capítulo 31

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Enzo Campbell

— Poxa, você tem mesmo que voltar a trabalhar agora?— Lisbela perguntou com uma voz manhosa e meio triste assim que acabamos de comer.

Eu sempre sugiro a ela que eu coma em um lugar separado por que ninguém gosta de comer perto de mim, desde que retornei dos mortos por assim dizer, todos falam que é desagradável comer algo tendo que me olhar.

Mas a Lisbela sempre descarta a minha sugestão e inclusive me proibiu de voltar a fazê-la.

Eu tenho me comportado como um lorde, acho que a minha família vai se orgulhar. Estou tentando me adaptar da melhor forma ao nosso casamento, estou tentando ser mais receptivo com relação a minha esposa e principalmente, estou tentando confiar nela. Tentando confiar que tudo o que ela me disse no jardim é verdade. Tentando confiar que ela gosta de ficar perto de mim, que gosta de mim.
Tentando acreditar que eu mereço um casamento de verdade, e não algo de fachada.

— Os cinco dias que eu tirei para ficar só com você já acabaram minha rosa, eu preciso voltar ao trabalho por que o Lucien não pode dar conta de tudo sozinho.— Respondi com um sorriso sincero quando a puxei pela cintura até mim.

Eu estou mesmo me esforçando, mas ainda tem coisas que não sou capaz. Tivemos aquela conversa franca e desconfortável, me abri o máximo que pude, mas ainda não consigo deixar que ela veja as cicatrizes das minhas costas, e também não converso com ela quando a minha perna me impede de andar como se deve.

Nesses dias de casamento a minha perna ficou imprestável durante um dia inteiro, santo Dio eu mal conseguia me apoiar sem segurar nas paredes. Não consegui nem erguer o olhar para ela.

Fiquei mortificado de vergonha, como se eu não fosse homem o bastante para protege-la caso ela precise um dia.

Já sobre minhas costas não é tanto pela vergonha que eu as mantenho sempre ocultas, é mais por medo de que quando ela as veja... Simplesmente queira me abandonar.

— Minha rosa, é? Agora você da até apelidos carinhosos?— Questionou com um sorriso de orelha a orelha.

— Achei que fosse apropriado, afinal a história toda da Bela e a fera gira em torno de uma rosa, não é?— Perguntei lhe dando uma piscadela para fazê-la rir mais, esse tem sido meu maior objetivo ultimamente.

— Eu sou a Bela?

— E eu a fera! Mas ao invés de apenas uma rosa, eu te ofereço essa casa inteira. Tudo o que seu coração desejar, será seu.— Respondi tão automático, sem planejamento e sem cálculo que me senti como um bobo por ter dito algo tão meloso assim.

Minhas bochechas queimam de vergonha, mas surpreendentemente sou recompensado com um suave beijo nos lábios.

— Adoro que seja fofo comigo. — Bela me disse com os olhos reluzindo de contentamento, como se tivesse esperando a tempos que algo assim saísse da minha boca.

— Me perdoe por ter sido tão ruim no início, está bem? Vou tentar ser menos monstruoso.— Conclui erguendo as sobrancelhas em meio a uma gargalhada sincera e alta como a muito tempo não faço. — Vai voltar para o ginásio de patinação?— Aproveitei o momento para me inteirar mais sobre os interesses da minha esposa, que pelo que eu sei se resume a patinação artística no gelo, brincar com os nossos sobrinhos já que está perguntando muito sobre eles e sobre o que cada um mais gosta, e claro, o maior interesse é desvendar os meus pensamentos.

— Vou sim, não quero ficar nessa casa gigante sem você.— Retrucou dando de ombros.

— Certo. Minha rosa, não veja como possessividade, mas eu queria te pedir para não fazer mais par com aquele cara, o tal do Brian. — Pedi depois de dar mais um beijo curto e molhado nos lábios da Lisbela. Nada no mundo meu causa tanta satisfação quanto saber que está boca nunca vai encostar em outra além da minha.

— Por que? Ele fez alguma coisa?— Perguntou um tanto quanto alarmada.

— Não, mas eu não gosto dele. Agora eu tenho que ir, preciso buscar o meu irmão no meio do caminho.— Não lhe dei tempo de resposta por que mesmo tendo pouco tempo de casados eu sei que se eu me atrever a deixar essa conversa se alongar demais, nós dois vamos terminar deitadinhos e exaustos naquele sofá da sala.

E eu tenho compromissos a honrar.

Os casos de tráfico de crianças e mulheres continua em alta, Lucien me informou hoje pela manhã que tivemos um saque muito grande em nosso armamento sem a autorização de nenhum membro da ordem superior, que neste caso se resumem a mim, Lucien e nossos pais.

Fiquei enfurecido, é claro, acabei sendo rude com o meu irmão, o acusei de não estar fazendo bem o seu trabalho, mas logo me arrependi e tratei de me desculpar.

Ele é um hacker excelente como nunca visto antes, mas ainda assim ele não é Dio. Não é possível que consiga estar em todos os lugares ao mesmo tempo, então precisamos de paciência até que ele consiga encontrar o ponto certo. Quando isso acontecer, esse circo vai acabar e eu vou limpar o meu território de vermes ladrões e sequestradores.

Sai da garagem, dirigi apenas alguns quarteirões ate a fachada da casa dos meus pais e esperei pacientemente o Lucien sair e entrar no automóvel.

Eu avisei que já estava vindo, mas como sempre, ele só faz o que quer.

— Desculpa a demora, o Domenico quis vir junto.— Ele apeteceu quase que do nada bem dentro do meu carro, sendo acompanhado por nosso primo Dom logo atrás.

— Vai trabalhar ao invés de ajudar sua mulher com o Riven?— Questionei abrindo a boca fingindo ter deixado meu queixo cair.

O Dom obviamente tem a característica aparentemente mais predominante nos homem dessa família: Superproteção.

Isso não se resume apenas a família em que nascemos ou as esposas, mas principalmente aos filhos.

Nunca vi homem mais dedicado à paternidade do que ele, chega a ser inspirador de ver. Fico me perguntando se quando eu tiver um filho vou ser tão bom pai quanto ele é.

— É justamente por causa da Estrelinha que eu estou aqui. Tenho um coisa um pouco... Bom... Não sei explicar.— Ele começou a tentar definir, mas travou na primeira oportunidade.

Dei um tapa no braço do Lucien para que e fale já que o nosso primo parece ter perdido essa capacidade.

— A situação parece meio inacreditável, irmão. Acho que ele não vai conseguir falar, então eu vou dizer de uma vez. Stella e Lisbela são irmãs.— Meu irmão declarou como se não estivesse falando de nada mais do que o clima.

Eu já tinha voltado a dirigir tranquilamente, mas quando ele me revelou essa informação eu pisei no freio e na embreagem do carro com toda força fazendo uma parada brusca que seria capaz de nós jogar para fora caso não estivéssemos com cinto.

— O QUE?

— Nossa, é bom saber que essas coisas funcionam.— Lucien comentou segurando firme no cinto de segurança, como se quisesse apenas verificar uma vez mais.

— O que foi que você acabou de dizer? A Stella, esposa do nosso primo, é irmã da minha esposa? Como isso é possível, não faz o menor sentido! Vocês ficaram malucos.— Entrei em um looping de emoções e estou a ponto de embarcar nesse trem novamente.

Ele só pode ter ficado maluco! Não tem como isso ser verdade por que a mãe da Stella é italiana e além disso, essa história teria sido mencionada antes.

— Dirigi e nos mentem vivos que eu te conto.— Dom ponderou e eu assenti meio incerto se posso fazer essas duas coisas, mas mesmo assim voltei a colocar o carro adiante. — Ótimo, segure firme aí por que a história é bem longa.









A bomba vai ser revelada em breve amores, mas eu queria saber como vocês acham que a nossa rosa vai reagir. Sugestões???? Votem e comentem Muitooooooo

A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora