Aconchego

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Os dias foram se passando e as duas que criaram uma rotina de conversarem sempre que possível, não se falavam desde a noite do acontecido no hospital. Aquela noite também foi o motivo de uma grande discussão entre Jovana Stevanovic e Rosamaria Montibeller que culminou em um rompimento definitivo de uma relação que mal havia começado. Jovana não aceitava a inércia de Rosamaria perante o que Stevanovic considerou "uma cena inacreditável de desacato não só a uma agente de segurança pública em serviço, mas também uma tentativa de acabar com a moral da polícia do estado". Quando a policial falou aquilo, Montibeller faltou rir.

Rosamaria: Jole, vamos lá – ponderou – ela não errou quando falou que foi irresponsabilidade de alguém de dentro da polícia.

Jovana: é um absurdo você não fazer nada só porque ela é sua amiguinha – desdenhou – eu considero aquilo desacato e vou prestar queixa – deu uma pausa e então continuou – e outra, nós ainda nem sabemos o que aconteceu realmente para arma estar ali.

Rosamaria: eu não fiz nada porque não tem cabimento, foi uma situação que poderia ter sido evitada, que nós duas poderíamos ter evitado, a Caroline só reagiu – defendeu e Jovana bufou – mas eu quero saber da investigação, já sabem de quem era a arma?

Jovana: já, mas eu ainda quero investigar para saber o que aconteceu, deve ter alguma justificativa – Rosamaria ergueu uma sobrancelha – não podemos simplesmente responsabilizar um dos nossos homens assim, temos que entender a situação – abaixou a guarda e Rosamaria estranhou.

Rosamaria: quem? – foi direta e perante o silêncio da outra, continuou – eu quero saber quem foi irresponsável ao ponto de uma arma ir parar na mão de um garotinho – ainda silêncio – Stevanovic, um menino de sete anos foi baleado na cabeça, está em recuperação, quase morreu. Eu quero saber quem foi o irresponsável.

Jovana: foi o cabo Marques da minha delegacia – ali Rosamaria entendeu a resistência – eu ainda estou tentando entender, mas parece que ele perdeu a arma há algumas semanas, a outra arma encontrada também era dele, mas de uso pessoal – tentava defender o subordinado – ele se defendeu, disse que foi furtado em casa e que sentia muito, eu acreditei nele.

Rosamaria: ele abriu queixa do furto na época? – Jovana negou – você abriu queixa na corregedoria?

Jovana: não é preciso, Rosa – se alarmou.

Rosamaria: eu tenho uma operação em andamento, não é porque você não faz mais parte que ela não está acontecendo – disse se levantando de sua cadeira – você tem até o final do dia para levar isso para a corregedoria ou eu levo, e não vou levar só o nome dele – Stevanovic arregalou os olhos – Jole, o que você está fazendo não é certo, você está muito envolvida.

Jovana: eu vou resolver, deixa isso para lá e foca na sua operação, Montibeller – falou rude.

Rosamaria: tchau, Stevanovic – finalizou – eu não vou mudar de ideia.

Jovana saiu batendo pé e Rosamaria apertou suas têmporas, não poderia deixar se abalar por aquilo, teria muita coisa para fazer. A investigação tomou rumos inesperados durante esses dias, já estavam na metade do mês e a delegada agora precisava encontrar um grande traficante que estava envolvido em coisas maiores que drogas na periferia. Aquilo estava lhe tirando o sono, o traficante não era o chefe, ele era apenas um subordinado de um grande empresário da cidade. Rosamaria também descobriu que além de reconhecido, Monteiro era um cara extremamente perigoso, mas aquilo não iria lhe desanimar, faria de tudo para prender o empresário e seus subordinados.

Nossa Vida - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora