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Philippe

Estou voltando pra casa, depois de passar praticamente a tarde toda conversando com o Caveira, meu inimigo, ou talvez novo amigo, não sei.

Nossa relação ainda não tá totalmente cem por cento, mas com o fato de que eu quero conquistar a filha dele, posso dizer que isso ajudou bastante a mudar algumas primeiras impressões que tivemos um do outro.

Com esse pensamento, lembro da ideia que tivemos para que eu consiga reconquistar a Thalita. Caveira disse que terei que batalhar bastante, pois a marrenta é difícil, mas o pai aqui tá preparado pro que tiver que fazer.

Não posso vacilar de novo e correr o risco de perder a marrenta, por isso começo a pensar em possíveis declarações que posso fazer.

Será que ela gosta de declaração em público? Ou será que ela prefere uma coisa mais pessoal e intimista?

E se eu cantasse Claudinho e Buchecha pra ela? Será que a marrenta iria gostar, ou iria rir da minha cara?

Ou será que ela prefere que eu só fale o quanto estou apaixonado por ela e queria o seu perdão para que possamos viver felizes e transando para sempre? Bem, se eu for falar assim, tem que ser a sós, pra não apanhar do Caveira nem nada assim!

Fico tão concentrado em meus pensamentos que acabo não percebendo que estou sendo perseguido por um carro e uma van, os dois com vidros fechados e com a tintura preta.

Começo a acelerar mais a moto, mas então um tiro soa alto, a bala atravessa a roda traseira da moto, me fazendo perder o equilíbrio e cair na estrada, raspando meu corpo no chão.

Quando acho que foram embora, ouço outro tiro e então sinto a bala passando de raspão em minha costela. O choque é tão grande que não consigo aguentar ficar de olhos abertos, mas antes que eu apague completamente, escuto uma voz distante e conhecida me dizer:

— Até daqui a pouco, meu amor.

{...}

Acordo desnorteado, sem saber exatamente onde estou nem como vim parar aqui, mas então sinto uma dor muito forte em minha costela.

Tento mover meus braços para sentir o machucado, mas eles estão acorrentados. Estou sentado em uma cadeira velha, com meus braços e minhas pernas presos, sem saber quem fez isso comigo e nem como permiti que isso acontecesse.

Estava tão distraído que acabei esquecendo de me concentrar na estrada e se não estava sendo seguido. Tudo isso seria evitado se eu tivesse prestado atenção em meu caminho até em casa.

Começo a me preocupar com minha mãe e minha irmãzinha, pois se estou aqui, elas podem estar correndo perigo. Não sei quantas horas se passaram desde que fui sequestrado, elas podem acabar saindo de casa pra me procurar e correrem mais perigos.

Eu precisava falar com elas, mas não consigo nem me mexer nessa cadeira desconfortável. Minha ferida dói pra caralho e não sei quanto de sangue já perdi.

— Olha só, parece que a bela adormecida acordou! — um homem diz, se aproximando da minha cadeira.

Nunca vi esse cara na minha vida! Parece mais um playboy mauricinho saído daquelas revistas americanas. Loiro, dos olhos azuis e com uma cicatriz na bochecha, ele me encara com um ódio gigantesco, que não sei o motivo.

— Quem é você? — digo com a voz rouca, pois estou morrendo de sede.

O idiota ri da minha pergunta, depois aperta minha costela, onde levei o tiro de raspão, fazendo com que eu urre de dor. Em seguida ele diz:

— Eu sou seu maior pesadelo desse momento, Philippe Marques.

— Eu não te conheço, dá pra me soltar. Nunca fiz nada pra um mauricinho como você.

— Tão ingênuo e idiota. Tá se fazendo de otário pra cima de mim? Sabe que posso acabar com a sua vida agorinha mesmo né?!

— Eu sei quem são meus inimigos, e tu com certeza não é nenhum deles. Foi contratado por alguém?

— Tem razão, Philippe, você conhece muito bem seus inimigos. Inclusive transa com uma deles né? Qual o nome dela mesmo... Ahh sim, Thalita Dias, ou melhor dizendo, Perigosa.

— O que você sabe sobre a Thalita? Quer que eu fale alguma coisa? Eu não vou falar nada!!! Se é por causa dela, pode saber que não sei de nada e, mesmo se eu soubesse, não diria nada a você!!! — respiro fundo, tentando fazer com que o ferimento pare de doer um pouco.

— Eu não preciso saber nada sobre a Thalita, conheço ela mais do que você, que se diz tão apaixonado por ela.

— Se é tão bom assim, o que você quer comigo?

— Quero me vingar. Assim como você, sou uma pessoa que protege os familiares. Soube que andou magoando minha irmãzinha querida, por isso te trouxe aqui, para um acerto de contas. — ele dá de ombros, como se não fosse nada demais ele ter me sequestrado — Bem, acabei descobrindo que tu tava se envolvendo com a Thalita, e percebi que isso poderia ser melhor do que um acerto de contas contigo. Eu poderia enfim me vingar de vocês dois ao mesmo tempo!!

— O que ela te fez?

— A vadia não te contou o quanto acabou com a minha vida? Estava a um passo de finalmente orgulhar meu pai, ajudando ele a prender o desgraçado do Caveira por tráfico de drogas. Tive que aguentar aquela prostituta por meses, fingindo que a amava, para que ela se voltasse contra o pai, e então, quando finalmente conseguimos sequestrar-la, tudo foi por água abaixo. Eu estava a ponto de transar com ela, quando me deram um tiro. Ela foi salva e meu pai passou a me odiar por ter perdido a oportunidade de prender o pai dela.

Então acontece um estalo em minha mente, associo as histórias e percebo que esse cara que tá na minha frente é o Benjamin que quase estuprou a marrenta.

— SEU DESGRAÇADO!!! VOCÊ QUASE ESTUPROU A THALITA!!!! — começo a me mexer, tentando me soltar pra dar uma surra nesse filho da puta desgraçado.

Mas então, a porta da salinha se abre, revelando quem eu nunca imaginaria encontrar aqui nesse momento.

— Irmão, o que tá acontecendo aqui? — Julia, minha ex peguete aparece e abraça o desgraçado que tentou estuprar a Thalita.

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora