CAPÍTULO 07: Algumas tristezas da vida podem trazer surpresas odiosas

283 37 90
                                    

Eu queria voltar no tempo
Pra quando eu me sentia bem
Podia contar com alguém
E era você

Tudo passou, mas eu me lembro
Aqui no peito ainda tem
Mágoas que ainda doem
O que vou fazer?
Momentos com quem se foi,
7 Minutoz

...

ATUALMENTE

B R U N O

LEVEM ELA 'PRA DENTRO AGORA! — Grito a plenos pulmões enquanto uma garotinha tem convulsões violentas no colo do pai, que me olha desesperado num pedido silencioso para que salvemos a sua filha a todo custo.

Faço um pequeno e rápido manear de cabeça para indicar que ela está em boas mãos e não perco mais tempo em correr com os demais enfermeiros para dentro do hospital, segurando a cabeça da garota para não bater na maca.

Minha respiração está acelerada e o suor escorre levemente sobre minha testa, mas meu cérebro está completamente concentrado no que preciso fazer.

— Caso Fernanda Borges de treze anos, doutor Sanchez. A menina apresenta quadros de arritmia cardíaca desde os seis anos, causados pelo vício em nicotina durante a gravidez da progenitora. — Samara me explica às pressas enquanto levamos a criança, e eu anuo. — A mãe morreu no parto devido a complicações respiratórias enquanto Fernanda sobreviveu com sequelas cardíacas que desencadearam alguns resquícios no cérebro e, pelo o que consta aqui, é a primeira vez que se torna algo tão sério como convulsões.

Olho rapidamente para o rosto angelical da menina, e meu coração se contorce por ela sofrer consequências de algo que não tem controle ou culpa. Entretanto, não deixo transparecer qualquer tipo de sentimento para passar confiança às pessoas ao meu redor.

— Preciso que tirem os óculos, o colar e qualquer objeto cortante dela. — Falo isso ao mesmo tempo que seguro-a com mais precisão para não deixar que sua cabeça e corpo batam mais ainda com os espasmos. — Precisamos deixá-la na posição lateral de segurança, ela está salivando em excesso.

Ninguém hesita em me obedecer.

Porém, franzo as sobrancelhas por perceber que os segundos passam, mas a menina não para de convulsionar. Pelo contrário, os espasmos se tornam piores ao ponto dela arranhar o braço de um enfermeiro, fazendo com que uma quantidade considerável de sangue escorra da pele do homem.

— Não era para isso acontecer. — Sussurro sem que ninguém ouça e olho ao redor.

Os dois homens e a mulher que me acompanham se entreolham com preocupação e receio por talvez terem deixado alguma informação de lado, a qual não me contaram e nem contarão para não perderem a vaga na residência, uma vez que ainda são estudantes em treinamento.

Franzo mais as sobrancelhas e meu semblante se torna mais sério e sombrio que o normal.

O que vocês estão escondendo? — Ninguém responde minha pergunta e sinto vontade de gritar para alguém competente o suficiente falar, mas me limito a apenas testar seus batimos cardíacos, o que me faz arregalar os olhos. — Estamos perdendo ela! Não, não, não, não!

Seguro a menina com mais força para tentar fazer a única técnica viável para situações como essa funcionar, mas a resposta continua sendo convulsões violentas, um volume enorme de saliva saindo de sua boca e olhos arregalados num pedido inconsciente por ajuda, mesmo que seu cérebro esteja agonizando por falta de ar.

É como se nada do que estivéssemos fazendo pudesse fazer com que a menina parasse.

DIAZEPAM 0,25 mg INTRAVENOSO, AGORA! — Mando e, provavelmente, uma veia está saltando do meu pescoço. Essa menina não irá morrer, não hoje!

Corações & Erros || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora