CAPÍTULO 37: A incerteza do futuro

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Não quero sentir outro toque
Não quero começar mais uma paixão
Não quero conhecer outro beijo
Nenhum outro nome saindo dos meus lábios
Não quero entregar meu coração
Para um outro desconhecido
I'll Never Love Again,
Lady Gaga

...

ATUALMENTE

Y A S M I N

Meus olhos estão arregalados e meu coração parece uma escola de samba de tão veloz que bate em meu peito pelo nervosismo.

Diogo acabou de empurrar o próprio pai contra um móvel do quarto de hospital onde todos estamos tentando descobrir o que realmente aconteceu.

Seu idiota! A mamãe descobriu suas merdas e por isso ela enfartou, não foi?! — Diogo está revoltado, em completa falta de sanidade ao encarar o corpo do pai jogado no chão ao redor vários objetos.

Sua loucura é tanta que é necessário Guilherme segurá-lo para impedir que avance mais uma vez, mesmo algemado, contra Ricardo.

Enquanto isso, Bruno está paralisado ao encarar o chão com olhos perdidos, sem realmente acreditar no que acabou de descobrir; afinal, já estávamos preparados para saber que realmente seu irmão mais velho e Flávio foram os responsáveis pela pior fase de nossas vidas até hoje, mas descobrir que seu pai teve um caso com uma mulher (não uma qualquer, mas uma que está intimamente ligada aos mandantes do crime) é demais para sua mente processar.

Como se ela não estivesse saindo com aquele miserável do Edson! — Ricardo grita sem pudor algum e me olha com raiva.

Meu coração dispara.

Como assim meu pai?

— Edson também não é inocente, Yasmin! — Continua. — Por que um homem se aproximaria tanto da mulher de outro?

— Talvez porque o esposo dela nunca tenha a tratado com o respeito ou parceria que ela merecia. — A voz profunda de desgosto de Bruno cala todo o ambiente.

Com calma, meu marido se vira em direção ao pai. Seu semblante transmite todo o nojo que sente.

— Talvez porque estava cansada de viver de um casamento de aparências por anos. — Franzo as sobrancelhas com sua confissão.

Como assim Sara e Ricardo viviam um casamento de aparências? Eles sempre demonstravam tanto carinho um pelo outro... Bom, ao menos quando estávamos por perto e acho que aí está o problema: quando os outros estavam por perto, os dois sempre foram "perfeitos" demais.

Rapidamente minha mente volta a acontecimentos passados e começo a ver certos tipos de situações corriqueiras de uma maneira diferente, mas isso não é de hoje. Desde quando éramos adolescentes, ambos agiam de um jeito meio robótico, como se tivessem ensaiado tudo aquilo para aparentarem ser quem não eram dentro de casa.

— Não se esqueça das casas de prostituição, velho. — Diogo joga ainda mais lenha na fogueira. — Não se esqueça das vezes que nos encontramos em lugares que não deveria.

Um suspiro pesado e assustado de Bella é ouvido por nós.

— O que foi, ruiva? Não sabia que seu amante tinha outras além de você? — Meu cunhado sorri de maneira maldosa. — Para você ver, esse velho imprestável nunca amou ninguém que não fosse ele mesmo.

— Isso é mentira! — Ricardo se apressa em falar enquanto tenta se levantar com os olhos arregalados e certa dificuldade pela idade avançada, mas ninguém oferece ajuda. — Eu já amei uma pessoa uma vez e ela é você, Bella. Eu nunca fui feliz no meu casamento, mas quando estava com você sentia que poderia ser, por isso pedi que se afastasse de mim. Meu medo do novo foi muito maior do que minha coragem de amar de verdade.

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