Capítulo 62

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Lisbella Campbell


O começo e o fim.

Principio e desfecho.

A vida e a morte... Esse é o tipo de coisa que passa a rondar na minha cabeça depois de ouvir aquele disparo.

A morte pode não significar o fim em alguns casos, mas se eu tivesse que seguir a minha vida sem ele... 

— Bela? Amore mio, você está bem?— A voz do meu marido, desesperada e distante aos meus ouvidos, me tirou de todos os meus pensamentos conturbados, me fazendo cair em lagrimas imediatamente.

Queria dizer a ele que fui forte, queria desesperadamente contar que não tive medo em nenhum momento por que eu senti que ele me salvaria, senti como se ele sussurrasse para mim, mas tudo o que eu consegui fazer foi deixar as lagrimas escorrerem. 

Lagrimas de alivio e de felicidade.

— Você não esta machucado?— Foi a primeira coisa que perguntei assim que as lagrimas cessaram um pouco mais. Olhei para o Alex, por que se nem eu e nem o meu marido estamos feridos, é claro que o alvo obvio teria sido ele. Me deparei com o homem xingando a todos nós, gritando de dor por causa de um tiro de nada no braço.

— Eu ia atirar na cabeça dele, mas ai o sofrimento teria sido mínimo.— Marco Comentou chegando próximo o bastante de nós para ser ouvido.

Enzo permaneceu em silencio, mas seus olhos me demonstram uma confusão de sentimentos.

— Primo, vamos colocar esse infeliz barulhento e covarde dentro do carro, eles dois precisam de alguns minutos. Quem quer começar a bater nele um pouco?— Meu cunhado deu a ideia e tanto o Marco quanto o Henrique aceitaram de imediato.

Não foi necessário nem meio segundo de afastamento para eu ser envolvida pelos braços do Enzo em um abraço forte e esmagador.

— Você não está machucado?— Perguntei novamente, me afastando desesperada para conferir ele por inteiro.

— Eu sou o que menos importa aqui. Como você está? E o bebê? Quer saber? Vamos ao hospital agora.— Enzo balançou a cabeça de um lado para o outro aparentemente tentando decidir quais são as prioridades no momento. Tentando parecer o homem forte e decidido que todos veem.

— Marco, joga a chave do carro em que vocês vieram. Eu vou levar a minha esposa ao hospital agora.— Pediu e o primo o fez no mesmo instante.

— O que fazemos com esse resto de aborto mal feito?— Lucien questionou assim que entrou no carro. 

— O que quiserem, desde que ele continue vivo.— Dito isso meu marido se levantou do chão, certamente ignorando por completo a pontada de dor em seu joelho, e antes que eu pudesse fazer o mesmo ele me ergueu em seu colo, sem me dar tempo algum para protestar.

Levei um sustinho, admito, mas assim que me aninhei em seu peito senti um frio na barriga e um conforto absoluto. Como se a própria vida estivesse me dizendo "ei, pode relaxar, você está em casa agora."

Enzo me levou até o carro, me sentou gentilmente no banco do passageiro e afivelou o cinto de segurança para mim.

Depois deu a volta rapidamente no carro e assumiu  posto de motorista, dirigindo em completo silêncio por bons minutos.

— Enzo? Você não está mais chateado comigo, não é? — Ele está com os ombros encolhidos, a cada momento em que tento aproximar a minha mão da mão dele sinto ele ficar um tanto quanto retraído. Por um momento, penso que pode ser que ele esteja realmente irritado comigo ainda.

A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora