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Quero gritar, quero mas não acredito que consiga. Minha garganta, assim como todo meu corpo, dói. Me sinto incapaz de me mover, mas mesmo assim as garras machucam meu corpo ao me levantaram e me fazerem me arrastar até um redondel de madeira. Logo quando saio da escuridão do meu cativeiro que fica embaixo da tenda de Fenrir, onde além de mim eles guardam corpos de humanos vivos ou mortos esperando para serem comidos, percebo que estou aliviada em cheirar ar puro que não fedesse a excremento, após dias de confinamento na escuridão e em meio a gritos inumanos.  Percebo também que eu devo estar precisando de muitas bolsas de sangue pois com a claridade providenciada pela lua posso ver sangue seco ao redor de todo meu corpo.

Mãos animalescas me jogam para essa pequena arena, eu caio no chão, incapaz de me mexer mais, tentando recuperar meu fôlego fico ali deitada encolhida, nua, completamente incapaz. Sinto minhas costelas serem perfuradas com prata e tento desesperadamente sair dali, me contorço em desespero e dor. Lágrimas saem pelos meus olhos enquanto corro como podo em círculos cada vez com mais varas de prata me perfurando e fazendo minha carne sangrar.

Horas parecem passar até que meu corpo ceda e eu caia de novo na poeira. Nesse momento as estacas me atravessam, sou atada a um poste, meus olhos mal conseguem registrar o que acontece antes de serem atingidos por um punho. Que eu reconheço como sendo de greyback.

Se acha que sua mãe sofreu, espere para ver o que vamos fazer com você depois de nos trair


Quis vomitar, mas não havia nada em meu estômago, meu mundo foi inundado de dor e nojo quando senti greyback dentro de mim. Algo em mim morreu e parecia que harry, meus pais, fred, nada importava, que eu só queria morrer. Sangue saia pelos ferimentos das lanças e meu corpo se chacoalhava com as estocadas brutas. Eu fui perdendo a consciência, aos poucos.

Aquilo continuou mesmo após Selene ter desmaiado, então todos do ciclo de fenrir se satisfizeram dentro do corpo da menina. Quando tudo acabou, ela foi deixada espancada e sangrando amarrada ali para morrer. O redondel ficava afastado da tenda central e era usado para rinhas que faziam os mais fracos realizarem por diversão. Selene sentiu as estacas de prata serem removidas de si e alguém a desamarrar.

Ao abrir seus olhos viu os enormes olhos das crianças lobisomens que ela tantas vezes havia alimentado e curado. Suas pequenas e fracas mãos desamarraram sel habilidosamente. Elas então esperaram sentadas enquanto Selene se deitava no chão, seus machucados voltaram a sangrar e sua consciência estava cada vez menos presente. Era assim que acabava pensou. Então a lua se iluminou no céu, e seu corpo pareceu brevemente anestesiado o bastante para ela se levantar.

As crianças pareciam esperar pelo seu comando. Ela então levou-as até um local afastado na floresta. De lá Selene realizou o unico ato que suas forças a permitiam. Montou uma barreira ao redor do acampamento usando um feitiço e em seguida lançou o feitiço do fogomaldito incendiando todo o acampamento.

A sua forma de lobo a ajudou a fugir, enquanto estava sobre a luz da lua sua dor parecia ser reduzida de forma que ela conseguia correr. Correu quilômetros e mais quilômetros antes que a dor se tornasse insuportável demais para ficar em pé e ela apagasse

O  seu rosto estava coberto de lama. Selene segurava suas costelas, sangue escorria quente em sua barriga deixando um cheiro metálico no ar. Ela não ia conseguir. Eles sabiam que ela tentaria fugir, por isso garantiram que ela não poderia aparatar. Seu corpo latejava é pequena luzes brincavam em sua visão, alterando sua visão de um grande lago para um vazio escuro.

Galhos arranhavam seus pés já cobertos de espinhos, fazendo ela cambalear de um lado para ao outro. Uma raiz fez com que ela tropeçasse, ainda no chão, a garota se arrastou em direção a água formando uma concha com as mãos e bebendo o que podia. Suas mãos arderam ao entrar em contato com água, seus machucados liberando sangue e sujeira no líquido transparente. Ela encarou a superfície do lago, vendo seu reflexo. Sabia que não tinha muito tempo, sua magia estava fraca e ela estava perdendo muito sangue, sem contar as dezenas de outros ferimentos que infeccionavam em seu corpo.

pelo menos ali, estava livre, de fenrir, dos lobisomens, seu corpo era seu e do seu, ninguém a acharia. Voldemort ficaria furioso, pensou com satisfação, greyback estaria ferrado. O lago parecia uma boa opção, só precisaria de forças para se afastar para dentro dele. Ela segurou a correntinha que mantinha escondida em seus cabelos cuidadosamente, olhou para os rostos sorridentes de sua família no natal que passaram no largo grimmlaud.

Desculpa

Ela colocou o colar com alguma dificuldade. Reuniu suas forças para se arrastar em direção a água. Se afogar não deve doer tanto quanto tortura, é um tanto trágico, mas dificilmente seria comparável. Seus olhos tinham voltado a encarar a água, então ela percebeu que olhos amarelos brilhantes a encaravam. Selene fechou os olhos, sentindo sua consciência a deixando.

Faça seu pior kelpie.

Era perto das cinco da tarde, o sol estava se pondo deixando o horizonte em um bonito tom de rosa alaranjado. Os raios deixavam o flamboyant com uma coloração dourada. Sirius voltava da floresta recolhendo lenha para que ele é Remus fizessem um fogo no fogão a lenha. Ele assoviava pra si mesmo o hino do time da Irlanda enquanto andava a passos largos.

Então ele pensou ter visto algo se mexendo no céu, parou de assoviar e franziu os olhos tentando identificar o que era o ponto preto que se deslocava rapidamente para seu quintal. Então o cavalo alado parou, relinchando alto de modo impaciente. Ele guardou as asas permitindo que siriús visse o motivo de sua inquietação. O homem deixou a lenha cair, correndo o mais rápido que podia na direção do cavalo. Ele passou os braços concursado em volta da garota desmaiada. Seu corpo nu estava repleto de sangue seco, um cheiro fétido saia de suas entranhas e insetos se reuniam a sua volta como se fosse uma carcaça sem vida.

REMUS! REMUS! Me ajude!

remus abriu a porta da frente da casa segurando um bule de chá de modo desinteressado.

Siriús,o que foi... Ele correu para ajudar o marido, abriu a porta para que ele entrasse dentro de casa e o ajudou a deitar a garota no sofá. Nem um dos dois lembrava se de ter começado a chorar, mas ambos os rostos estavam repleto de lágrimas.

A filha de LupinOnde histórias criam vida. Descubra agora