Epílogo

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Enzo Campbell

— Eu acho que posso morrer de ansiedade a qualquer momento.— Reclamei enquanto seco o suor das minhas mãos nas calças.

O meu nervosismo não é loucura, não é infundado e definitivamente não é exagero. Bela sugeriu que a gente esperasse até o nascimento para saber o sexo do neném, mas quem disse que eu aguento? Se eu tiver que esperar mais que alguns minutos eu vou ter um ataque.

— Meu amor, você precisa se acalmar, toda vez que você fala nervoso assim o neném chuta mais forte.— Bela advertiu colocando a mão na barriga como se estivesse tentando acalmar nosso filho.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa um médico entrou na sala onde estamos, sorriu, fez umas perguntas bobas de rotina e então finalmente nos levou para outra sala onde tem uma maca para ela deitar.

FINALMENTE!

Primeiro passo: gel grudento na barriga.
Segundo passo: máquina estranha por cima da barriga.
E terceiro passo: finalmente descobrir se é menino ou menina.

Se for um menino meu filho vai ficar bem chateado comigo no futuro, uma vez que a minha cabeça tem certeza de uma forma irracional de que é uma garotinha.  Todas as roupinhas que eu já comprei são femininas.

— E então papais, estão levando a gestação de forma tranquila? Pelo que eu vi na ficha a paciente precisa de uma gravidez com mais tranquilidade e sem muito esforço.— Mais conversa fiada, caramba!

Tudo bem, eu sei que é o trabalho dele querer saber como estamos levando a gestação, mas eu estou tão atento a todos os detalhes a tempos que já me parece bobagem ele perguntar isso.

— Tudo tranquilo, a Bela anda respeitando os limites do que ela pode fazer sem nenhum problema.— Respondo rapidamente sem tirar os olhos daquela tela cheia de imagens embaçadas.

— Certo, que maravilha então. Já tem opções de nomes?— Perguntou novamente me fazendo forçar a respiração pelo nariz para manter a calma.

Que inferno!

— Não, não temos.— Respondi sem me prolongar. Será que o universo não pode ajudar um pai desesperado, santo Dio?

O médico sorriu, finalmente se dando conta de que eu estou ansioso demais.

— Imagino que o papai aí esteja ansioso para saber logo o sexo do bebê. Por sorte ele quis cooperar.— O médico disse dando mais uma conferida na tela embaçada.

Se o bebê quis cooperar, significa que ele consegue ver, não é isso?

— Enzo, seu nervosismo está me deixando altamente nervosa.— A essa altura eu não tenho como fazer absolutamente nada para ajudar a minha esposa, por que nem que começasse a chover canivetes eu iria me acalmar.

— Fala logo, homem! Que suspense terrível!— Segurei a mão da Bela com ainda mais determinação, tendo a certeza de que se ele demorar mais dez segundos para falar eu vou fazer esse exame eu mesmo.

Não faço a menor ideia de como funciona, mas eu aprendo rápido. Ou chamou o Lucien para fazer na pior das hipóteses, aquele rato de computador consegue ver isso para mim.

— Tudo bem, tudo bem. Estão vendo isso aqui?— Mostrou alguma parte no meio do borrão, eu obviamente finji que entendi e assenei com a cabeça para cima e para baixo. — Isso aqui é a neném de vocês falando que é uma menina linda. Parabéns!— Uma menina.

É mesmo uma menininha!!!!!

Santo Dio, eu nunca fiquei tão feliz na minha vida inteira! Ela vai ser a princesinha do papai, a coisinha mais linda da minha vida, minha jóia mais preciosa!

Comecei a depositar beijos e mais beijos no rosto da minha rosa, agradecendo um milhão de vezez por ela estar me dando tanta felicidade assim. Logo o rosto dela começou a ser banhado por lágrimas de felicidade, da mesma forma que o meu deve estar no momento.

— Ela vai ser uma bonequinha.— Bela disse entre lágrimas.

— Vai mesmo, e quando ela tiver uns cinco anos eu vou começar a construir um forte em volta de uma torre para sempre manter a minha princesinha longe de todos os olhares maldosos. Acha que quando ela começar a falar já vai conseguir fazer a promessa solene de nunca namorar na vida?— Perguntei sorrindo mesmo depois de imaginar como a vida pode ficar difícil quando ela crescer o suficiente para ter curiosidade sobre esse tipo de coisa.

Vai ser difícil, vai ser doloroso, impossível e esmagador. Mas vai valer a pena, e é isso que importa.

— Vou deixar vocês sozinhos um momento, para limpar o gel.— Dito isso ele saiu deixando a nós dois com um sorriso bobo para trás.

— Uma menininha, eu ainda não acredito nisso.— Confessei enquanto limpo esse gel mercado, dei o meu máximo para deixar ela o mais confortável possível, mas sei que ainda vai ficar pegajoso.

— Quero contar logo para todo mundo.— Bela disse descendo da maca. Eu não poderia concordar mais com esse desejo, tudo o que eu quero é gritar para o mundo inteiro que a mulher da minha vida  vai dar a luz a uma garotinha tão maravilhosa quanto ela.

— Vamos sair daqui. A gente pode contar ao Lucien primeiro? E a Stella é claro, aquela estrelinha tem sido minha consciência por tempo demais para ficar em segundo plano agora.— Retruquei rapidamente por que eu realmente não seria capaz de deixar ela de fora disso.

No pior momento da minha vida eu só contava com ela. Não que eu não pudesse contar com os outros, mas eu me sentia envergonhado demais para conseguir me abrir com algum deles. A Stella foi diferente, com ela eu senti que podia simplesmente desabar e falar tudinho o que eu estava sentindo sem me preocupar de estar enlouquecendo alguém com os meus pensamentos suicidas.

Só não coloquei aqueles pensamentos em prática por que não queria ser visto como covarde.

— Fazemos uma chamada de vídeo com ela lá da casa do Lulu.— Olhei para a minha maravilhosa esposa quando ela pegou na minha mão, e me vi fazendo algo que eu não faço a muito tempo. Agradeci.

Agradeci a Dio por ter me mantido firme mesmo com todos os pesadelos, todos os comentários, todas as lembranças... Agradeci por ter continuado de pé mesmo quando eu pensava que devia ter morrido, mesmo que eu tivesse a certeza de que estava morto por dentro e por mais que fosse cansativo fingir para todos que eu estava bem.

Eu agradeci por ter aguentado todos os momentos difíceis por que foram eles que me trouxeram para a Bela, foram esses momentos pavorosos que me fizeram encontrar a pessoa que realmente daria sentido a absolutamente tudo.

Valeu a pena, e vai continuar valendo não importa quantos momentos ruins existam, por que ela é tudo o que faz a vida valer a pena ser vivida.

— Eu te amo.— Falei como uma constatação solene, sem nem perceber as palavras saindo pela minha boca assim que comecei a dirigir. — Eu te amo demais.

Bela olhou para mim com carinho explodindo em seus olhos.

— Assim do nada uma declaração?— Perguntou sorrindo.

— Nunca é do nada minha rosa, eu te amo por tudo e para tudo. Te amo mais do que eu vou ser capaz de expressar a vida inteira, então toda vez que eu falar que eu te amo saiba que estou expressando apenas um pouco do que eu sinto.

Desviei o olhar da estrada para a minha esposa me separando com ela choramingando um pouco.

— Não minha Bela, não é para você chorar.

— Eu estou chorando de felicidade, por que de tantos homens no mundo, eu me casei com o melhor de todos.






Amores de la mi vida, assim acabamos a nossa história:(
Mas não fiquem tristes, sempre temos notícias do casal!!!
Eu tentei escrever antes, mas não estava conseguindo progredir kkkkkkk
Votem e comentem MUITOOOOOO (a propósito, não estou mais de férias já tem 3 semanas, então voltamos ao bordão de "socorro Deus")

Agora vamos juntos ver a história do LUCIEN

A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora