Nossa Vida - Rosattaz

Chefe

Para Caroline, o hospital é muito mais que um grande prédio, era o refúgio dela, onde ela vestia uma armadura, uma fantasia de super-heroína, não importava sua vida pessoal, o que importava era fazer o bem para cada paciente que fosse em busca de sua ajuda. Corredores e salas de cirurgias foram sua sala de aula, seu campo de batalha, e até mesmo, seu esconderijo. Apesar de hoje encontrar seu refúgio nas pessoas que ama, esse lugar que traz pressão e estresse, traz também o alívio de ter uma outra família com quem contar, uma família unida pelo propósito de cuidado e cura, uma família que enfrenta juntos as adversidades, compartilha o peso das responsabilidades, dá apoio e reconhecimento. Para muitos, o hospital pode ser apenas um local de trabalho, um lugar a ser evitado, mas para a renomada Doutora Caroline Gattaz, aquele hospital é um símbolo de esperança e de oportunidades, para os pacientes e para os profissionais que ali trabalham.

Quando Gattaz atravessou as portas de entrada do hospital, se sentiu reenergizada, não só pelo tempo de descanso, mas por poder voltar ao local depois de todo esse tempo, sabendo que sua filha e sua namorada estavam seguras, que ela própria estava bem, e que agora poderia voltar a ajudar quem precisasse de seus cuidados. Foi andando pelos corredores e cumprimentando cada rosto conhecido que cruzava seu caminho. Ao se posicionar de frente para uma porta com a placa "Dr. Bernardo Rezende – Chefe de Cirurgia", respirou fundo e deu três batidinhas, abrindo a porta em seguida, com um sorriso como o de uma criança.

Carol: licença – Bernardo se levantou, espelhando o sorriso e caminhando até sua colega de profissão – bom dia, chefinho – o abraçou.

Bernardo: bem vinda de volta, Carol – segurou em seus ombros ao finalizarem o abraço – esse hospital estava com saudade da melhor médica daqui.

Carol: deixa a Carolana te ouvir falando isso – brincou e se interrompeu ao ver que não estavam a sós na sala – não sabia que estava ocupado, posso voltar depois – suas bochechas corando – desculpa – se direcionou a outra mulher que ali estava – prazer, Caroline Gattaz, cirurgiã de trauma – estendeu a mão.

Bernardo: essa é a Natalia Valerini, cirurgiã ortopédica – apresentou as duas.

Natalia: é um prazer conhecer a famosa Caroline Gattaz, admito ser uma grande admiradora do seu trabalho.

Carol: é uma honra – admitiu – depois que o Bernardo me falou sobre você, eu pesquisei e admito que fiquei impressionada com o seu currículo – assumiu uma pose mais profissional – até achei que havia pesquisado sobre a médica errada.

Natalia: por que? – seu semblante confuso apesar do sorriso.

Carol: com todo respeito, você parece uma modelo – deu uma risada tímida – fora que seu currículo intimida.

Bernardo: Doutora Gattaz intimidada? – questionou – agora eu estou surpreso.

Carol: é um baita currículo – comentou – cirurgiã ortopédica, especializada em coluna, com passagem rápida pela medicina do esporte, fora as atuações excepcionais em casos de neuro e trauma no currículo.

Natalia: você pesquisou mesmo – Gattaz assentiu rindo – você não sabe como estou me sentindo neste momento – deu uma risada nervosa – não só fui requisitada pelo melhor cirurgião cardiotorácico, como também a melhor cirurgiã de trauma sabe quem eu sou.

Bernardo: não subestime seu currículo e seu talento, Natalia – se sentou em sua cadeira – sentem-se, temos muito trabalho pela frente.

Carol: estou ansiosa para esse caso – admitiu balançando suas pernas – o Bernardo comentou que é um caso cirúrgico de estenose lombar que eu irei supervisionar, mas ainda estou me questionando o motivo – alternou o olhar entre os dois – se você tem a Doutora Valerini, o que espera de mim?