Só um

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A gargalhada facilmente reconhecível de Priscila Daroit foi a primeira coisa que Caroline Gattaz prestou atenção ao chegar no refeitório do hospital. Ela procurou com o olhar e rapidamente encontrou suas amigas sentadas em uma mesa mais ao canto do local, não perdeu tempo, serviu seu café da manhã e se juntou a elas.

Carol: bom dia – cumprimentou a todas.

Gabriela: quase boa tarde, hein chefinha – tirou sarro.

Anne: dormiu demais? – questionou.

Carol: perdi a hora, acordei com a minha mãe me sacudindo – bocejou – nem tomei café da manhã, só vim correndo pra cá – olhou para a melhor amiga – Bernardo já chegou?

Priscila: não, vim mais cedo para ver um paciente que a Valerini operou ontem.

Carol: limpador de vidros? – a fisioterapeuta assentiu.

Logo iniciaram uma conversa sobre o novo paciente, sobre a noite de Nininha na casa de Sheibi, e também, sobre a recuperação de Bernardo. O papo estava descontraído, pelo menos para a maioria delas, Anne estava intrigada com o atraso de Carol e com um pouco de receio do que o motivou, mas optou por questionar em um momento em que estivessem a sós. Aguardou ansiosamente, mas este momento não chegou pela manhã, muito pelo contrário, Buijs passou as próximas horas correndo para atender seus pacientes.

Já Caroline, ao término do café da manhã, foi para sua sala revisar algumas planilhas, havia decidido atuar na emergência no período da tarde, então reservou a manhã para as questões administrativas e o retorno de Bernardo. Estava trabalhando em uma planilha de custos do setor de oncologia quando começou a cochilar em cima dos papéis, mas logo despertou com o toque de seu celular.

Carol: que susto – suspirou e balançou a cabeça em uma tentativa de ficar mais desperta, então atendeu o telefone com um sorriso.


ligação on

Carol: bom dia, coisa linda

Rosamaria: bom dia, meu bem... como estão as coisas?

Carol: Sheillinha falou que a Lena dormiu a noite inteirinha e não deu trabalho nenhum pela manhã

Rosamaria: sem crise de pânico?

Carol: nadinha, acho que foi bom isso de levá-la para brincar com o Nadal, se distrair com a Gabizinha

Rosamaria: sinto muito por não estar aí com vocês

Carol: para com isso, você está trabalhando

Rosamaria: mas queria estar aí... me conta como está sendo sua manhã?

Carol: perdi a hora – riu sem graça – mas fora isso, Pri está aqui hoje, Bernardo vem daqui a pouco, e eu decidi me programar para conseguir ser chefe e cirurgiã

Rosamaria: ok, uma coisa de cada vez... me conta primeiro sobre isso de se dividir?

Carol: vou tentar sempre deixar metade do meu dia para a administração do hospital e metade para a emergência, se eu ficar só na minha sala, vou acabar surtando

Rosamaria: é um bom plano, agora está na sua sala ou na emergência?

Carol: minha sala, revisando algumas planilhas, depois vou revisar alguns prontuários, principalmente o do Bernardo

Rosamaria: não esqueça de parar um pouco para respirar, você não é uma máquina – Caroline bocejou – e que história é essa de perder a hora?

Nossa Vida - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora