Aparentemente eu não morri, mas meu corpo todo está doendo pra caramba, minha boca estava com um gosto metálico que eu tenho certeza ser sangue, e eu sinto meu rosto molhado, provavelmente bati a cabeça e tem sangue escorrendo por minha face. Minha postura médica assumindo o controle. Sinto minhas pernas e braços, isso é um ótimo sinal. Minha cabeça dói, mas eu consigo me lembrar dos meus últimos momentos antes de ficar desacordada, tento mexer meu pescoço minimamente, minha respiração está ofegante, mas acredito ser mais um resultado emocional do que físico, já que eu não sinto dificuldade em respirar. Levei minha mão direita até minha testa e depois coloquei na frente dos meus olhos, havia sangue ali. Acho que não é nada grave. Eu ainda sou médica, não posso deixar meu emocional falar mais alto. Há mais uma pessoa nesse carro e meu dever é preservar sua vida.
Carol: Machado – chamo e nada – Machado – aumento meu tom de voz e nada – Machado, tá me ouvindo?
Ele não respondia, mas eu conseguia ouvir um barulho indecifrável. Ainda tentando proteger meu pescoço de movimentos bruscos, tentei ver o homem através dos retrovisores, minha visão completamente limitada, mas eu conseguia ver muito sangue e seu peito subindo e descendo em um ritmo preocupante, tentei me esticar para ver seu rosto, mas senti uma dor no corpo e preferi não arriscar. Respirei fundo e tentei falar com ele.
Carol: Machado, me dá pelo menos um sinal de que você está me escutando.
Ele gemeu e eu respirei fundo antes de tentar mais uma vez ver seu rosto. Estiquei meu corpo para cima e, através do retrovisor interno, consegui ver que ele estava com os olhos arregalados, o rosto banhado de sangue, e parecia estar sufocando. Eu queria ajudá-lo por conta do meu juramento, ao mesmo tempo que eu sabia que a minha vida valia muito mais que a dele.
Pego o celular em meu bolso, mas percebo que está sem sinal. Penso em tentar ligar para algum serviço de emergência quando escuto sirenes. Estão vindo me socorrer. A primeira pessoa a chegar até mim é um paramédico.
Paramédico: qual o seu nome?
Carol: Caroline Gattaz, eu sou cirurgiã de trauma – me apresento logo de cara – não aparento lesão na coluna, mas evitei mexer meu pescoço, preciso de um colar cervical até que exames comprovem que tudo está bem – a Dr. Gattaz estava ali – bati minha cabeça, tem sangue e eu desmaiei, não sei por quanto tempo, acredito ter uma concussão leve.
Paramédico: mais alguma coisa, doutora? – perguntou enquanto protegia meu pescoço através do vidro quebrado da janela do carro – vou colocar o colar cervical até conseguirmos remover essa porta e te tirar daí.
Carol: não apresento dificuldade em respirar nem em ficar acordada – falei satisfeita – como está o motorista? Acho que ele está sufocando com algo e a respiração está alterada.
Paramédico: vamos focar em você – me respondeu de imediato – já estamos cientes da situação, a polícia está aqui.
Carol: quem está no comando? Eu preciso falar com alguém.
Ele saiu e voltou com uma mulher mais baixa que se aproximou do carro. Se apresentou como Fabi Alvim, aparentemente estava substituindo o meu novo padrasto, lembro de Rosa falar algo sobre uma nova policial no caso de Julia.
Fabi: Carol, como você está se sentindo? Precisa de algo?
Carol: de notícias da minha filha e sair daqui, exatamente nessa ordem – sorri fraco.
Fabi: José Roberto já está vindo pra cá, mas posso te adiantar que Helena está bem, segura e em casa – soltei um suspiro de alívio e um sorriso.
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Nossa Vida - Rosattaz
FanfictionApesar de pertencerem ao mesmo grupo de amigas, Caroline e Rosamaria nunca foram próximas. Caroline Gattaz, uma médica renomada, chefe da emergência do melhor hospital de Belo Horizonte, misteriosa, guarda um pequeno grande segredo que somente sua f...