CAPÍTULO 12: Nada que um pouco de álcool no sangue e música boa não resolvam

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Eu não sei por que o amor faz assim
Bem no meio desse clima ruim
Aumenta o desejo
Quando eu acho que não vai dar mais certo
Você vem e senta um pouco mais perto
E me dá um beijo
Me Espera,
Sorriso Maroto

...

DEZESSEIS ANOS ANTES

B R U N O

Pisco fortemente e tento pensar nas coisas mais brochantes que vierem a minha mente nesse exato minuto, enquanto mantenho as mãos paradas no estofado do carro e miro os olhos nas ruas antigas de Florianópolis com algumas casinhas simples e coloridas, bares com idosos bebendo na porta, casais e seus filhos passeando e um senhor aleatório vendendo água de coco na esquina.

Minha vó vestida do Mulher-Maravilha.
Minha vó vestida de Mulher-Maravilha.
Minha vó vestida de Mulher-Maravilha.

Respiro fundo, deixando o rosto o mais neutro possível para não entregar meu autocontrole imenso neste momento, uma vez que minha melhor amiga está sentada no meu colo dentro de um carro minúsculo, sem ar-condicionado e cheio pela quantidade exagerada de pessoas aqui dentro.

Minha vó vestida do Mulher-Maravilha.
Minha vó vestida de Mulher-Maravilha.
Minha vó vestida de Mulher-Maravilha.

— Você tem certeza que é aqui, Mile? — Yasmin pergunta, olhando pela janela do Fiat Uno velho de Lucas, o atual namorado de Camile. — Não acha muito... Lotado?

Ela se remexe no meu colo, e eu fecho as mãos em punhos.

Puta. Que. Pariu!

— Bobagem! — Camile olha para nós da cadeira do carona e sorri amplo com os dentes perfeitamente alinhados de forma natural. — Aqui tem os melhores e mais baratos petiscos de Floripa, além do samba e pagode ao vivo de graça! Minha filha, não é todo dia que encontramos um lugar assim, não!

— Não sei... — Yas ainda está receosa, pois a quantidade de gente presente no bar de esquina em questão é bem considerável.

— Relaxa, Mimi! — Uma outra garota, da turma de engenharia de Yasmin, a conforta e pega na sua mão, já que também está no colo de outra garota que nem sei o nome. — A gente vai entrar, comer, beber, curtir um samba nesse Carnaval maravilhoso e ir embora... Ah, e, de quebra, ainda dar uns beijinhos em algum gatinho, o que acha? Tenho certeza que aqui não falta homem lindo!

Ergo as sobrancelhas instantaneamente ao ouvir as últimas frases e ouço Camile e Lucas tossindo como se segurassem a risada por uma piada interna.

Entretanto, Yasmin apenas ri e nega com a cabeça. Em seguida, a garota alta de cabelos castanhos presos num rabo de cavalo bem preso olha para o namorado, que está dirigindo, e diz:

— Amor, estaciona ali mesmo.

— Sim, senhora Camile Bozzi... — Lucas obedece prontamente sem questionar por saber que é a melhor opção, já que logo uma sombra aparecerá ali pela árvore próxima.

Assim que o carro para, todos saímos quase desesperados daquele forno e pisamos os pés revestidos por chinelos havaianas na rua calçada por blocos hexagonais que garantem um ar ainda mais Brasil de filmes estereotipados americanos. Ao mesmo tempo, já é possível ouvir a voz do cantor do próprio bar cantando Zeca Pagodinho, acompanhado de todos os instrumentos necessários e fazendo as colegas de turma de Yasmin começarem a dançar sem nem estarmos no lugar.

Sopro uma risada e olho para baixo a fim de conferir se nenhum acidente haveria ocorrido. Para minha sorte, está tudo nos conformes e me limito a apenas estender a mão para a garota mais linda dessa tarde.

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