Capítulo 44

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Lisbela Campbell


Eu sei que posso parecer uma criatura desalmada por ter me animado tanto para ver tantas coisas envolvendo jack o estripador, mas em minha defesa é só uma licença cultural mesmo. Eu sempre gostei de história e acho que seria de um extremo mal gosto não aproveitar o fato do meu marido ser podre de rico.

Enzo no começo tentou me dissuadir, argumentando que eu sou delicada demais para estar em um lugar que foi palco de grandes homicídios, mas eu o convenci que isso seria verdade apenas se eu estivesse indo a anos atrás, quando os corpos ainda estavam lá.

Claro que ele se rendeu e resolveu aproveitar junto comigo. 

— Meu amor, esse museu não tem muita coisa interessante, achei que fosse deixar sua experiência melhor, me desculpa. — Sussurrou para mim pouco mais de dois minutos depois que entramos no museu do Jack. Nós já fomos nas esquinas que eu tanto queria ir, preciso ser sincera e admitir que na verdade foi bem decepcionante.

Eu não sei o que eu esperava encontrar lá, mas com certeza achei que fosse ser algo mais mentalmente estimulante do que uma simples placa de metal, e infelizmente foi apenas o que encontramos. Enzo percebeu minha grande decepção logo na nossa primeira saída nessa viagem e sugeriu visitarmos este museu.

É bem legal, mas eu achei que fosse gostar mais do que de fato estou.

— Tudo bem, eu estou gostando do nosso passeio.— Retruquei lhe dando um beijinho casto nos lábios, confessando para mim mesma que estou ficando cada dia mais apaixonada por ele. Eu poderia dizer que me sinto tal qual uma adolescente experimentando o amor pela primeira vez, mas isso seria uma mentira gigante visto que nem mesmo na minha adolescência eu senti algo assim, não sei como acreditei que o que eu senti pelo Bryan fosse amor.

Enzo mexe com todas as minhas estruturas sem nem mesmo ter a intensão de fazer isso. Ele é como as autoras descrevem seus mocinhos, me fazendo sentir como a protagonista tarada e com os hormônios a flor da pele.

— Tutto bene, mas me espera aqui, vi um carrinho de sorvete ali fora, vou comprar um para você e já venho, alguma coisa tem que dar certo nesse dia, per Dio.— Sorrindo ele saiu rapidamente indo em busca do tal sorvete para melhorar o meu dia. Mal sabe ele que só de ter ele aqui comigo meu dia já é mais que especial.

Voltei minha atenção para algumas das imagens coladas na parede tentando imaginar como seria a cabeça do Jack para ter feito tudo isso e nunca ter sido pego, mas depois de certa de dois minutos e meio eu tive meus pensamento interrompidos.

— Se estiver precisando de ajuda, tussa duas vezes.— Uma moça do meu lado falou baixinho arriscando um sorriso em minha direção.

Sorri de volta, mesmo que ainda sem entender o motivo dela estar puxando assunto com uma desconhecida.

— Como assim?— Questionei ainda perfeitamente calma, mas se eu soubesse o que viria logo a seguir eu com certeza teria sido rude, exatamente da forma que pessoas como ela merecem ser tratadas.

— Eu vi você beijando aquele homem pavoroso, ele esta te obrigando a ficar aqui com ele? Ou ele escolheu se caracterizar de uma das vitimas do Jack? Seria inédito, o único sobrevivente. — A mulher prendeu o riso como se tivesse dito a melhor piada do século.

Ergui os olhos para ver ela pela primeira vez nessa conversa. Ela é alta demais, magra demais, nariguda demais e o cabelo loiro tingido me parece uma palha seca.

Feia, e se atreve a falar assim do meu marido? Só pode ser brincadeira.

— O que quis dizer com "se caracterizar de vitima do Jack"?—Perguntei fazendo aspas com os dedos, apenas para não correr o risco de em um futuro próximo ela dizer que eu surtei sem motivo.

A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora