capítulo 54

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LISBELA CAMPBELL

— Eu ainda não entendo por que você gosta tanto desse seriado.— Comentei apoiando a mão na minha barriga por puro costume enquanto me sento no chão embaixo de um forte que o meu cunhado fez com cobertas, almofadas e várias outras coisas que eu não notei muito bem.

Lucien defendeu a sua ideia com a justificativa de que um forte era o que ele e o Enzo sempre faziam quando queriam se sentir protegidos, confortáveis e independentes. Então ele cismou que eu ainda não tinha participado de nenhum desses fortes já que o meu marido se recusa a entrar em qualquer um desde que voltou.

Ele perdeu a parte dele de criança.

— Primeiro que não é só um seriado, é o melhor seriado do mundo inteiro, então respeite por favor. E segundo: friends tem muita semelhança com a minha vida, então eu nunca vou deixar de amar.— Retrucou dando de ombros despreocupadamente como se tivesse me explicado com perfeição a fixação maluca dele por essa série.

— Como que parece tanto com sua vida? Pelo que eu já vi aí tem uma chefe de cozinha e você não conhece nenhum.— Retruquei empinando o nariz sabendo que posso fazer isso a noite inteira.

Eu poderia estar me sentindo muito pior com a ausência do Enzo se o Lucien não inventasse das dele quase que diariamente. Ele me diverte e me ocupada, me faz dar risada e esquecer um pouquinho a esperança que eu tenho todo dia do meu marido aparecer em casa me dizendo que vamos recomeçar sem preocupações.

— Você nunca esteve tão errada irmã. Eu conheci um chefe de cozinha do Brasil recentemente em um fórum de fãs de F.r.i.e.n.d.s na internet. Ele começou a pouco tempo, mas já sabe que é a melhor série do mundo.— Empinou o nariz mais do que eu fiz a minutos atrás.

Gargalhei dando play no episódio de hoje.

Ross está entrando em colapso por que a ex esposa lésbica dele vai ter o bebê deles e a atual namorada da ex dele está no hospital também. Ele deveria estar feliz porque a criança ainda nem nasceu e já tem amor o bastante para sufocá-la.

— Susan precisa entender que ela foi amante da Carol quando ela ainda era casada com o Ross, nem era para ela estar sendo tão rude. — Reclamei já completamente imersa no que estou assistindo enquanto devoro uma fatia de pizza. A série é incrível, mas não vou admitir agora.

— Nesse momento a Susan ainda é uma pessoa mu.— Respondeu dando de ombros sem olhar para mim.

Franzi a testa. Pessoa mu? De que diabos ele está falando?

— O que raios é uma "pessoa mu?"— Questionei confusa e me perguntando se minha sogra alguma vez mandou que examinassem a cabeça dele.

— Ah, esqueci que você ainda não viu os ensinamentos do sábio filósofo contemporâneo Joey Tribbiani. Uma pessoa mu é tudo uma opinião de vaca, ninguém liga. Ou seja, é tudo MU.— Concluiu com um floreio de mãos exagerado.

Eu estou maluca ou isso fez muito sentido?

— Bom, então a Susan para mim é uma pessoa mu.— Concordei voltando toda atenção para a série.

Quando me deu conta nós já tínhamos assistido mais um cinco episódios, a Phoebe salvou o dia e por causa dela, Susan e Ross conseguiram agir em paz e concordarem juntos sobre o nome do neném. Eu chorei emocionada, não vou negar, mas vou colocar a culpa nos meus hormônios o quanto eu puder.

É difícil lidar com a loucura hormonal, ando chorando por conta de comercial de margarina, por Deus! Se eu estou chorando pelos motivos mais idiotas da face da terra, imagina como eu fico com os meus reais motivos para entrar em prantos?

— Eu gosto da Phoebe, ela termina casada com algum dos amigos?— Questionei interessada na personagem.

Ela é completamente maluca, mas também é um doce de pessoa quando quer, mas eu acho que quando o assunto é relacionamento ela vai penar um pouquinho.

— Não. Você está mirando nos possíveis casais de amigos errados, presta mais atenção!— Depois disso ele fez "xiiuu" para mim e eu permaneci em silêncio pelos próximos episódios. Exatamente três horas por que o Lucien só acreditou que estava realmente tarde e que ele precisava ir embora quando viu no visor no celular que já são nada menos que duas horas da manhã.

— Tem certeza que não quer que eu durma aqui?— Perguntou pelo que deve ser a milhonezima vez. E pela mesma quantidade eu disse prontamente que ele não precisava se preocupar.

Como diria Penélope, a esperança costuma fazer florescer em nós a mais perigosa das emoções: A esperança.

Todos os dias é essa esperança que me faz acreditar que o Enzo pode chegar a qualquer momento e vai ser melhor se eu estiver sozinha para recebê-lo.

— Mas eu queria te perguntar uma coisa. Você me falou que estava tentando descobrir de qual família era aquele brasão, conseguiu?— Questionei curiosa.

Lembro que o Enzo me falou sobre isso, e me lembro mais ainda dá frustração dele por que o Lucien afirmava que já tinha visto isso em algum momento durante suas pesquisas por diversões.

— Descobri sim, mas o Enzo ainda não estava com a cabeça boa para ouvir, esrou esperando vocês ficarem bem.— Retrucou e até eu que não sou membro ativo na organização sei que isso não deve ser uma boa ideia.

— Qual a família?

— Suzano.— Respondeu simplesmente, como se não estivesse falando uma informação extremamente importante.

— Suzano? Lucien, se o sobrenome é esse mesmo.... O Enzo vai ter muito mais raiva quando souber.— Meu coração começou a palpitar rapidamente com a lembrança que eu tive.

"— Oi, eu sou o Brian Suzano, e você?—"

Brian Suzano.... SUZANO!

— Do que você está falando? Eu já mandei soldados vigiarem o patriarca Suzano, qual o problema?— Perguntou realmente sem saber onde eu quero chegar.

Minhas mãos ficaram geladas, a minha garganta ficou seca, mas mesmo assim eu me forcei a dizer.

— Brian Suzano, Lucien. Brian era um Suzano.— Constatei com a voz baixa, mas muito firme.

Agora não me sinto mais culpada pela morte dele. Especialmente quando existe a chance dele e da família dele terem sido um grande problema no governo do Enzo, fazendo as pessoas questionarem a liderança dele.

— O seu ex namorado-defunto? Santo Dio, mio fratello precisa saber disso. Amanhã cedo eu vou falar a ele, mesmo que ele ainda não queira me ver. Enzo é um bom líder, vai saber como agir.— Assenti com a cabeça concordando veemente com a sentença.

Não existe ninguém melhor que o meu marido para gerir a Escócia da forma como ela merece.

Essas pessoas em particular merecem toda crueldade que a Fera, como eles chamam, possa dar. Nenhum deles merecem conhecer a doçura do meu marido, apenas a dor e a crueldade que ele pode proporcionar.

— Então boa noite cunhado, amanhã a noite você vem de novo?— Perguntei animada com a nossa programação de quase todos os dias.

— Venho sim, e com três potes de sorvete. Um para você, um para mim e um eu divido com o bebê por que ele ainda é muito pequeno para comer sozinho.— Gargalhei alto.

Deus me deu o melhor dos tios para o meu filho.

Me despedi dele e subi para o meu quarto. Não o que eu passei a dormir com o Enzo, me recuso a dormir lá sem ele. Tenho dormido no meu quarto antigo, o que ele preparou para mim quando acreditava que eu queria manter distância dele.

Se ele soubesse que desde aquele época eu queria desvendar o que estava sentindo.

Talvez não tivesse duvidado dos meus sentimentos agora.






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A Bela da Fera - Livro 4 da série: Família FontenelleOnde histórias criam vida. Descubra agora