Nossa Vida - Rosattaz

Caos

Os dias foram passando e Rosamaria se recuperava bem. Caroline checava todos os dias se a mais nova precisava de algum tipo de auxílio, ficou feliz em saber que a delegada havia diminuído o ritmo até se recuperar totalmente. As duas começaram conversando sobre o ferimento de Montibeller até que passaram a falar de toda e qualquer coisa, o vínculo estava finalmente sendo criado após anos e anos. Até mesmo algumas ligações eram feitas durante certos momentos do dia.

Um dia, enquanto Rosamaria saiu para mais um dia da complicada operação que agora havia tomado um novo rumo, Caroline se encontrava tensa pela preocupação, e nem ao menos sabia explicar o sentimento. A cada paciente que atendia, olhava para seu relógio para saber se a delegada havia mandado alguma mensagem. A mensagem demorou, mas chegou trazendo alívio para seu coração logo antes de entrar em uma cirurgia complicada.

Dr. Gattaz havia sido escalada para um plantão de 24h e não estava nem na metade do seu dia de trabalho. Não via a hora daquele período acabar e poder enfim ir para casa e descansar. Mas ela se enganou ao achar que seria um plantão tranquilo. No começo da tarde, quando estava conversando sobre alguns pacientes com Carolana e Sheilla, recebem a notícia de um acidente envolvendo arma de fogo e crianças. Quando casos assim acontecem, parece que o mundo fica em completo silêncio, todos param pra pensar na pequena vida em sofrimento. Logo chamaram Anne e Gabriela, e por serem as especialistas para o caso, Gattaz e Buijs comandariam toda a equipe médica para realizar o atendimento.

A ambulância chegou e a correria começou. Duas crianças estavam brincando em um parque na periferia quando encontraram armas jogadas por ali. O garotinho que aparentava ser o mais novo estava com um ferimento na perna, enquanto seu amiguinho estava com um ferimento na cabeça. Alguns policiais logo chegaram tentando ter acesso às informações e dando ordens aos médicos. Caroline estava nervosa e nem percebeu quando aumentou seu tom de voz dirigindo-se aos policiais.

Carol: na minha emergência, no meu plantão, eu que dou as ordens. Os senhores irão esperar por mais informações, por enquanto o foco da minha equipe será salvar as duas crianças – olhou para uma enfermeira próxima e mais calma lhe pediu – procura a família, coleta o máximo de informações médicas, por favor.

A equipe se dividiu, Gattaz assumiu os cuidados do menino com o ferimento na perna, enquanto Carolana e Anne cuidavam do paciente mais crítico. Após alguns exames iniciais e um pedido de ajuda da pediatra, Gattaz deixou Sheilla e Lara responsáveis por aquele garoto e partiu para ajudar no socorro do outro. Ao chegar lá quase que se desesperou, havia muito sangue para uma pessoinha tão pequena. Deixando as emoções de lado, a Dr. Gattaz assumiu. Pediu por exames, bolsas de sangue, e uma sala de cirurgia de prontidão. Assim que possível, fariam de tudo pra tirar aquele projétil do pequeno corpinho em sua frente. Foi impossível não pensar nas crianças de sua própria família, tinha uma única certeza: quando fosse possível, ligaria para saber se tudo está bem.

Após tudo ser feito na emergência, seria hora da cirurgia. Quando Sheilla chegou para auxiliar, Gattaz se desesperou e temeu pelo pior.

Carol: e o outro garoto? O que aconteceu? – perguntou com medo da resposta.

Sheilla: calma, ele tá bem – tranquilizou a outra que soltou um suspiro de alívio – a bala não fez tanto estrago – informou enquanto já se vestia para a cirurgia – as famílias foram localizadas, todas as informações já estão no prontuário eletrônico – deu uma pausa – eu falei com as famílias, entreguei um dos garotos, precisamos entregar o outro – disse olhando o pequeno garoto que agora sabiam que se chamava Pedro, assim como o sobrinho de Carol. Sheilla pediu que omitissem esse fato o máximo possível, pois percebeu o tanto que Gattaz havia se sensibilizado com o caso.