A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família Fontenelle

capítulo 61

Enzo Campbell

É claro que eu não vou despreparado.

Posso ser muitas coisas na minha vida, mas burro definitivamente não é uma delas.

Especialmente quando não tenho nada que assegure a segurança da minha família, por que não vai demorar para o Suzano descobrir que eu não tenho nada para oferecer em troca. O filho dele está morto a muito tempo, mesmo que eu tivesse a habilidade de ressuscitar os mortos, me negaria terminantemente a fazer isso por ele.

Então sim, eu sei que a partir do momento em que ele perceber, as coisas podem ficar feias bem rápido.

Justamente por isso que eu dividi nosso grupamento em dois grupos de ação. Quando existe uma infestação é necessário exterminar o ninho inteiro.

— Escutem, o pelotão de vocês — Apontei na direção do Paulo, meu chefe da segurança, mostrando a localização que deve seguir em um mapa. — tem que seguir exatamente até aqui, o Suzano não mandaria a equipe inteira dele, então vocês precisam ser rápidos em exterminar todos os que sobrarem,  rapidamente de preferência. Já o grupo de vocês — Apontei na direção do Henrique, como ele é chefe da segurança na Itália achei por bem deixar ele como responsável do grupo onde meus primos vão estar — Precisam assegurar a mim, Lucien e Lisbela. Alex não vai aparecer lá sozinho, é claro, mas provavelmente vai deixar alguns homens nessa área aqui, por que seria difícil para nós enxergarmos, por isso que vocês devem estar mais ou menos aqui, os soldados deles não vão ver vocês e com silenciadores acredito que não vá chamar muita atenção. Ele não vai suspeitar, acredita que pelo meu desespero eu apareceria lá sem reforços, é com a arrogância dele que o pegaremos.— Terminei de explicar o plano pela terceira vez, apenas por garantia.

A minha família está nas mãos do inimigo, eu não posso arriscar dar um passo errado e perder os dois. Posso suportar qualquer coisa, mas isso definitivamente não é uma das opções.

— Certo, assim que o serviço estiver finalizado eu te bipo.— Marco avisou e eu Assenti com a cabeça confirmando.

Por mim já podemos ir agora.

— Eu ainda acho que eu deveria ir.— Meu pai reclamou fazendo uma careta estranha. Ele queria estar lá mesmo que apenas na equipe de apoio, porém  o problema maior do Suzano é com o meu pai, melhor que ele esteja apenas no momento em que trouxemos o Alex já capturado.

— Larga disso homem! Santo Dio, quanta teimosia, não sei como minha irmã te aguenta. Deixe os nossos garotos resolverem isso.— Tio Peppe, que insistiu para participar mesmo que por vídeo conferência, ralhou com o cunhado.

Boa parte dessa bronca é por que ele ficaria chateado se meu pai fosse e ele não.

— São meus filhos, meu neto, eles que vão estar no frente do risco.— Meu pai seguiu reclamando.

— Problema é seu, eles são tão meus, quanto seus. E pare de reclamar, eles foram treinados para isso, mas eu estou aqui tendo a casa bombardeada pelos meus netos.— Resolvi deixar os dois discutindo sobre o que é mais legal, crianças ou armas e dei a ordem para os grupamentos irem na frente.

Eu e o Lucien chegaremos visivelmente em um carro sozinhos.

— Está pronto?— Meu irmão questionou prestando total atenção em mim assim que estaciono o carro a poucos metros de distância do outro carro, onde obviamente estão o Suzano e a minha esposa.

— Claro, sempre vou estar preparado para isso.— Retruquei já abrindo a porta do carro dando os primeiros passos na direção da metade do caminho.

No mesmo momento Suzano saiu do carro arrastando a Bela pelo braço como se ela fosse algum tipo de material descartável. Foquei meus olhos imediatamente nos dela, buscando sinais de medo, ou de dor, mas tudo o que eu pude ver quando ela me olhou de volta foi força, amor e coragem.