Capitulo 29

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Feche os olhos. Você se levantou para ver o que era na última vez e não era nada. Seus sentidos estão te enganando. Mesmo repetindo isso pra si mesma, Selene não conseguia ignorar os ruídos à sua volta. Sentia-se como se fosse criança novamente, pequena e assustada, a mesma criança que pediria para remus verificar se não havia nenhum monstro em seu armário, que não dormiria sem estar coberta para se esconder do escuro e que colocaria seus pés cuidadosamente para dentro do colchão para que não fossem puxados. Mas não havia remus, nem um abajur para ligar, sua forma de lobo se encolhia na toca improvisada que fez nas paredes do labirinto, as vinhas a sua volta pareciam garras se voltando para ela e em meio a neblina ela ouvia seres rastejando a sua volta, seus passos pesados e arrastados penando há noite.

De algum modo Selene sabia que estava se deixando levar pelo terror psicológico que estava passando nos últimos dias, saber que seu amigo poderia morrer, que o lorde das trevas voltaria, que uma guerra iria começar, e que todos que ela ama estariam em risco. Havia estado mais vezes do que podia contar dentro da floresta negra, à noite, e nunca se sentia tão acuada. Sentia-se como na noite do baile, quando Moody colocou suas mãos ao redor de seu pescoço e quase a enforcou, fraca, inútil, vítima. Lembrou de Dumbledore a mandando ficar calada, ameaçando seus pais, e ela não ter poder nenhum contra aquilo. Diga a si mesma, estou quase pegando no sono, talvez funcione, só não abra os olhos. Mas um calafrio percorreu seu corpo e o lobo teve que abrir os olhos, se assustando mais ainda quando ao tentar levantar percebeu que não conseguia se mexer.

Enclausurada em uma teia de aranha gigante, Selene subitamente se solidarizou com a fobia de Rony, pensando consigo mesma "sim são seres terriveis". Revirava seu cérebro buscando por ideias que a fizessem sair daquela enrascada, quando a aranha em si chegou para apanhar o pacote que havia feito. O cheiro perturbante do aracnídeo seus olhos olhando fixamente para ela colocaram pressão na sua fuga, Ela tinha que voltar a forma humana se quisesse produzir magia, mas isso poderia tornar as coisas mais arriscadas para ela ali dentro. \então o lobo mostrou suas garras procurando pontos com falhas em seu envoltório, mordendo e arranhando tudo o que via pela frente. As teias, entretanto, eram fortes e extremamente grudentas, quanto mais se mexia mais enrolada Selene ficava. Enquanto isso a aranha terminava de fechar o "casulo" deixando-a na completa escuridão, economizando o fôlego para evitar desperdiçar o ralo ar que havia ali dentro, sentindo-se ser virada de ponta cabeça e ser chacoalhada fortemente, agora apertada daquele jeito, não poderia se destransformar nem se quisesse, não iria correr o risco de quebrar algum osso.

Fechando os olhos, não tinha outra solução, ela pediu ajuda da criatura que a co-habitava dando a ela passe livre e deixando a assumir. O brilho nos olhos do lobo aumentou e ele poderia até ter sorrido, havia um novo ser no comando e ele estava ansioso para brincar fora da lua cheia. Selene recolheu-se em si mesma observando o lobo estraçalhar as teias e partir para cima da aranha, ele devorou a viva, e parecia feliz com isso. Algo disse a ela que a partir dali se tornaria cada vez mais difícil controlar o animal, ele tinha provado da liberdade e não iria desistir dela tão facilmente. Mas ela também tinha achado algo reconfortante naquilo. Era uma prova de que ela não era fraca, que era mais do que uma garotinha com medo, isso a deixou determinada, não seria fraca de novo, não iria desistir sem antes lutar. Selene saiu de seu esconderijo, pegando um container de água de sua bolsa extensora e prendeu o cabelo, ela não iria mais tentar dormir, iria acabar com alguns dos obstáculos daquele labirinto. Ela passou por cima do corpo da aranha gigante, seu sangue negro respingado em sua pele, indo de encontro aos rugidos que vinham de dentro da escuridão.

Que eles estivessem preparados, porque um novo monstro entrou na arena.

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-Ei cho, você viu a sel? - Jorge perguntou.

A filha de LupinOnde histórias criam vida. Descubra agora