O peso do vazio instalou-se profundamente em mim, um fardo pesado que se agarrava a cada fibra do meu ser. Era como se o ar à minha volta tivesse perdido o seu calor, deixando-me num mundo frio e desolado. A separação com S/n tinha rasgado o meu coração, deixando para trás um abismo de solidão que parecia impossível de ultrapassar.
No início, o amor tinha pintado o nosso mundo com cores vibrantes, criando uma obra-prima que pensávamos que duraria para sempre. No entanto, como um sonho fugaz, desmoronou-se em fragmentos, deixando-me a recolher os pedaços partidos do meu coração. As memórias das nossas gargalhadas, segredos partilhados e olhares furtivos assombravam-me, cada uma sendo um lembrete doloroso do que um dia existiu.
O apartamento que outrora partilhámos ecoava com o silêncio, a ausência da sua risada amplificando o vazio que tinha tomado conta destas paredes. As fotografias que adornavam as paredes troçavam de mim com sorrisos congelados, capturando momentos que agora estavam perdidos na marcha implacável do tempo. Cada canto guardava uma memória, um fantasma do nosso passado que se recusava a desvanecer.
Encontrei-me a vaguear pelas ruas da cidade, na esperança de que a energia agitada da multidão abafasse os ecos da sua partida. Mas mesmo no meio das vibrantes luzes da cidade, o vazio dentro de mim persistia. Cada passo parecia pesado, os meus pés arrastando-se no pavimento como se fossem pesados pelo peso da minha desilusão amorosa.
A solidão era mais palpável à noite, quando o mundo à minha volta recuava para um sono tranquilo. O vazio infiltrava-se nos meus ossos, instalando-se nos espaços vazios deixados pela sua ausência. A cama que outrora partilhávamos sentia-se vasta e vazia, os lençóis frios e implacáveis. Ansiava pelo calor da sua presença, pelo suave som da sua respiração que costumava embalar-me para o sono.
A música, outrora uma fonte de consolo, agora servia como um lembrete doloroso das canções de amor que partilhávamos. As melodias que outrora traziam alegria agora carregavam o peso de memórias demasiado dolorosas para suportar. Encontrava-me a evitar as músicas que outrora eram o nosso hino, incapaz de escapar das letras assombradas que espelhavam a dor no meu peito.
Os dias confundiam-se com as noites, e o tempo tornou-se um conceito elusivo. Refugiei-me numa rotina, um ciclo monótono que oferecia uma aparência de normalidade. No entanto, nenhuma distração conseguia preencher o vazio que a ausência de S/n tinha deixado para trás. O mundo à minha volta continuava a girar, indiferente à tempestade que rugia dentro de mim.
Os amigos ofereciam palavras de conforto, os gestos de bondade uma tentativa débil de remendar as fraturas no meu coração. No entanto, as suas palavras bem-intencionadas apenas realçavam o isolamento que sentia. A verdade era que o vazio era uma jornada solitária, um caminho que eu tinha de percorrer sozinho. Nenhuma quantidade de consolo externo conseguia preencher o fosso que se alargava entre nós.
Numa tentativa desesperada de escapar às sombras do nosso passado, mergulhei no trabalho. As exigências do emprego tornaram-se um refúgio temporário, uma distração das memórias assombradas que ameaçavam consumir-me. No entanto, mesmo no meio de prazos e reuniões, o fantasma dela pairava nos limites dos meus pensamentos, um espectro sempre presente que se recusava a ser exorcizado.
Uma noite, quando o sol desapareceu abaixo do horizonte, lançando longas sombras pela cidade, encontrei-me a parar no local onde tínhamos tido o nosso primeiro encontro. O restaurante, outrora um refúgio de risos e sonhos partilhados, agora permanecia como uma testemunha silenciosa do nosso desenlace. Tracei o rebordo da chávena de café nas minhas mãos, o calor fazendo pouco para descongelar o gelo que se tinha instalado nas minhas veias.
Uma dor familiar puxou-me o peito, e soltei um suspiro que carregava o peso de mil palavras não ditas. O empregado, reconhecendo o vazio nos meus olhos, ofereceu um sorriso simpático enquanto enchia a minha chávena. Juntei forças para agradecer, o meu olhar fixado no café como se ele detivesse as respostas para as perguntas que atormentavam a minha mente.
As luzes da cidade piscavam como estrelas distantes; o seu brilho incapaz de penetrar na escuridão que me envolvia a alma. Sentia-me como um navio perdido no mar, à deriva numa vastidão sem destino à vista. A ânsia pelo toque dela, o eco da sua risada e o calor do seu amor criavam uma tempestade dentro de mim, ameaçando arrastar-me para baixo.
À medida que a noite avançava, encontrei-me a refazer os passos que tínhamos dado naquele dia fatídico em que nos conhecemos. O parque, outrora um refúgio de sonhos partilhados, agora sentia-se como um cemitério de promessas por cumprir. Os baloiços rangiam na brisa suave, uma sinfonia melancólica que ressoava com o vazio no meu coração.
Afundei-me num banco, o metal fresco a penetrar o tecido das minhas roupas. As estrelas lá em cima pareciam distantes, o seu brilho um contraste flagrante com a escuridão que me envolvia. Fechei os olhos, na esperança de bloquear o mundo e a dor que se agarrava a cada respiração.
Mas no silêncio, a voz dela ecoava, uma melodia assombrada que se recusava a ser silenciada. "Porque é que tinha de acabar assim?" murmurei para a noite, como se o universo detivesse as respostas para as perguntas que atormentavam a minha alma. O vazio respondeu com um silêncio oco, um reconhecimento do vazio que se tinha tornado o meu companheiro constante.
Na quietude desse momento, percebi que a cura não se tratava de esquecer; era aprender a viver com o vazio, encontrar uma maneira de coexistir com o vazio que se tinha tornado parte de mim.
A jornada à frente era incerta, e o caminho estava envolto em sombras, mas a cada passo, prometi carregar o peso da minha desilusão amorosa com graça. À medida que a primeira luz da alvorada pintava o céu em tons de rosa e dourado, levantei-me do banco, uma promessa silenciosa gravada na minha alma.
A cidade despertava à minha volta, o seu pulsar sincronizado com o ritmo dos meus passos. O caminho à frente era longo, e a dor dentro de mim persistia, mas a cada nascer do sol, encontrava a força para enfrentar o dia de novo.
A jornada através do vazio era minha para percorrer, e à medida que o mundo abraçava um novo dia, adentrei no desconhecido, carregando os ecos de um amor que já foi.
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KPOP & Dorama IMAGINES
FanfictionEste livro vai ser só de imagines. Podem fazer o vosso pedido de imagines, de grupos, individuais ou solistas e até mesmo atores de dorama. Este é o meu primeiro livro publicado, por isso espero que me possam ajudar e dar opiniões construtivas. Espe...