As cirurgiãs do caso do Bernardo estavam discutindo os últimos detalhes para o procedimento que aconteceria naquela tarde. Na verdade, Valerini e Carolana estavam discutindo, Gattaz estava presa em seus próprios pensamentos, sentindo o peso de sua atitude. O calor do momento a havia levado a agir sem pensar, movida pela raiva e pela determinação cega de resolver tudo com as próprias mãos, queria proteger sua namorada como ela mesma não foi protegida de seu trauma. Agora, as consequências dessa impulsividade a cercavam, e o arrependimento começava a surgir, lutando contra a teimosia que a mantinha firme em sua decisão: iria afastar Bruno, por bem ou por mal.
Do outro lado da cidade, Rosamaria corria contra o tempo. Ela sabia que seu objeto de trabalho estava com a pessoa que amava, e seu coração se apertava em preocupação e decepção, sentindo que as coisas poderiam sair do controle a qualquer instante. A delegada, que sempre ouviu sobre os perigos de ter uma arma em casa, agora se maldizia por ter aceitado a ideia do cofre. Montibeller precisava chegar ao hospital antes que algo irreversível acontecesse, mas antes de mais nada, precisava levar Helena para a escola sem deixar transparecer suas preocupações e acima de tudo, não poderia deixar que uma atitude impensada de Carol, atrapalhasse seu momento com a filha.
E foi isso o que ela fez. Durante todo o tempo que passou com Helena, a menina nem desconfiou que algo estava acontecendo, e assim que passou pelos portões da escola, Montibeller arrancou com o carro rumo ao hospital.
Caroline estava em sua nova sala completamente absorta, mas seus pensamentos foram interrompidos com a porta sendo aberta de forma agressiva e uma Rosamaria nitidamente nervosa passando por ela. Gattaz apenas abaixou a cabeça e respirou fundo.
Carolana: bom dia pra você também – não percebeu o que estava acontecendo – só porque sua mulher é a chefe acha que pode entrar assim? – brincou.
Rosamaria: desculpa, não sabia que a Caroline estava ocupada – não tirava os olhos da mulher que ao menos levantou a cabeça ao ser citada.
Natalia: Carolana, acho melhor deixarmos elas a sós – percebeu algo errado e se levantou – depois voltamos Gattaz – a mais velha assentiu, ainda de cabeça baixa.
Carolana: tentem não quebrar nada – disse confusa pela situação.
Quando estavam a sós, Rosamaria parou de frente para a mesa de sua namorada, colocou as mãos na cintura e ficou encarando a mais velha que por sua vez balançava a perna freneticamente, ansiosa e nervosa pelo que viria a seguir.
Rosamaria: onde está? – Silêncio – Caroline, eu não estou para gracinhas, onde está a porra da minha arma?
Carol: na minha bolsa ali no armário – apontou a direção.
A delegada rapidamente foi ao encontro de seu objeto de trabalho e quando encontrou fez questão de checar a quantidade de munições ali. Soltou um suspiro ao perceber que nenhum disparo foi realizado. Virou-se novamente para a namorada e frustrada se jogou na cadeira antes ocupada por sua amiga.
Rosamaria: foi pra isso que você comprou o cofre? – Gattaz levantou o olhar – foi pra ter a oportunidade de pegar a arma e estragar sua vida, a minha e a da Helena?
Carol: eu não fiz nada – sua voz apenas um sussurro – peguei no impulso, mas eu não fiz nada.
Rosamaria: mas ia fazer – aumentou a voz – eu confiei em você, confiei que você não quebraria minha confiança desse jeito.
Carol: foi um impulso – tentou se justificar.
Rosamaria: eu não me importo se foi impulso ou de caso pensado – bufou – você não só poderia ter colocado a vida de outra pessoa em risco, poderia ter se colocado em risco, colocado a sua carreira, a minha carreira, você colocou TUDO em risco no momento em que pegou essa arma.
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Nossa Vida - Rosattaz
FanfictionApesar de pertencerem ao mesmo grupo de amigas, Caroline e Rosamaria nunca foram próximas. Caroline Gattaz, uma médica renomada, chefe da emergência do melhor hospital de Belo Horizonte, misteriosa, guarda um pequeno grande segredo que somente sua f...