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Thalita

Contar a minha história para o Philippe não foi fácil, pois minhas memórias do que aconteceu continuam vívidas em minha mente.

Me lembro de ter passado quase um mês tendo crises de pânico por conta daquele sequestro, de toda a tortura que passei e do quase estupro. Tive medo de alguns conhecidos, até Lc me ajudar com os treinamentos, tentando ao máximo acabar com minhas crises.

Com um tempo as crises diminuíram e passaram a habitar meus pesadelos, fazendo com que eu perca noites de sono por medo de voltar a dormir e ter os mesmos sonhos ruins.

Estou um pouco envergonhada de ter contado tudo isso ao Philippe e ter chorado abraçada a ele como um bebê de colo, por isso, assim que o dia amanhece eu começo a me arrumar pra ir embora.

Sinto como se tivesse um peso em meus ombros, uma dor chata por não ter conseguido descansar muito. Poderia deitar novamente ou simplesmente voltar pra casa e descansar por mais umas horas.

Claramente decido voltar pra casa, pois não posso vacilar muito com o horário. Pego minhas coisas e saio de fininho do quarto, indo embora sem que Philippe perceba.

Deixei bem avisado a ele em um bilhetinho que tava indo embora, só pra ele nn ficar assustado em não me encontrar. Agora só ir pra casa e tentar dormir um pouquinho mais antes da correria.

{...}

Já são uma e meia da tarde quando acordo, meu pai provavelmente tá na boca principal e deve ter pedido almoço pra dona Lurdes.

Por isso, decido ir na casa da minha melhor amiga, pra colocar o papo em dia e tentar trazer uma normalidade pra minha vida. Esses últimos dias têm sido uma loucura e eu não tô aguentando mais todas essas mudanças.

Tomo um banho e visto uma regata preta e um short jeans azul claro, passo um perfume e pego minhas coisas, saindo de casa.

Meu irmão provavelmente tá na casa da sobrinha da Milena, aqueles dois são muito arteiros e não param quietos um segundo, não sei como a Mileninha consegue ser tão paciente com eles. Ela tem esse dom!

Cumprimento alguns vizinhos e os vapores que ficam na frente de casa, depois subo na minha moto e vou direto pra casa da Pietra.

Aqui no morro eu sempre tento não acelerar demais a moto, pra não machucar as crianças que brincam na rua, mas se eu tivesse em outro lugar, estaria praticamente voando pra chegar o mais rápido possível.

Teve uma vez que um dos vapores ficou querendo se exibir pra geral indo muito rápido e acabou machucando um garotinho. Meu pai ajudou a pagar os remédios e curativos, e fez uma lei de que era proibido acelerar demais a moto por aqui, pra não acontecer mais acidentes.

{...}

Estou almoçando na casa da Pietra, onde a avó dela, dona Eloísa tá contando pra gente o que seu ex namorado fez.

Tia Elô, como ela prefere que eu a chame, criou a Pietra desde sempre, pois a mãe dela não quis saber da própria filha, quando percebeu que o homem que ela amava não largaria o casamento por causa de uma filha "bastarda".

Bem, essa é a história da Pietra, minha melhor amiga teve uma mãe tão ruim quanto a minha, mas encontrou alguém que a amasse como filha de verdade, sua avó materna, assim como eu tive meu pai.

Mas não pensem que tia Elô é uma avó "convencional", daquelas que faz crochê em frente a televisão e é fiel ao casamento, mesmo após a morte do marido. Não, tia Elô é uma avó bem diferente.

Primeiro, que ela foi avó super nova, pois a genitora da Pietra tinha apenas 16 anos quando engravidou. E também pelo fato de que tia Elô também teve sua filha muito nova, quando ela tinha 18 anos.

Ou seja, ela foi avó com apenas 34 anos. E agora, que a Pietra tem 18, ela tá finalmente podendo curtir a juventude, já que não conseguiu aproveitar antes por ter que criar sua filha e depois sua neta.

E ela curte a juventude super bem! Ano passado, ela decidiu fazer uma tatuagem para comemorar seu aniversário de 51 anos. Ela vive indo nos bailes com a gente, e pega vários novinhos por aí.

Até um tempo atrás ela tava namorando com um dos vapores do meu pai, mas ela simplesmente cansou dele e disse que terminou com ele pois ele não gostava de fazer sexo anal.

Pois é, tia Elô é uma figura!! Tenho certeza que as barangas morrem de inveja dela e de sua beleza encantadora.

E agora, ela está aqui, contando sobre seu recente término com o filho da dona Lurdes. O moço provavelmente ficou arrasado com o término.

— Eu disse pra ele que iria sim pro baile de hoje, e que nada nem ninguém iria me impedir. Vocês acreditam que ele ficou com raiva? Aquele idiota gostoso!! Fez uma tempestade em copo d'água por causa de um baile.

— E o que a senhora fez, vovó?

— Senhora é o caralho, Pietra! Me respeita que eu sou muito jovem pra ser chamada assim. — ela briga com a Pietra, que tenta segurar a risada, e depois prossegue:

— Bem, eu disse que se ele continuasse tentando me impedir de sair, estava tudo acabado entre a gente. Mas aí, ele simplesmente me agarrou do nada e começamos a transar gostoso e...

— Sem detalhes, vó!!!!

— Tá bom, querida. Continuando, depois da nossa transa, ele ainda teve a audácia de tentar me convencer a não ir pro baile. Acredita? Aí eu simplesmente me vesti e disse que tava tudo acabado.

— Caralho, tia Elô! Mas você não ficou chateada com o término?

— Chateada? Fiquei foi puta que ele tentou me controlar. Onde já se viu uma porra dessas? E ter tentado me chantagear com sexo!!! Aquele desgraçado do pau gros...

— VOVÓ!!!!! — Pietra grita desesperada, não querendo ouvir detalhes sobre o ex da tia Elô.

Dou uma gargalhada alta de desespero, pois é engraçado ver a dinâmica entre a Pietra e a tia Elô, as duas se dão bem como mãe e filha, mesmo quando a tia fica dando detalhes de suas aventuras sexuais.

Continuamos conversando com tia Elô sobre o término e mais algumas outras coisas por um bom tempo.

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora