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Thalita

Meu coração acelera as batidas cada vez que nos aproximamos do hospital, onde irei ver Ph pela primeira vez após ele ter levado um tiro. Não tive coragem de vê-lo até então, pois me sinto culpada por ele estar lá, em coma. 

Olho pela janela do carro de Lc, tentando me concentrar na música que meu amigo escolheu para tocar. Começo a sentir minhas pernas tremerem pelo nervosismo, minha boca secar e minha respiração ficar ofegante. 

Percebendo minha ansiedade, Lc troca para a música "Como Tudo Deve Ser" da banda Charlie Brown Jr. e deixa o som um pouco mais alto. Respiro fundo, me concentrando no toque da música e sincronizando as batidas do meu coração com as batidas suaves da canção. 

— Tá conseguindo se acalmar? — Lc me pergunta, olhando rapidamente em meus olhos e voltando a se concentrar no trânsito.

— Um pouco. Esse toque suave da música ajuda bastante! 

— Que bom! — ele diz e fica alguns minutos em silêncio, até voltar a dizer — Olha Thata, só queria dizer que não importa o que aconteça, eu estarei sempre do seu lado. 

— Eu sei, Lucas. Saiba que eu também estarei sempre contigo. Somos melhores amigos.

— Sim, ah! E mais uma coisa... Eu serei o padrinho dos seus filhos!!!

Dou uma risada sincera, uma risada que esteve guardada por tantos dias que está até um pouco esganiçada e esquisita. 

— Que foi? Eu tô falando sério!! Tu já vai ser a madrinha dos meus, também quero ser o padrinho dos seus!! Direitos iguais aqui, fia!!!

— Você nem sabe se eu quero ou vou ter filhos algum dia!! 

— Problema não, mandada, tu vai ficar gravidinha logo logo. Acha que eu não sei que você e o Ph transam q nem coelhos?!

Opa, parece que ele tocou no nome proibido. Assim que ele diz sobre eu e o Ph, toda aquela boa energia em mim saiu completamente, e sou tomada por uma tristeza enorme. Será que eu e o Philippe teríamos essa chance? Será que tudo isso irá acabar bem e poderemos ser uma família no fim de tudo? 

— Desculpa, mandada. Acabei falando demais e te deixando triste. 

— Eu só queria que tudo tivesse sido diferente. Se eu tivesse levado aquele tiro no lugar dele...

— Aí ele estaria sofrendo em te ver no hospital, entre a vida e a morte. Não só ele estaria mal, mas seu pai, seu maninho, eu, as meninas... Todos estaríamos sofrendo... Você também estaria em um enorme sofrimento. 

— Eu sei Lc, mas é que eu me sinto culpada por ele estar nesse estado, por isso penso que se fosse eu, estaria tudo bem...

— Não estaria, Thata. Pare de se culpar por isso, mandada, nada disso é sua culpa. Aquela ex maluca do Ph que é culpada, seu ex vingativo que era culpado. Você não tem culpa pelo que aconteceu. O Philippe não iria ficar feliz se soubesse que você anda se culpando. 

— Tá bom! Eu vou tentar parar de me culpar, por você e pelo Ph. 

Ele concorda com a cabeça e seguimos o resto do caminho apenas apreciando as músicas da sua playlist. 

{...}

Assim que terminamos de passar pela recepção do hospital, eu e Lc nos sentamos nas cadeiras da sala de espera, pois a mãe do Ph está com ele e só pode entrar um por vez. Nossa, então porque você trouxe o Lc com você se só pode entrar uma pessoa?  Bem, a resposta é que eu precisava de um ombro amigo para desabar assim que saísse do quarto que o Ph tá, e também alguém para dirigir, pois estou ansiosa desde que saí de casa, e sei que na volta vou estar completamente instável para dirigir um carro. 

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora