Nossa Vida - Rosattaz

Retorno

Aquela semana foi marcada pelo retorno de Rosamaria à delegacia. Em seu primeiro dia de volta foi recepcionada por seus colegas com uma pequena comemoração de boas-vindas. Não pensem que só porque a delegada estava em serviços administrativos que ela não trabalharia na mesma intensidade. Muitos mandados de prisão a serem analisados, além de relatórios e mais relatórios. No meio de tudo isso, uma surpresa. José Roberto Guimarães chegou na sala da delegada para uma reunião de portas fechadas, somente os dois. Rosamaria, surpresa, tentava imaginar o motivo daquilo.

José Roberto: primeiro dia de volta e já tem que me ver, sinto muito – brincou.

Rosamaria: que isso, chefe – fez sinal para que ele se sentasse – é sempre uma honra recebê-lo.

José Roberto: você sabe que eu não sou de enrolação – Montibeller assentiu – vamos direto ao ponto – colocou uma pasta na mesa de Rosamaria – aqui está tudo o que conseguimos após a sua denúncia – suspirou – Machado está em nossas mãos, pode ser preso a qualquer momento.

Rosamaria: e quais são os próximos passos? – analisava todos os documentos.

José Roberto: por enquanto não faremos nada – Rosamaria levantou o rosto rapidamente.

Rosamaria: como assim nada?

José Roberto: nós temos provas da ligação dele com Monteiro, desvios de verbas, interferências em outras operações, mas não temos o principal – Rosa estava confusa – nós queremos uma confissão ou provas das ameaças e do atentado contra você.

Rosamaria: por quê? – questionou – digo, se já tem material para prendê-lo, por que não prendem de uma vez?

José Roberto: com o que temos ele fica um tempo preso, é exonerado, fora que ele ainda pode recorrer – Rosamaria suspirou, estava começando a entender – mas se nós o pegarmos por tudo, não tem como, acabou para ele.

Rosamaria: e como faremos isso?

José Roberto: vamos dar corda e deixar ele se enrolar.

Rosamaria: ou seja, mais tempo dele por aí correndo risco de fugir ou de fazer algo mais efetivo.

José Roberto: é um risco que temos que correr.

Rosamaria: nesse meio tempo – começou – eu vou continuar a operação contra o Monteiro, só falta ele – José Roberto assentiu.

José Roberto: mas tem uma coisa – a mulher levantou uma sobrancelha – você fez outras duas denúncias na corregedoria recentemente.

Rosamaria: sim, foi naquele caso dos dois garotinhos, as armas eram de um policial.

José Roberto: isso, as denúncias foram sobre o cabo Marques e sobre a capitã Stevanovic, procede? – a delegada assentiu – o cabo Marques era o dono das armas e a Stevanovic estava acobertando, confere?

Rosamaria: mais ou menos isso – suspirou – confesso que acredito ter me precipitado em denunciar a Stevanovic – o homem assentiu – ela só estava tentando não prejudicar mais ainda um dos colegas dela, por se tratar de uma criança, a emoção falou mais alto que a razão.

José Roberto: a Stevanovic sabe que errou, já cumpriu com as medidas que estabelecemos e pode retornar ao serviço, não nos deve mais nada – Rosamaria assentiu sorrindo – ela ficará no lugar do Machado, vocês já se conhecem, já conhecem o trabalho uma da outra, e ela me garantiu que não há empecilhos, posso contar com você também?