Medo

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No dia seguinte, as mulheres acordaram e a criança continuou dormindo, até que Machado abriu a porta do porão com agressividade, fazendo um barulho tomar conta do local e assustar a menina. Helena se agarrou ao corpo de Julia, que por sua vez, passou os braços em volta do corpo menor como uma forma de proteção.

Machado: ei menina – chamou Helena que não obedeceu – OLHA PRA MIM – a menina se virou já com os olhos cheios de lágrimas – fique sabendo que tudo isso é por causa da Rosamaria, ela é uma pessoa ruim que causou tudo isso.

Julia: não faz isso, ela é só uma menina – pediu.

Machado: calada, não era nem pra você estar viva – voltou seu olhar para a criança – saiba que se você está sem sua mãe é porque a Rosamaria é uma pessoa ruim, ela é a culpada.

Helena: não fala assim da minha tia Rosa – falou baixo.

Machado: falo sim, é a verdade – riu – e sabe o que vai acontecer agora? Você vai ficar presa aqui, sua mãe vai sofrer, e tudo vai ser culpa dessa sua tia Rosa – falou e saiu.

Até que um barulho de tiro chamou a atenção de todas ali. A menina estava assustada e chorando. Julia passou a mão em seus cabelos e tentou acalmá-la.

Julia: não liga para o que ele fala, ele é uma pessoa ruim, muito ruim.

Helena: eu quero minha mãe – choramingou.

Julia: eu vou te levar até ela, tá bom? Pode demorar um pouquinho, mas eu vou te levar, eu prometo.

Quando fez a promessa, Julia sabia que não seria fácil cumprir, mas ela faria o possível e o impossível. Ela só não imaginava que demoraria tanto. Leda, Julia, Thaisa e Helena permaneciam presas no porão, porém ninguém apareceu mais desde Machado.

Com o passar dos dias, as mulheres se viram na obrigação de racionar água e comida, não sabiam quanto tempo mais passariam ali, mas a prioridade de todas foi Helena. Não tinha um dia em que a criança não chorasse ou chamasse pela mãe, a ligação mais forte do que nunca, enquanto Caroline chorava no apartamento, Helena chorava no porão.


POV Rosamaria

Chegamos ao lugar indicado por José Roberto e tudo estava escuro. Estacionamos as viaturas, cerca de dez carros caracterizados e mais cinco descaracterizados cercaram o local. Reuni todos os policiais e comecei a passar as instruções.

Rosamaria: vamos invadir e revistar essa casa, vasculhem tudo, a prioridade é trazer as reféns em segurança.

Douglas: não parece ter ninguém lá dentro, mas estejam preparados para qualquer imprevisto.

Uma equipe foi a primeira a entrar, Jovana e Douglas não deixaram eu ficar na linha de frente, mas eu estava ali por perto, e o meu corpo gelou quando ouvi um dos agentes indicando o que encontrou.

Policial: corpo – avisou.

Seguimos a voz dele e encontramos o corpo de um homem já em estado de decomposição.

Jovana: chamem a perícia, indícios de ferimento à bala na região craniana – ordenou.

Douglas: é o tal Lucas, filho do Machado.

Rosamaria: se ele fez isso com o próprio filho... – não consegui terminar, meus pensamentos estavam sombrios.

Segundos depois, Bento apareceu correndo e afobado com o celular na mão.

Bento: liguei para a doutora Mastrangelo, ela vai mandar alguém, mas o resultado sobre aquele corpo carbonizado saiu agora pouco.

Douglas: o da Julia? O que foi constatado?

Nossa Vida - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora