Sheibi

1.1K 129 11
                                    

Ainda estou atenta a ordem dos capítulos, então se alguém notar algo de errado, me avisa que eu tento arrumar...




POV Sheilla

Era o nosso final de semana de folga, sem preocupações, sem obrigações, eu e minha companheira planejamos algo simples: dormir o final de semana inteiro. Os últimos plantões foram extremamente cansativos, e já notei que Gabriela está um pouco mais exausta mentalmente, desde todo o caos que nossas amigas passaram. Esse final de semana tiramos exclusivamente para relaxar.

Logo que acordei percebi que o horário já estava mais próximo do almoço do que de um café da manhã, então decidi preparar a minha especialidade: carbonara. Minha namorada ama esse prato e eu quero fazer todo o possível para mimá-la. Já estava tudo pronto para começar a cozinhar quando vejo Gabi arrumada chegando na cozinha. Franzi o cenho, meus planos envolviam pijamas ou nenhuma roupa.

Gabriela: fui chamada no hospital, desculpa – bufou tão frustrada quanto eu.

Sheilla: não é possível que vão te incomodar na sua folga – falei chateada – existem outras enfermeiras, poxa.

Gabriela: mas é aquele caso, vida – sua voz embargou – da menininha que eu te falei, ela teve uma piora, acho que agora acabou mesmo.

Sheilla: amor, eu sinto muito – a puxei para um abraço – mas deixa outra pessoa assumir, você está muito envolvida, além de precisar de um descanso.

Gabriela: é que eu pedi para me chamarem se tivesse qualquer mudança – confessou e eu suspirei – eu prometo que vai ser rápido.

Sheilla: eu te levo – tirei o avental que estava usando – assim eu garanto que você não vai assumir mais tarefas na sua folga.

Gabriela: prometo que só vou ver como ela está.

Eu deveria ter desconfiado que não ficaria nisso. Chegamos lá e Anne também havia sido chamada, na hora que encontramos nossa amiga, percebi minha namorada deixando os ombros caírem, sabíamos que se a responsável pelo setor havia sido chamada em pleno sábado de folga é porque as coisas estavam um pouco piores do que pensávamos.

Anne: sinto muito, Gabizinha – fez um carinho em um dos ombros da minha companheira – fizemos tudo o que estava em nosso alcance, mas perdemos essa batalha, os pais já falaram com a psicóloga, a Lala está sendo assistida, mas tudo nos leva a crer que estamos diante das últimas horas dela com vida – lamentou.

Gabriela: essa é a parte cruel da pediatria – enxugou uma lágrima – amor, você se incomodaria se eu ficasse? – olhou para mim – quero deixá-la confortável nessas últimas horas, e eu fui a enfermeira que mais estive com ela, se ela tem que partir, que seja com pessoas que estiveram com ela desde o começo.

Sheilla: eu vou ficar bem aqui te esperando, leve o tempo que precisar – a puxei para um selinho demorado e fiz um carinho em seu rosto – eu te amo – sussurrei.

Ela respirou fundo e seguiu em direção ao quarto dessa paciente, percebi que foi ela entrar que a criança se iluminou. A Gabriela tem esse poder, não importa o que esteja acontecendo, ela nos traz leveza, alegria, um sentimento de que tudo se encaixará. Passei alguns longos minutos sentada no posto de enfermagem de frente para o quarto, apenas observando minha namorada brincando com sua paciente, sorrindo, fazendo palhaçadas, tudo para ver aquela pequena com um sorriso no rosto. Até seus pais, mesmo abatidos, conseguiam rir um pouco com Gabi.

Nossa Vida - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora