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Philippe

Acordo cedo após ter um pesadelo com a Thalita, onde ela descobria toda a verdade e passava a me odiar e falar o quanto eu me pareço com o seu ex.

Eu sei, tô parecendo um adolescente medroso que não sabe encarar as consequências dos seus próprios atos, mas depois de saber sobre o passado da Thalita, eu passei a ter medo.

Medo de ser comparado com seu ex, medo que ela não queira mais olhar na minha cara, medo que o sentimento que tenho por ela seja deixado de lado por causa de um descuido meu, um péssimo deslize, já que eu só me aproximei dela por conta do plano.

Mas aí, eu me apaixonei. Me apaixonei pela marrenta e não tinha como fugir disso. Poderia tentar me afastar ou até mentir pra ela que não queria mais nosso lance, mas não adiantaria, pois o sentimento ainda continuaria.

Por esse motivo, tomo uma das maiores decisões de todas e uma das mais arriscadas também. Não adianta tentar fingir que tá tudo bem quando tenho um segredo sobre o início da nossa relação.

A Thalita vai me odiar, mas não posso mais fingir que tá tudo bem por aqui. Preciso falar a verdade logo, mas primeiro, para o cara que eu queria me vingar.

{...}

São quase três da tarde quando entro no PPG, morrendo de medo de não sair daqui vivo, mas com uma necessidade gigantesca de expor toda a verdade. Vai que o Caveira acaba tendo um pouquinho de piedade comigo e me deixa ficar com a Thalita?

Tá, isso seria impossível. Mais fácil eu acabar me tornando o tapete da sua salinha do que ele aceitar eu e a Thalita juntos, ainda mais depois de toda a verdade.

Assim que entro na tão temida salinha do Caveira, me sento na cadeira e olho em seus olhos.

— Anda, moleque. Fala o que tu quer aqui. Sabe que não confio muito em você.

— Engraçado que com meus pais, o senhor era muito amigo né?! O que mudou de uma hora pra outra?

— O que mudou? Tu matou um dos meus melhores amigos! O dono do Vidigal era nosso aliado! E você matou ele por causa de grana e poder!! O que aconteceu com você, Ph?

— Eu tava cego naquela época, é verdade. Achava que pra conseguir respeito de todos, precisava matar geral e conquistar mais morros e ter muita grana. Acho que também tava muito movido por ter várias minas me querendo. Isso acabou influenciando, me fazendo matar um aliado.

— Não posso te julgar muito, entendo que no começo acabamos encantados por ter tanto dinheiro e mulheres ao nosso redor. Tu era bem jovem também, acabou se deixando levar por tudo isso. — ele respira fundo e me encara — Mas não é só por causa disso que você tá aqui, não é?

Fecho os olhos, tentando me acalmar. Chegou a hora de falar toda a verdade, a verdade que talvez me transforme em um tapete ou em um homem comprometido. A verdade que vai mudar tudo, pra melhor ou pra pior.

Quando abro os olhos novamente, percebo a expressão tensa do Caveira. Me encosto mais na cadeira e digo:

— Eu cometi um erro, Caveira. Mais um erro, no caso. E preciso contar toda a verdade pro senhor antes que seja tarde pra concertar tudo.

— O que tu fez, Philippe? — ele pergunta com uma cara de quem vai me dar uma bronca daquelas. Às vezes tenho a impressão que, se não fossemos inimigos, ele me trataria como um filho. Ainda mais depois de tudo o que aconteceu com minha mãe.

Lembro que ele foi um dos primeiros integrantes do CV que nos apoiou e convenceu que eu merecia uma chance. Todos ficaram abalados com o que eu tive que fazer com meu pai, mas, graças a ajuda do Caveira, eles nos ajudaram e me apoiaram.

Talvez tudo teria sido completamente diferente se não fossemos inimigos. Eu teria me aproximado da Thalita de uma forma digna, não por um maldito plano. Eu não correria o risco de ser odiado pela Thalita e, muito provavelmente teria aceitado desde o início que sim, eu me apaixonei pela marrenta.

Eu estou completamente apaixonado por ela, e não importa que eu corra o risco de morrer agora, porque por ela, eu faria qualquer coisa. Inclusive deixar de viver, pra que ela fique viva. Eu morreria por ela.

— Eu cometi um erro. Eu... Eu me aproximei da sua filha porque queria te afetar. Queria colocá-la contra você. Tudo começou por um maldito plano e...

— ENTÃO TUDO FOI UM PLANO, PHILIPPE???

Olho pra trás, vendo a Thalita na porta da salinha, me olhando com ódio, mas com os olhos cheios de lágrimas. Ela se aproxima, e quando fica a centímetros de mim, ela diz:

— Eu confiei em você, contei sobre o meu passado e tudo o que aconteceu, e no final descubro que tudo o que fizemos era parte de um maldito plano seu. Eu devia saber que você era igualzinho a ele! Claro, sou uma burra e ingênua, que acreditou que o inimigo do meu pai estaria interessado em mim de verdade. — ela me dá um tapa na cara e finaliza dizendo — nunca mais olha na minha cara, Ph.

Então, ela sai da salinha, me deixando com lágrimas nos olhos. Quem diria que eu, um cafajeste babaca estaria chorando por alguma mulher?! Pois é, esse é o efeito Thalita.

O efeito que só ela tem sobre mim. Infelizmente terei que sobreviver sabendo que ela me odeia. Justo quando eu finalmente me apaixonei, a mulher me odeia, e a culpa é toda minha.

— Deixa eu adivinhar, você se apaixonou por ela, não é?! — Caveira diz chamando a minha atenção.

— Como... Como você sabe? — digo, secando meu rosto.

— Bem, considerando sua reação quando ela ouviu nossa conversa, além do fato que você não iria contar isso pra mim se ainda odiasse a minha filha.

— Tem razão... Eu... Eu só vim aqui pra contar toda a verdade e dizer que eu tô completamente apaixonado por ela.

— Se veio pedir minha benção, saiba que por mim, tá tudo ok. Agora tu vai precisar se resolver com ela.

— Infelizmente ela me odeia agora, e a culpa é toda minha.

— Tu vai desistir assim, tão fácil? Olha, se quiser, eu posso tentar te ajudar, mas vai ter que me prometer que vai se comportar com a minha filha! E, se no final, der tudo certo entre vocês, saiba que eu quero ter netos.

— E como o senhor vai conseguir me ajudar? A Thalita não é o tipo de mulher que vai pela opinião dos outros.

— Sei disso, Philippe. Mas podemos fazer com que ela veja que você se arrependeu do plano, e que é completamente apaixonado por ela.

— E como vamos fazer isso?

— Bem...

Então, eu e Caveira passamos o dia todo conversando sobre o que eu poderia fazer pra me declarar pra Thalita.

Nunca imaginei pensar isso, mas até que o cara leva jeito! E, se alguém dissesse pro meu eu do passado que estaríamos conversando tranquilamente com nosso inimigo, eu com certeza iria mijar de tanto dar risada.

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora