Ajuda

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Era manhã de uma simples quarta-feira, Rosamaria chegou cedo na delegacia, aquele dia seria tenso. Fez toda a checagem de mandados de prisão do dia, olhou três vezes a rota que fariam, o que precisavam, e foi então conferir seu colete, arma e munições. Seu rosto estampava a tensão que estava sentindo, os outros policiais envolvidos não estavam diferentes. Todos sabiam que aquele seria o dia mais tenso das prisões, o mais perigoso até agora.

Ao terminarem todos os preparativos, não havia mais como adiar, saíram em missão. De uma em uma, as prisões eram feitas sem maior estresse, o dia estava para acabar e só faltava um mandado a ser cumprido.

Rosamaria não sabe dizer em que momento tudo mudou, mas ao ouvir aquele barulho oco, ela já sabia o que era, e reagiu imediatamente, assim como seus colegas. Uma troca de tiros se iniciou. A adrenalina era tanta que Montibeller nem percebeu em que momento foi atingida, foi só quando começou a sentir o seu braço esquerdo queimar que tomou consciência do ferimento.

Policial: delegada, a senhora tá ferida – alertou.

Rosamaria: foco, eu tô bem – disse aos gritos.

A troca de tiros continuou até que um disparo fatal acertou o criminoso.

Rosamaria: droga, foi muito pouco pra ele. Eu queria interrogar e ver esse cara mofando na prisão. Chamem a perícia e depois cumpram o mandado de busca e apreensão – disse para um de seus policiais – quem estiver ferido, direto pro hospital. Quero um relatório sobre tudo que aconteceu aqui – falou para outro e logo viu Stevanovic se aproximando.

Jovana: me falaram que a delegada foi ferida, quer que te acompanhe até o hospital ou resolva algo na delegacia? – disse preocupada ao mesmo tempo que tentava manter o profissionalismo.

Rosamaria: não precisa, meu ferimento foi superficial, eu tô bem e pronta pra outra. Só não tô pronta para o tanto de papelada que vou receber. Você me acompanha na coletiva de imprensa que com certeza teremos?

Jovana: claro, mas tem certeza que não quer ir no hospital nem fazer um curativo?

Rosamaria: certeza absoluta – disse firme, mas morrendo de dor.

Jovana se deu por vencida e foi ajudar os policiais que estavam a caminho do hospital, enquanto Rosamaria deixou um de seus agentes responsáveis por ir até o local e lhe enviar notícias. Não poderia correr o risco de encontrar com uma de suas amigas, então optou por voltar pra delegacia e lá mesmo ver a situação de seu braço.

Ao chegar na delegacia já não conseguia esconder sua feição de dor, mas nenhum agente era bobo o suficiente pra falar algo para a temida delegada. Rosamaria praticamente correu até sua sala, trancou a porta e se direcionou até o banheiro que havia ali. Começou a tirar o colete com dificuldade, mas tirar a blusa de manga longa que estava colada em seu corpo, com certeza foi a pior parte. Derramou algumas lágrimas no processo até suspirar ao ver o estrago em seu braço. Observou o ferimento de entrada e saída da bala.

Rosamaria: entrou e saiu, ainda bem – suspirou aliviada por não ter uma bala alojada em seu corpo.

Com dificuldade alcançou a maleta de primeiros socorros que guardava ali. Começou limpando o ferimento, passou um remédio que havia ali e por fim, fez um curativo. Olhou para sua blusa e percebeu que não teria como usá-la mais, foi até sua mochila e pegou uma camiseta da polícia que sempre carregava junto. Se serviu de um copo de café, sentou em sua mesa, e ignorando a dor, deu início a papelada que precisava ser feita.

Ao longo do dia focou tanto no serviço que por vezes esqueceu que havia sido ferida, lembrava sempre que mexia o braço um pouco mais bruscamente. Ao fim do dia, ao chegar em casa e tomar seu banho, refez o curativo, olhou pro espelho e disse pra si mesma.

Nossa Vida - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora