Silent Cry | #1 Em Chanmin
Em meio ao neon pulsante de uma boate coreana, um leilão macabro toma conta da noite. Jovens sem teto, despojados de esperança, são vendidos como mercadoria aos mais poderosos criminosos do mundo.
Entre os compradores, est...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A sala zumbia com o ruído baixo de conversas distantes, uma sinfonia de ameaça logo além da pesada porta de carvalho, onde Bang Chan negociava territórios com o punho de ferro de sua gangue.
Seungmin, sentado na beirada da enorme mesa de Chan, encontrou consolo no simples prazer dos biscoitos amanteigados que se esfarelavam delicadamente entre seus dedos.
Ele não conseguia se lembrar da última vez que seu paladar fora agraciado pelo sabor de um doce tão gostoso quanto aqueles biscoitos. Geralmente, nas ruas ele sequer poderia sonhar em come-los.
Chan, havia comprado uma porção de biscoitos e doces para ele, após ver Seungmin encarando um anúncio na tela do computador, ele não sabia explicar o motivo, mas estava sendo mimado pelo criminoso.
Seungmin não entendia o que tinha despertado a generosidade de Chan. Talvez fosse uma forma de controle, uma maneira de mantê-lo próximo e dependente. Mas, no fundo, havia uma pequena chama de gratidão que se acendia em seu coração.
Ele sabia que estava em dívida com Chan, que fora sua única esperança quando estava perdido nas ruas sombrias da cidade - embora sua situação atual não fosse especificamente um resgate.
Enquanto saboreava os biscoitos amanteigados, Seungmin deixava sua mente vagar por entre as paredes do escritório, permitindo-se não pensar em nada momentaneamente. Mesmo que aquela empresa escondesse crimes e coisas inimagináveis.
Era um lugar onde a violência imperava, onde medo e desconfiança pairavam no ar, mas por alguns poucos momentos, Seungmin conseguia escapar dessa realidade amarga e encontrar refúgio na simplicidade dos biscoitos.
Enquanto furtivamente saboreava outro biscoito, Seungmin sentiu um olhar penetrante passar pela porta e então ouviu-se a voz de alguém desconhecido.
- Ei - O agudo da voz quebrou a calma frágil de Seungmin quando um funcionário, com o rosto contorcido de desprezo, invadiu o escritório do chefe - O que você pensa que está fazendo aqui, hein?
A mão de Seungmin parou no ar, o biscoito meio comido se tornou um peso repentino de chumbo.
- E-eu só estava... - ele começou, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. O Kim não sabia quem era aquele homem, e nem o porque ele estava tão irritado.
- Pirralho desrespeitoso! - O homem pairava sobre ele, ele fechou a porta com raiva e se aproximou puxando o pacote de biscoitos de Seungmin - Comendo essas porcarias na sala do patrão! Tá querendo morrer?
Um estremecimento percorreu Seungmin e, com ele, uma cascata de papéis voou da mesa como pombas assustadas. Eles caíram - uma queda sussurrante - no chão, cada papel sendo uma prova de seu pânico.
- Veja o que você fez agora! Você não consegue fazer nada certo, não é? Peso morto - A voz do homem aumentava a cada acusação, a saliva voando de seus lábios como um spray venenoso.
