Capitulo 2

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"A vida só é possível reinventada"

- Cecilía M.


Selene Lupin estudava em casa, durante toda sua vida foi assim. Seu pai adotivo, Remus Lupin professor de defesa contra artes das trevas, tinha plena capacidade de ensinar a ela tudo que ela precisava saber, e além disso Selene gostava de estudar e ficava muito tempo sozinha de modo que quando tinha seus 8 anos já era muito mais avançada do que alunos de 14 anos de qualquer escola bruxa ou trouxa. Lia livros trouxas e bruxos mas principalmente livros de poções e sobre licantropia, buscando desesperadamente em suas páginas uma solução para o problema de seu pai e dela própria.

Cada ano era um caso diferente de adaptação, Lupin nem sempre conseguia um emprego perto da casa deles e assim a menina já tinha estado em diversos lugares diferentes para visitar seu pai. Ela sempre quis poder ir com Lupin, mas isso oferecia risco aos dois, então Selene ficava em casa acompanhada do velho pai de Remus, Lyall Lupin. O avô a amava como amava seu filho, brincava por horas com a pequena Selene, participando de festas do chá e lendo os contos de Beedle o bardo, embaixo do Flamboiã que tinha ao lado da casa. Então, quando Selene tinha 12 anos, Lyall se foi pacificamente enquanto dormia. Causando grande desolação para a pequena menina.

Remus aceitou então um emprego medíocre com um pagamento igualmente medíocre, mas que garantia que ele poderia estar em casa com sua filha à noite, e principalmente garantia que estaria em casa durante a lua cheia o que era vital uma vez que as transformações vinham piorando. Mesmo assim a menina ficava a maior parte do tempo sozinha, por isso Lupin sempre insistiu para a filha fizesse amigos na vizinhança, Selene sempre acenava com a cabeça e dizia que estava bem assim, na verdade ela não queria que seu pai se sentisse culpado sabendo o que ela realmente pensava, desde o incidente ela tinha medo, medo de que fizesse amigos só para que eles terminassem machucados e a odiando se descobrissem sobre o problema peludo.

Esse era um dos grandes problemas vindos com a doença, o preconceito, havia muitos lobisomens maus, mas havia gente comum como Remus que tinha sido mordida e não podia fazer nada a respeito disso. Mesmo assim ainda existia gente sem noção que não aceitava a colocação dos lobisomens na categoria de seres e pregava que eles eram animais sem coração e que deveriam ser exterminados.

Além disso, as pessoas tendiam a achar Selene um tanto exótica. E tudo o que é considerado exótico é considerado ou absolutamente maravilhoso ou absolutamente bizarro, sem meio termo. Algumas imagens de animais enjaulados bastaram para levar Selene a concluir que ela preferiria manter a distância dos trouxas.

Porém,dois anos depois os chefes de Remus o demitiram por faltas de mais ao trabalho, mesmo que fossem faltas justificadas pela sua doença, o lugar onde trabalhava não teria como saber disso, é claro. A salvação de Remus foi seu antigo diretor Albus Dumbledore, que o procurou para assumir um cargo considerado amaldiçoado pelos alunos de Hogwarts, no momento perfeito. A distância da escola representou um problema, Sel não poderia ficar sozinha, por isso ficou decidido que Selene acompanharia o pai e ficaria sob a responsabilidade dele, já que legalmente ela não seria considerada estudante. Impulsionados pela nova motivação, algo que os lupins não tinham desde a morte de Lyall, eles passaram o resto das "férias" ( período de desemprego), planejando as aulas que Lupin daria.

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O dia de ir para Hogwarts caiu na manhã após uma lua cheia fazendo com que os lupins chegassem na plataforma 9 ¾ exaustos e em farrapos. Foram para a estação propositalmente cedo para evitar a multidão, coisa que deixava Selene extremamente perturbada. Apesar disso, já era possível sentir o forte cheiro da fumaça do trem e haviam algumas famílias no local, a visão de uma menina segurando seu cachorro foi o suficiente para fazer Selene entrar rapidamente no trem sentindo seu coração apertar, animais acabaram virando um tópico delicado para a menina após o acontecimento traumatizante com seu cão meio crup, que mostrou a ela da forma mais difícil que os lupin não podem ter animais de estimação, eles eram frágeis demais.

Filha, você está bem? - Remus falou a seguindo

Sim pai - fala com um meio sorriso- vamos achar uma cabine?


Os lupins procuraram uma cabine no fim do trem, onde acreditaram que teriam uma viagem tranquila e imperturbável, e organizaram seus malões. Enrolada em sua capa, Selene se perguntava o que a aguardava durante esse ano, mesmo estando ansiosa e sentindo seu coração bater de forma mais rápida, ela fechou os olhos, imaginando como seria ter amigos e foi assim, encoberta de possibilidades, que ela acabou adormecendo.

A filha de LupinOnde histórias criam vida. Descubra agora