não consegui segurar um suspiro alto, baixei minha cabeça encostando a testa no ombro dela, eu quero que ela jogue tudo pra merda e me faça dela aqui e agora.

— Lisa...

— Não, Rosie, eu não sou tão forte assim, eu jamais senti tanta vontade quanto eu sinto contigo, eu nunca senti tanto desejo quanto eu sinto contigo. - Lisa arrastou o nariz pelo meu pescoço e prendeu ainda mais meu corpo contra o dela com força, joguei minha cabeça pra trás e um gemido sôfrego saiu arrastado da minha garganta. - Eu sinto amor por você, eu sinto desejo, sinto que quero tudo contigo, me diz, o que eu faço com isso tudo Rosé?

Me fode, era o que eu queria dizer, me fode com força e me arranca um orgasmo, me faz sentir que você tem controle sobre todo o meu corpo e me mostra como eu posso me entregar de todas as formas possíveis pra ti.

— Lisa, eu...

Ela sorriu contra meu pescoço, suspirou pesadamente e seu toque firme se fez calmo e sereno, seus dedos que marcaram minha pele suavizaram deixando um carinho quase inocente por toda extensão das minhas costas.

— Eu sei que eu não posso, eu sei que preciso te respeitar e te dar espaço, Suzy ainda deve estar aí dentro e talvez não tenha mais espaço para mim...

Eu queria rebater, queria dizer a ela que ela sequer saiu daqui algum dia, queria dizer que eu já lidei com isso e que já estava pronta para ela, que confiava em suas palavras e que iria aceitar tudo que ela me propusesse. Mas mais uma vez, não consegui externalizar nenhum pensamento.

O som do choro do nosso filho ecoou pela casa quando mais um trovão saiu lá fora, Lisa se desprendeu de mim com pressa, foi como arrancar um band-aid sem aviso prévio e meu corpo sentiu falta dela no mesmo instante.

— Eu acalmo ele, pode subir pro seu quarto, passo lá pra te dar boa noite antes de dormir.

Um estalo de um beijo casto na minha testa e Lisa se transformou em um vulto na casa pouco iluminada, e eu me praguejei por ainda estar parada no mesmo lugar com uma bagunça ainda maior dentro de mim. 

Qual é o preço da luxúria? - Chaelisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora