capítulo 41

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Enzo Campbell

Meu irmão continua se negando a ter uma noite decente de sono, e eu não posso julgar.

Eu mesmo as vezes permaneço acordado por toda a noite sem descanso. A única coisa que tem me mantido com os demônios sob controle é a Bela, por essa razão que eu sempre dou um jeitinho dela acabar dormindo no meu quarto.

Aquela primeira noite que ela dormiu comigo foi também a primeira depois de muito tempo que eu me senti seguro dentro da minha casa, o que pode parecer uma grande piada uma vez que eu afirmo que me sinto seguro com uma mulher de 1,57 de altura do meu lado.

Mas ela mantém a minha alma segura. O que sobrou dela pelo menos.

Todas as noites eu espero ela se deitar primeiro, apago as luzes para que ela não veja as cicatrizes das minhas costas e me certifico de acordar antes dela. Não posso mais voltar a dormir com um vazio do meu lado, e me certifico que isso não vai voltar a acontecer ao esconder ainda mais as cicatrizes e as minhas limitações.

— Vai mesmo viajar com sua esposa, filho?— Meu pai perguntou enquanto beberica sua taça de vinho.

Eu resolvi conversar com ele sobre a minha ideia de viajar em uma lua de mel tardia com a Lisbela por que eu sinto que meu casamento precisa dessa atenção.

Desde que nós nos casamos eu não tenho saído muito da minha zona de conforto e qualquer idiota percebe que ela anda se esforçando mais do que eu.

Quero apenas colocar as coisas em pé de igualdade.

— Ainda não falei com ela pai, mas acho que não vai se opor, porém eu acho que o restante da família já vai ter ido embora quando a gente voltar. — Respondi dando de ombros sem me preocupar muito com isso na verdade.

São família, eles vão entender e sinceramente, essa visita deles já se estendeu por mais tempo do que eles mesmos pretendiam por conta da gravidez da Beatrice.

Marco está a ponto de arrancar os cabelos por estar a tanto tempo longe da Itália, ele partilha do mesmo pensamento que eu: Nada melhor que o próprio chefe para ficar de olho na sua organização. Ele já está longe a cerca de quase três meses.

— Todos menos o Domenico e a Stella, ela quer criar um laço com a irmã antes de ir embora.— Meu pai me confidenciou a informação e eu sorri agradecido com o cuidado que a Stella está tendo com a minha esposa.

Ela realmente é uma estrelinha brilhante e iluminada como o Dom costuma falar, foi uma das únicas pessoas com quem eu consegui falar abertamente sobre os sentimentos de desolação, sofrimento e depressão que me atingiram quando eu voltei para casa, mesmo que a gente tenha se conhecido naquela ocasião.

Ela me transmite confiança, não me julgou pela minha fraqueza e em momento algum tentou me dar alguma lição de moral, ela apenas ficou lá... Me ouvindo, me apoiando, me vendo chorar e me contando sobre sua própria experiência em uma vida ferrada antes de conhecer a nossa família.

— A Lisbela vai gostar disso, ela também quer se aproximar da irmã principalmente agora que está sem falar com os pais.— Retruquei sem conseguir evitar de torcer o nariz quando mencionei os pais da minha esposa.

A mãe dela se comportou como uma megera, e o pai como um verdadeiro capacho covarde.

Uma dupla de ridículos.

— Voltando para o assunto principal delas conversa, acho que sua esposa vai gostar muito dessa viagem, uma vez que ela está perdidamente apaixonada por você.— Meu pai constatou dando um meneio de cabeça em minha direção acompanhado de um sorriso presunçoso no rosto. Eu por minha vez arregalei os olhos, me engasguei com o gole de vinho que eu estava bebendo e comecei a tossir sem parar. — Não acredito que isso tenha te surpreendido tanto.

A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora