Nossa Vida - Rosattaz

Galo

Um domingo de sol e calor em Belo Horizonte. Rosamaria, Caroline e Helena eram puro entusiasmo no caminho para o estádio atleticano, onde a torcida já começava a se reunir para o jogo que aconteceria em breve. A festa já estava começando, famílias ao redor do estádio, o clima de festa já era palpável e tomava conta das ruas próximas ao local.

Não é difícil de imaginar que a criança era a mais animada de todas, mas o sorriso no rosto de suas mães entregava o quanto aquele momento estava sendo especial e como estavam encantadas com a energia da filha. Helena estava com o seu uniforme completo do time de coração, envolta à bandeira do Atlético, com o rosto pintado nas cores do clube e cantarolando o hino atleticano. As três se deliciavam com o espetinho de churrasco que Rosamaria fez questão de comprar em uma das barracas.

Estavam admirando tudo ao redor, quando os gritos eufóricos aumentaram e o hino era cantado pela multidão de torcedores. A entrada no estádio estava sendo um espetáculo à parte, sinalizadores nas cores preto e branco eram erguidos e a fumaça já sendo vista, o caminho se abrindo e o ônibus se aproximando. Nininha em êxtase pediu para ser erguida e Caroline a colocou em seus ombros. A menina erguia o punho e acompanhava o cântico junto com os outros torcedores.

Torcida: NÓS SOMOS DO CLUBE ATLÉTICO MINEIRO, JOGAMOS COM MUITA RAÇA E AMOR, VIBRAMOS COM ALEGRIA NAS VITÓRIAS, CLUBE ATLÉTICO MINEIRO GALO FORTE VINGADOR – cantavam e pulavam.

Helena: CANTA, MAMÃE – pediu para Rosa.

Rosamaria: VENCER VENCER VENCER, ESTE É O NOSSO IDEAL – acompanhou – HONRAMOS O NOME DE MINAS NO CENÁRIO ESPORTIVO MUNDIAL.

Carol: LUTAR LUTAR LUTAR, PELOS GRAMADOS DO MUNDO PRA VENCER, CLUBE ATLÉTICO MINEIRO, UMA VEZ ATÉ MORRER – se juntou a elas para delírio de Lena.

Torcida: NÓS SOMOS CAMPEÕES DO GELO, O NOSSO TIME É IMORTAL, NÓS SOMOS CAMPEÕES DOS CAMPEÕES, SOMOS O ORGULHO DO ESPORTE NACIONAL – a atmosfera era eletrizante – LUTAR LUTAR LUTAR, COM TODA NOSSA RAÇA PRA VENCER, CLUBE ATLÉTICO MINEIRO, UMA VEZ ATÉ MORRER – aplausos foram ouvidos até voltarem a gritar em coro – GALO GALO GALO.

Dentro do estádio, o clima era ainda mais animador. O canto da torcida ecoava, e Helena pulava no lugar enquanto acompanhava o cântico. Estava animada e ansiosa, e suas mães não estavam diferentes, elas riam de cada ato da menina. Rosamaria tirava fotos e filmava cada momento e com a bola rolando, tudo permaneceu igual. A criança vibrava a cada jogada divertindo Gattaz e Montibeller.

Helena: esse jogo tá chato – sentou-se emburrada quando ouviu o apito marcando o fim da primeira etapa do jogo – a gente pode comer alguma coisa?

Carol: você só está assim porque o jogo tá zero a zero – riu – fiquem aqui que eu vou comprar cachorro-quente.

Rosamaria: você é a melhor do mundo – recebeu um selinho rápido e deu risada ao olhar a filha com os braços cruzados e um bico nos lábios – eu acho que o galo está jogando muito bem e pode fazer muitos gols no segundo tempo – disse tentando animar a menina.

Helena: mas eu queria que já tivesse tido algum gol – reclamou.

Rosamaria: vamos torcer para ter gols agora, tá bom?

Helena: tem que ter gols, o galo tem que ganhar – falou apressada e Rosa estranhou.

Rosamaria: ok, vem aqui e me explica o que está acontecendo – puxou a menina para seu colo – por que você está assim? – Helena escondeu o rosto no vão do pescoço da mais velha, que iniciou um carinho nas costas dela – você pode falar comigo sobre qualquer coisa.